quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Almas celestiais



O estuário do Sado tem uma função económica: canal de exportação sem a qual seremos mais pobres. Tem outras, mas esta é vital.

Depois das dragagens a flora voltará (a Natureza é poderosa) e a bicharada também.

Petróleo, prospeção ai meu deus!, lítio, ai o ambiente, oliveiras intensivas sugam as entranhas e as vacas bufam toneladas de gás que abre o buraco...

Obviamente que toda a atividade humana tem sequelas e as indústrias ainda mais. Há que ter métodos o mais seguros que o conhecimento proporcione e o bom senso recomende, com controlos e sanções se for o caso.

Mas rejeitar liminarmente a exploração de recursos é um cómodo comportamento; os outros que nos abasteçam...


Será o sonho de algumas almas que vivem num mundo "celestial": o dinheiro dos salários vem do "céu", não é necessário produzir para os pagar.


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quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Professora dos Anjos - Papel macio pró cu e roupa boa prá gente

Transcrição integral



MEMÓRIAS

Estávamos ainda no século XX, no longínquo ano de 1968, quando a vida me deu oportunidade de cumprir um dos meus sonhos: ser professora, Dei comigo numa escola masculina, ali muito pertinho do rio Douro, na primeira freguesia de Penafiel, no lugar de Rio Mau.
Era tão longe, da minha rua do Bonfim, não podia vir para casa no final do dia, não tinha a minha gente, e eu era uma menina da cidade com algum mimo, muitas rosas na alma, e tinha apenas 18 anos.

Nada me fazia pensar que tanta esperança e tanta alegria me trariam tanta vida e tantas lágrimas. Os meninos afinal eram homens com calos nas mãos, pés descalços e um pedaço de broa no bolso das calças remendadas. As meninas eram mulheres de tranças feitas ao domingo de manhã antes da missa, de saias de cotim, braços cansados de dar colo aos irmãos mais novos, e de rodilha na cabeça para aguentar o peso dos alguidares de roupa para lavar no rio ou dos molhos de erva para alimentar o gado.

As mães eram mulheres sobretudo boas parideiras, gente que trabalhava de sol a sol e esperava a sorte de alguém levar uma das suas cachopas para a cidade, “servir” para casa de gente de posses. Seria menos uma malga de caldo para encher e uns tostões que chegavam pelo correio, no final de cada mês.

Os homens eram mineiros no Pejão, traziam horas de sono por cumprir, serviam-se da mulher pela madrugada, mesmo que fosse no aido das vacas enquanto os filhos dormiam (quatro em cada enxerga), cultivavam as leiras que tinham ao redor da casa, ou perto do rio e nos dias de invernia, entre um jogo de sueca e duas malgas de vinho que na venda fiavam até receberem a féria, conseguiam dar ao seu dia mais que as 24 horas que realmente ele tinha.
Filhos, eram coisas de mães e quando corriam pró torto era o cinto das calças do pai que “inducava” … e a mãe também “provava da isca” para não dizer amém com eles…

E os filhos faziam-se gente. E era uma festa quando começavam a ler as letras gordas dum velho pedaço de jornal pendurado no prego da cagadeira da casa…o menino já lia.. ai que ele é tão fino… se deus quiser, vai ser um homem e ter uma profissão!

Ai como a escola e a professora eram coisas tão importantes! A escola que ia até aos mais remotos lugares, ao encontro das crianças que afinal até nem tinham nascido crianças…eram apenas mais braços para trabalhar, mais futuro para os pais em fim de vida, mais gente para desbravar os socalcos do Douro, mais vozes para cantar em tempo de colheitas.
E os meninos ensinaram-me a ser gente, a lutar por eles, a amanhar a lampreia, a grelhar o sável nas pedras do rio aquecidas pelas brasas, a rir de pequenas coisas, a sonhar com um país diferente, a saber que ler e escrever e pensar não é coisa para ricos mas para todos, para todos.

E por lá vivi e cresci durante três anos e por lá fiz amigos e por lá semeei algumas flores que trazia na alma inquieta de jovem que julgava conseguir fazer um mundo menos desigual. E foi o padre António Augusto Vasconcelos, de Rio Mau, Sebolido, Penafiel, que me foi casar ao mosteiro de Leça do Balio no ano de 1971 e aí me entregou um envelope com mil oitocentos e três escudos (o meu ordenado mensal) como prenda de casamento conseguida entre todos os meus alunos. E foi na igreja de Sebolido que batizou o meu filho, no dia 1 de janeiro de 1973.

E é deste povo que tenho saudades. O povo que lutou sem armas, que voou sem asas, que escreveu páginas de Portugal sem saber as letras do seu próprio nome. Hoje, o povo navega na internet, sabe a marca e os preços dos carros topo de gama, sabe os nomes de quem nos saqueia a vida e suga o sangue, mas é neles que vai votando enquanto continua á espera de um milagre de Fátima, duns trocos que os velhos guardaram, do dia das eleições para ir passear e comer fora, de saber se o jogador de futebol se zangou com a gaja que tinha comprado com os seus milhões, e é claro de ver um filmezito escaldante para aquecer a sua relação que estava há tempos no congelador.

As escolas fecharam-se, os professores foram quase todos trocados por gente que vende aulas aqui, ali e acolá, os papás são todos doutores da mula russa e sabem todas as técnicas de educação mas deseducam os seus génios, os pequenos /grandes ditadores que até são seus filhinhos e o país tornou-se um fabuloso manicómio onde os finórios são felizes e os burros comem palha e esperam pelo dia do abate.

Sabem que mais?! Ainda vejo as letras enormes escritas no quadro preto da escola masculina, ao final da tarde de sábado, por moços de doze e treze anos com estes dois pedidos que me faziam: “Professora vá devagar que a estrada é ruim, e não se esqueça de trazer na segunda-feira, papel macio pró cu e roupa boa dos seus sobrinhos prá gente”.
Esta gente foi a gente com quem me fiz gente.

Hoje, não há gente… é tudo transgénico .O povo, velho e cansado, adormeceu à sombra do muro da eira que construiu mas os senhores do mundo, estão acordadinhos e atentos, escarrapachados nos seus solários “badalhocamente” ricos e extraordinariamente felizes porque inventaram máquinas e reinventaram novos escravos.
Dizem que já estamos no século XXI.

14 de maio de 2018 · 
DUAS DE LETRA-lourdes dos anjos.



quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Temos sol e chuva no nabal



Somos lamurientos, pois somos!

– Então como está, senhor Gusmão?
– Cá vou, dores nas cruzes, já se sabe, a vista almariada, qué que s'há de fazer...

E na agricultura muita lamechice perdura: "é a arte de empobrecer alegremente".

Pois as coisas estão a mudar. Apesar dos olivais intensivos, da chuva matreira e da "evaporação das barragens"* já não importamos azeite, exportamos carradas de frutas e legumes e a Portugal Fresh, associação de produtores do setor,  diz que estamos a tocar a fasquia dos 3 000 000 000 € [três mil milhões de euros].
https://www.jb.pt/2019/05/oliveira-do-bairro-kiwi-trouxe-seminario-sobre-internacionalizacao/

Não vem aqui à baila a invasão espanhola por garganeirice dos super, incluindo a rede do "grande patriota" que a meteu na boca do fisco holandês.

Todos este arrazoado para tirar o chapéu à RTP2 e ao seu programa  Faça chuva Faça sol, que apresenta inovações topo de gama em variados campos do campo agropecuário.

– E o senhor Gusmão tem visto esse programa?
Nã tem dúveda, já nã vai ser no mê tempo, mas se calhar inda arrebitamos, essa rapaziada nova ele é só mánicas, agora com a rega d'Alqueva...

E vocemecê, estimado leitor, querida leitora, prante aí num papelinho que o Faça chuva Faça sol é na RTP 2. E espreite, veja que estamos a sair da cepa torta, deixe-se lá de lamúrias, que o bota-abaixo é ervançum que nem os javardos lhe pegam. 

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* Catarina Martins num momento de antologia lírica! 

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Almoxarifa do Turismo da República Unida


António Gaspar
https://www.facebook.com/OLapisQueRi/photos/a.129975044282409/432440510702526/?type=3&theater

A Elizabeth assinou a suspensão do parlamento britânico proposta pelo PM Boris.
TRADUÇÃO
Certidão narrativa completa da inutilidade da monarquia.

Chefe de Estado que carimba tudo o que lhe põem debaixo do nariz, serve para quê? Para atrair basbaques, pois, apesar de custar uma fortuna e alimentar tantos e tantos ociosos, é um simples chamariz turístico. São as carruagens e os muitos cavalos engalanados, as fatiotas espampanantes e os chapéus horto-frutícolas...
Mas o mundo gira e Camões sabia-o bem: "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades".
Por isso, um dia, dia que tarda...
No dia da instituição da RU - República Unida* (ou UR na sigla inglesa), a senhora que assina de cruz não terá o macabro destino da Maria Antonieta, antes será nomeada manda-chuva honnoris causa do republicano departamento unido do turismo. Mas, em nome da pompa perdida, terá um título pomposo.
Que não tarde!!!

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* Isto se, entretanto, a Escócia não se pisgar do U...

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Marca Alentejo - Vinho tem de ir beber ao Melão




Alentejo é uma Marca forte. Muito forte. À força de grandes produtos e das grandes dimensões. Apesar de não ser suficientemente valorizada.

Ali em cima temos um excelente produto. Com forte Marca Alentejo.

Mas outro produto do Alentejo, um dos mais conhecidos e apreciados – o vinho – é também depreciado pela fraca Marca.

Os vinhos do Alentejo, muitos deles, camuflam a Marca Alentejo. Diluem-na como que aguando o rótulo. Vejamos apenas dois exemplos.



O Herdade de S. Miguel é um excelente vinho, tal como o preço quando comprado na hora certa. Dizem-no Vinho Regional Alentejano...



E o mesmo é feito ao bom Sossego, igualmente tratado por Vinho Regional Alentejano.

Para o comum dos portugueses, não é a diferença entre vinho do Alentejo ou Vinho Regional Alentejano que os inibe de os beberem* e apreciarem.

Porém, para estrangeiros outro galo canta. Com duas letrinhas apenas se escamoteia o que deve ser a grande referência, o Alentejo e a força da Marca Alentejo 

Queiramos apostar na exportação e a Marca Alentejo terá de ser porta-estandarte não só dos vinhos mas de todos os produtos desta região.

Vinho Regional Alentejano, é uma débil identificação de origem. E não se questiona a necessidade organolética e comercial de classificar os vinhos, diferenciando-os.

Seja qual for a classificação, DOC, DOP, VQPRD, etc., etc., etc. todos os produtores, vinhateiros e adegueiros, beneficiarão da promoção dos vinhos do Alentejo sob a Marca Alentejo.

Cá dentro e lá fora.

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* Apenas cozinheiros, alambiqueiros e poucos mais consomem vinho. O Zé Povinho bebe-o.

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Poder militar – Portugal no mundo da guerra


É apenas uma lista:

A leitura é do leitor.

Símbolo do EMGFA

A lista do poder militar no mundo foi construída pela ponderação de 55 fatores e compara 137 países.





quarta-feira, 24 de julho de 2019

A Garra das Pequenas Coisas



Numa aba do Parque Florestal de Monsanto próxima de Algés, num estradão de gravilha solta, avisto um autotanque do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa.

Provavelmente em ação preventiva.

Vem a descer na minha direção.  Abranda ao aproximar-se, quase pára.  E ao cruzar-se comigo o motorista diz pela janela:

... a ver se não fazia muito pó...


Há gente boa não só a apagar fogos !


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quinta-feira, 18 de julho de 2019

O verdadeiro cavalheiro

1899



O verdadeiro cavalheiro é um homem cuja conduta se fundamenta na boa vontade e num apurado sentido de decoro e cujo autocontrolo se mantém em quaisquer circunstâncias; que não chama à atenção do homem pobre a sua pobreza, à do homem obscuro a sua obscuridade, nem à de nenhum homem a sua inferioridade ou deformidade; que se sente humilhado quando a necessidade o obriga a humilhar alguém; que não enaltece a riqueza, não se tolhe frente ao poder, nem se vangloria das suas posses ou realizações; que fala abertamente, mas sempre com sinceridade e simpatia, e que cumpre o que promete; que se preocupa mais com os direitos e os sentimentos dos outros do que com os seus; que se mostra à-vontade em qualquer companhia e que se sente em casa mesmo quando está no estrangeiro – um homem cuja honra é sagrada e a virtude intocada.


Autor
John Walter Wayland
Vencedor do concurso lançado em 1899 pelo Baltimore Sun para a melhor definição de “verdadeiro cavalheiro”.

Fonte
A educação do delfim – Cartas de Calouste Gulbenkian a seu neto
Tinta da China, 2019


sexta-feira, 28 de junho de 2019

A primeira vez na vida, almoço a preço ponderado



O almoço tinha corrido  bem, a meia de Ossos carregados veio carregada e o resto foi no padrão expectável.

A surpresa foi o duplo preço, o da soma maquinada e o manuscrito.

– Olha lá, qu'é qu'isto quer dizer!?
 É que durante a semana, não queremos que o almoço seja muito caro!

Pela primeira vez na vida, uma conta nos chega à mesa com preço diminuído para não pesar demasiado. Por outras palavras, para agarrar o cliente.

Bem pensado, bem sentido, sente-se a fidelização, mas lá que lá voltaremos, voltaremos, pois claro...

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segunda-feira, 27 de maio de 2019

Moral euro-eleitoral provisória

[Dados do MAI às 8:H45 de 27Mai2019]


1. A soma dos votos nos 11 partidos que não elegeram um único deputado é inferior aos votos no 3º mais votado, o BE. 2. Aqueles partidos tiveram 0,1% dos votos dos alcançados pelos que elegeram eurodeputados. 3. O resultado provisório seria este se todos os partidos tivessem tido tempos de antena iguais nas rádios e televisões!?

Por tempos de antena leia-se presenças televisivas e radiofónicas, independentemente dos períodos legalmente definidos.

!!!

quinta-feira, 14 de março de 2019

Bocage – De cerúleo gabão não bem coberto


Sempre inspirador, desta vez apela ao dicionário...



De cerúleo gabão não bem coberto,
Passeia em Santarém chuchado moço,
Mantido às vezes de sucinto almoço,
De ceia casual, jantar incerto;


Dos esburgados peitos quase aberto,
Versos impinge por miúdo e grosso.
E do que em frase vil chamam caroço,
Se o quer, é vox clamantis in deserto.


Pede às moças ternura, e dão-lhe motes!
Que tendo um coração como estalage,
Vão nele acomodando a mil pexotes.


Sabes, leitor, quem sofre tanto ultraje,
Cercado de um tropel de franchinotes?
É o autor do soneto: é o Bocage!


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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Ténue fronteira entre moral e imoralidade



Frase ouvida recentemente no Metro de Lisboa:

– Foda-se, mãe, nem esperaste por mim!

Torce-se e retorce-se quem é incapaz destas falas perante os pais, fruto de educação severa.

Mas vá a Braga e constatará que este e tantos outros impropérios são uma constante familiar. Talvez a rapariga seja minhota.

E só conheça a pimenta ali em cima como tempero. Apesar de noutros tempos e regiões tenha sido usada vezes sem conta para travar a língua de crianças e jovens. Obviamente do Douro para Sul.

Carago, como a História moldou tão grandes fronteiras linguísticas e morais no nosso país!!!


domingo, 27 de janeiro de 2019

O dia em que o Zé Povinho acreditará na justiça


Autor desconhecido

Não há português que tenha fé numa justa pena de prisão sempre que um ladrão de milhões é levado a tribunal.

O mesmo acontece quando os jornais dão eco a diligências do Ministério Público que envolvem corrupção de milhões.

Seja no futebol, na banca ou em grandes negócios, sempre que cheira a esturro, o Zé Povinho antevê manobras de empastelamento da justiça, sorri das tonitruantes declarações de acusados e seus advogados.

Está escaldado; escaldado com as provas invalidadas, escaldado com as prescrições e escaldado com as penas suspensas.

As prescrições e a suspensão de penas são duas chagas nacionais. Além de outras doenças graves.

Os processos judiciais arrastam-se, eternizam-se, e quando são divulgadas as prescrições não são pedidas contas a quem os arrastou para o lamaçal do esquecimento e da impunidade.

O Zé não acredita em acaso. Sabe que há sistemas informáticos…

O ministra Van Dunem afirmou, em entrevista ao EXPRESSO do dia 19, que está preocupada com a corrupção. Não parece, pouco se vê.

Do que vem a público não transparecem iniciativas marcantes, roturas com a paz podre legislativa atual. E são necessárias mudanças, radicais nalguns casos.

Não é aceitável que um corrupto condenado a cinco anos de cadeia tenha a pena suspensa. O Código Penal permite-a “atendendo à personalidade do agente, às condições da sua vida, à sua conduta anterior e posterior ao crime…”

Aqui o Zé já não sorri, ri-se à gargalhada. Até não aguentar mais a dor de barriga de tanto rir.

E ri-se de as condições de vida dos pobres os levarem às grades e as dos engravatados, com uma oleada teia de contactos, os libertarem como livres passarões.

Mas a risota começa bem antes da pena suspensa.

E há forma de o bom do Zé Povinho levar a justiça a sério. Desde que esta seja verdadeiramente igualitária.

Quando vir o dia…

O dia em que os factos prevalecem sobre os procedimentos e a procura da verdade não seja travada por lacunas, omissões e prescrições nem manobras dilatórias.

O dia em que nenhum juiz derreta tempo e energia, saber, isenção e bom senso em sentenças quilométricas a fingirem tese de mestrado.

O dia em que os recursos judiciais sejam resolvidos em poucas semanas.

O dia em que declarações destas transmitam ao Cidadão Português a firme convicção de que nenhum tribunal as levará a sério:

Operação Marquês
Sócrates defende que "investigação secreta" é ilegal
https://www.jn.pt/justica/interior/socrates-defende-que-investigacao-secreta-e-ilegal-10493128.html

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

CGD, os crimes e a proteção dos criminosos

A Caixa Geral de Depósitos tem créditos incobráveis de milhares de milhões e foi alvo de uma auditoria que a sua administração recusa divulgar.

O governo, sonso, diz não a ter.

Dessa auditoria Joana Amaral Dias publicou ontem uma lista de grandes devedores,  parcial será, mas aqui está:


Esses créditos foram concedidos por administradores à revelia das recomendações técnicas de especialistas em risco de crédito bancário.

Falta, por isso, a lista dos que tomaram tão danosas decisões. Para que os portugueses saibam quem tão irresponsável e criminosamente destruiu a economia nacional. E para que não sejam só os pilha-galinhas a pagar pelos crimes cometidos.

A CGD pode alegar mil argumentos para o engavetamento do documento.

Há, porém, um bem maior: a prestação de contas a quem a recapiltalizou: o Zé Povinho.

Mas enquanto o Costa e o PS não derem derem ordens à Caixa para por o relatório a descoberto desacreditam-se tanto como toda a classe política.

Se esta já é vista como maioritariamente indigna, abafar os crimes cometidos na CGD pode salvar a pele e os milionários prémios "salariais" dos criminosos, mas enterra a dignidade dos políticos portugueses.


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Rodapé
O tradicional vício de opacidade talvez invoque o segredo bancário, talvez, mas Paulo Macedo, apesar da auréola de impoluto, sairá salpicado deste lamaçal.


sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

RTP gringosa

Na RTP3 apareceram, há minutos, imagens com a legenda "Estórias que contam". Escusado gringuês.


"Estória" é uma palavra inútil, um pretenso neologismo com pés de barro! Um desnecessário plágio da inglesa “story”, pois a nossa “história” significa o mesmo que essa palavra, mas também traduz fielmente “history” da mesma origem.

De facto, na língua portuguesa história tanto significa conjunto de eventos de grande relevo para um país ou para a humanidade como pequenas ocorrências, lendas ou incidentes familiares. Quem nunca ouviu Histórias da Carochinha!?

E a RTP a enveredar pelo tão corrente como alienado seguidismo converte-se em ampliador do disparate.

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