Durante anos, observei as hortinhas nas íngremes ladeiras que
sustentam a CRIL e o IC 19. A voz corrente atribuía-as a cabo-verdianos.
Hoje consolidei essa convicção.
Calcorreei o vale paralelo à Rua da Quinta do Salrego, nas
traseiras do centro comercial Alegro, em Alfragide, e passei por dezenas de
hortinhas. Umas minúsculas, outras com cercas, muitas nas escarpas e feijão-verde
por todo o lado, a prometer belas sopas e cachupas. E fartura de batatais de
que um saquito de batata miúda sugeria o forno como destino. Sugestão de hortelão da Praia...
Lá estão também o milho e as couves, as ervilhas e até uma
leira de salsa! Mas, pelos vistos, nada de coentros; os cabo-verdianos ainda
não se encantaram com os sabores alentejanos... Ainda.
E como marca indelével de cabo-verdianidade, a cana-de-açúcar
nuns quantos tufos já a pedir desbaste. Grogue à vista, pois claro!
Com tanto cultivo mesmo a pique, este labor merece o todo o nosso
respeito.
Daqui vai, portanto, uma chapelada aos esforçados cabo-verdianos
dos arredores de Lisboa.
E como as encostas estão repletas de parte dos
ingredientes necessários, hei de lá voltar para ver se desencanto uma cachupa à moda do
Vale do Salrego.
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