Depois de toda a vida
ouvir cigarras e a procurá-las no topo das oliveiras sem sucesso, encontrei-as
há dias.
Imaginava-as lá no alto, até em buracos. Não sabia que voavam nem que o seu som é produzido na parte inferior do abdómen.
Também desconhecia que há mais de 1.500 diferentes tipos de cigarra. E só agora descobri que têm um comprimento a rondar os 40 mm. Medi, mas sempre pensei que fossem bem mais pequenas.
Vivi próximo dum olival, onde o seu contínuo e entrecortado zunido de serrar lâminas de alumínio era o concerto florestal mais conhecido.
E por esses trilhos fora, tais monocórdicas orquestras nunca me tinham proporcionando um encontro, fugaz que fosse, com tão esquivo animal.
E eis senão quando...
Vejo numa peça artística vários exoesqueletos amarelos num local onde o seu fretenir (outra descoberta!) é intenso.
E fez-se-me luz: será de cigarra!? Era.
Bastou estar atento à cegarrega e procurar nos troncos com mais carcaças amarelas.
A sua cor é um prodígio de camuflagem, pelo que a localização é facilitada estando atento à proximidade do som. Não é raro estarem a dois metros do chão, com pequenas deslocações.
Agora que as conheço, espero também descobrir os benefícios da sua existência para o ambiente, para o equilíbrio da Mãe Natureza. Se, entretanto, a nova onda de comer insetos não as devorar.
Descobrir é uma vocação nacional.