Intemporal, aqui fica com a merecida chapelada ao autor com cara de pseudónimo
Pergunto, ao tempo que passa,
se há quem governe o País!...
E o tempo mostra a desgraça,
que o Governo desdiz!...
se há quem governe o País!...
E o tempo mostra a desgraça,
que o Governo desdiz!...
Pergunto aos "boys" se nos levam
a massa das algibeiras,
mas eles ao roubo se entregam
levam tudo, sem maneiras!...
Roubam sonhos, geram mágoas...
Ai pobre do meu País!
Mergulhado em turvas águas,
o seu fim está por um triz!...
Quem o pobre Povo esfola,
pede meças e até diz
que um País que pede esmola
continua a ser feliz!...
Pergunto à fome que grassa,
por quem lhe roubou o pão.
Logo os golpes de trapaça
me dá como sendo a razão!...
Vi florir grandes fortunas,
só de montantes roubados...
sem nunca ver oportunas
punições para os culpados!...
E o tempo não muda nada!
Ninguém faz nada de novo!
Vejo a Pátria acabrunhada,
com a cruz que leva o Povo!
Vejo a Pátria na voragem
dos que andam a roubar,
cobertos p'la sacanagem
dos que dizem governar!..
Vejo gente a partir,
em busca doutras paragens,
que lhe possam garantir
a vida, com outras margens!...
Há quem te queira enganada,
ó Pátria do desalento
e fale por ti, coitada!
Entregue estás a um jumento!...
Ninguém faz nada de novo
e o dinheiro vai fugindo!
Nas mãos vazias do Povo,
só fica a miséria florindo!...
E a noite torna-se densa,
de fantasmas e desdita...
Peço notícias ao tempo
mas ele só me mortifica!...
Há sempre uma alcateia,
que agudiza a desgraça!
Há sempre alguém que semeia
injustiças e trapaça!...
Neste tempo de trapaça,
de personagens tão vis,
é preciso uma arruaça,
p’ra lhes partir o nariz!...
Mas mesmo na noite mais triste,
e em tempo de podridão,
ELE permanece e resiste,
co’a sua lábia de aldrabão!...
Manuel Triste
18Jan2011
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