terça-feira, 21 de maio de 2013

Salazar – de traidor a deus do desencanto


Rato Lisboa, 17.Maio.2013


Salazar traiu Portugal, cortou cerce todas tentativas de abertura ao mundo, à modernização e intimidou os portugueses, que não faziam o mais simples comentário sem se precaverem contra esbirros.

Isso é história, está documentado e é incontestável. Para quem tiver a mínima dúvida olhe para o PIB de 1974, para a censura aos jornais e para o número de estudantes, hoje e naquela data.

Mas há portugueses a louvar a sua longa ditadura. Provavelmente lembram a retidão quanto a dinheiros e esquecem as suas piores marcas. Além de estarem dececionados com a desesperança instalada pelos funestos Cavaco & Sócrates, Passos & Seguro. Além das negociatas à sombra do parlamento e das aldrabices quotidianas convertidas em efémera verdade televisiva.

Ora Salazar não foi corrupto e não usou os recursos de país em benefício da corte de aduladores. E muitas vezes terá almoçado costeletas compradas com a venda dos ovos das galinhas criadas pela D. Maria nos jardins de S. Bento.

Porém, o seu modelo económico foi bem mais limitado que o da sua governanta – a dita D. Maria. Enquanto ela fez uso racional do galinheiro, o seu patrão encheu de ouro os cofres do Banco de Portugal em vez de promover a industrialização e modernizar a agricultura.

Tudo isso é sabido e só um saudosismo abstruso leva uma meia dúzia a invocam a sua imagem como padroeiro do combate ao tráfico de influências, à corrupção desabrida e às trafulhices descaradas.

E são eles o alvo de quem, na semana passada, colou na via pública a sugestão ali de cima. Pouco impacto terá, que os visados passam de lado e, quanto muito, sorrirão de soslaio.

Bem melhor seria se os salazaristas serôdios e os que os combatem com autocolantes daqueles usassem a revolta que os mina para denunciar traficantes e aldrabões, informando com factos e levando a tribunal todos os que nos têm afundado.

Que tal começarem com o Sócrates!?

 !!!
 

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