Aparecem lambuzadas,
fingidos beiços, vermelhões,
mostram cabeças vergadas
a trapaceiros vendilhões.
Escravas
da propaganda
do ilusório "parece",
calam o "ser" em demanda;
os besuntos como prece.
Os olhos enfarruscados,
toda a fronha pintalgada,
pelos e poros tapados,
a beleza renegada.
Mesmo carinhas larocas
sarapintam com esfregalho;
depois das tintas baldrocas
cultivam ar de espantalho.
Nem muito
finas pestanas
se
safam desta borrada,
o olhar por persianas
dá sinal de carneirada.
A decadência assumida,
cativas da impostura,
natureza reprimida,
a face caricatura.
Só mulher inteligente,
de lucidez comprovada,
sadia naturalmente,
sorri de cara lavada.
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© Manuel A. Madeira
16 de Dezembro de 2014
[V2 – 24.Jan.2017]
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