Não há natal nem páscoa sem que muitas famílias fiquem enlutadas, além de jovens, adultos e crianças serem irremediavelmente mutilados.
Nos restantes dias do ano a sinistralidade é igualmente
elevada, mas só nessas épocas e nos fins-de-semana festivos se fazem balanços
públicos das vidas perdidas e de tantos portugueses atirados para cadeiras de
rodas.
Ora são geralmente polícias a dar as más notícias. Os mesmos
que fazem recomendações de condução segura. Porém, perigosamente negligentes na
condução de carros de serviço.
Sim, os polícias estão isentos – ilegal e irresponsavelmente
– de uma das mais elementares normas de segurança rodoviária, a colocação de
cinto de segurança.
Ilegal por ser um ordinário despacho de um ministro irrefletido
a dispensá-los do uso deste meio de proteção.
E irresponsável por vários ministros e secretários de Estado
terem passado pelo MAI sem mexer uma palha para corrigir a anomalia. Além de a
hierarquia da PSP nada fazer para alterar o mau exemplo que dão ao país.
A verdade é que o cinto de segurança poupa vidas. Isso é
sabido no MAI na Direção Nacional da PSP.
Todavia, doentiamente, alega-se que os seus
agentes carecem de liberdade de movimentos. O que é uma monumental mentira.
Mais que evidente falsidade é uma cedência gratuita ao atávico comodismo
português, tão useiro em iludir normas e
procedimentos de incontestável interesse público.
Basta ver que são ínfimas as situações em que os agentes da
lei podem ver a sua operacionalidade reduzida pelo uso de cinto de segurança. Disso
são exemplo as intervenções da Unidade Especial de Polícia da PSP, bem como de
ações de urgência e emergência de outras equipas ou missões sensíveis.
Salta à vista, no dia a dia, que a esmagadora maioria das deslocações em
viaturas policiais carecem tanto de segurança rodoviária como a de qualquer outro
carro. Basta pensar nos inúmeros com que nos cruzamos, muitas
vezes em rotineiras e tranquilas patrulhas, carrinhas de carga ou de transporte
de pessoal.
Daí que a segurança desses agentes deva ser protegida sempre
que se deslocam em veículos automóveis.
Como exemplarmente faz o INEM. Este mostra à sociedade que
não é em vão que se chama Emergência Médica, pois os seus operacionais circulam
com o cinto posto. Por vezes em grande velocidade, as sirenes e buzinas no máximo,
mas médicos, enfermeiros com o protetor cinto de segurança corretamente
colocado.
Enquanto o INEM é um exemplo de cidadania responsável, a PSP
é o oposto, exibe a "pedagogia" da negligência, o desprezo
institucionalizado pela segurança.
O que se disse sobre a incúria da PSP e da sua Direção Nacional
é, muito provavelmente, aplicável à GNR e ao seu Comando Geral.
O MAI, como tutela da segurança rodoviária, não corrigindo a complacência para com a insegurança rodoviária
nos veículos é o cúmplice maior pela mortalidade e morbilidade dos agentes.
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