A
carraça andou vários dias a passear pelo meu corpo.
Chegada da Serra de Grândola, não terá encontrado
ninho acolhedor e qual inspetor, inspecionou. Mas não encontrou encanto em
nenhum recanto, prega ou retiro húmido.
Mas passeou, passeou, até que fundeou. Ou seja,
cravou fundo os dispositivos de fixação e sucção. Andou nisto uma semana.
Entretanto, há dois, três dias, apareceu comichão no
tronco, lateral, um pouco acima da anca.
Coçadela suave sem suspeita. A magana, como se
verá no próximo capítulo, estava a sugar muito delicadamente. Sem hostilizar o
hospedeiro, está bem de ver.
Até que ontem, arrogância de bicha gorda, ferroou
mais fundo e o sinal de alarme alarmou. Observação urgente, o que é, o que não
é, e era um feijão pequeno. "Péra" aí, fejanito não tem adesivo,
velcro também não, nem garras...
Primeira puxadela, nada. Segunda e nada, tudo na
mesma, o coisito pendurado continuava.
Oh pá, qu'é que passa!? Reforçado a aperto
digital, bem apertado, e lá veio a bicha. Gorda! Pudera, vários dias a
empanturrar-se de A+...
Convenientemente embrulhada, assim foi esmagada e
a cratera desinfetada.
Porém, porém, bons conselhos ouvidos, guia de
marcha para o Centro de Saúde.
– Isto é só para ver se não ficaram
pedacinhos de pernas e dentes.
Enfermeira:
– Ná, a médica tem de o ver. Não ficou
nada, mas precisa de profilaxia.
Pronto, elas é que sabem. E em menos de meia hora,
sem marcação prévia, observações de enfermagem e clínica do inchaço e receita a
pingar nas mensagens: Doxiciclina.
Contraparafraseando a campanha atual pelo SNS, sim
este é um excelente exemplo do nosso Serviço Nacional de Saúde.