O debate sobre o Acordo Ortográfico de 1990 vai longo, como
longa é a arenga dos respetivos Velhos do Restelo.
É certo que de alguns acertos carece e que também muita
falta faz a sua divulgação intensa. Ainda há quem bata o pé pelo facto sem c e
a brigada do cagado muito precisa de
consultar o Priberan [https://www.priberam.pt/DLPO/] ou o Portal da Língua Portuguesa [http://www.portaldalinguaportuguesa.org/main.html?action=novoacordo].
Mas não é disso por que agora batalhamos.
Ficamo-nos pelo monumento aos Restauradores, em Lisboa, que todos
bem conhecemos, e que tem um óbvio alerta ortográfico.
A frase está lá, na grafia de 1886, com uma mensagem
subliminar muito atual: o anacronismo da argumentação daqueles velhos.
Alguém alguma vez escreveu Subcripção
!?
Alguém alguma vez escreveu Commissão
!?
Ninguém. Excluídos, claro, historiadores, tradutores de
clássicos e outros investigadores.
Pois não é preciso ser filólogo para ficar de sobrolho
torcido ao ler aquelas palavras. Por uma simples razão: não fazem parte do
nosso dia-a-dia.
Só constam de documentos seculares, quiçá de lápides,
demonstrando que, com mais decretos ou menos gramáticas tipo livro único, a
grafia muda com a mudança do tempo.
Ora como não lemos as letras uma a uma, mas as manchas das
palavras que temos em memória, sempre que encontramos algo a mais ou a menos
temos de recarregar a base de dados. A dita memória. Substituindo as manchas
conhecidas, muitas, muitas vezes, até colar a nova grafia.
É maçador, pois é. E quantas vezes temos de ir ao
dicionário! E quando damos pela gralha depois de ela ter voado porta fora…
Porém, os Velhos do Restelo Ortográfico não querem essa maçada.
Esse recomeço, esse tropeçar e continuar.
Por isso, o Monumento aos Restauradores é também um
monumento à evolução da língua, não ao restauracionismo ortográfico. Restaurar
que antiga grafia, a de D. Dinis, a de Camões ou a de 1911 !?
A não ser que os Velhos do Restelo Ortográfico promovam Subcripção de petição para a criação de Commissão que reponha a grafia de 1886.
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