quarta-feira, 30 de setembro de 2009
Cavaco para a rua?
Na quentura dos resultados das eleições ouvi A luta continua, Cavaco para a rua de jovens PS. Não sei se espontâneos, se por encomenda. Provavelmente nunca saberei.
Há anos que não se ouvia tal coisa dirigida a Cavaco Silva, embora a contestação ande no ar. A estabilidade na presidência é importante, mas mais importante é a confiança dos portugueses no seu presidente e ele, nos últimos tempos, não tem sido inquestionável, apesar querer que se acredite o contrário. As mal contadas contas BPN/SLN, a morosa remoção de Dias Loureiro do Conselho de Estado e agora a espionagem institucional...
No reboliço das escutas, vi ontem, Cavaco dirige-se a uma jornalista perguntando-lhe se é ingénua, afirmando ele próprio que não o é. E eu? Também não sou ingénuo e, por isso mesmo, que, se "não existe em nenhuma declaração ou escrito do Presidente qualquer referência a escutas ou a algo com significado semelhante", é coisa sem qualquer significado. Há certas encomendas que só ingénuos escrevem!!!
Ele não é ingénuo mas é um bocado provinciano. Numa declaração sobre matéria de extrema importância para quê anunciar aos quatro ventos que "dedicava boa parte do meu tempo à análise dos diplomas que tinha levado comigo para efeitos de promulgação..." Para passar a imagem de grande trabalhador, diz-me aqui o sabido do Grilo Pimpão!
E é este mesmo atrevido ortóptero que insiste que Cavaco anda nas nuvens, pois ao dizer que certos políticos queriam "Desviar as atenções do debate eleitoral das questões que realmente preocupavam os cidadãos" só demonstra que não assistiu à campanha. Debater questões importantes foi coisa que pouco se viu.
Já quererem "encostá-lo ao PSD" é desperdício de imaginação, pois foi ele mesmo, Aníbal António Cavaco Silva, a tirar-lhe desastradamente o tapete com a intempestiva demissão do seu assessor de estimação. De que, aliás, não se sabe o destino: fica, não fica, se fica como fica, em que ficamos?
Cavaco Silva Primeiro-Ministro foi o homem do leme que tinha um rumo. O de ontem e de antes de ontem é outro Cavaco. Estará num mau momento? Todos os têm e mesmo um PR merece alguma complacência, certa misericórdia cristã, mas...
Para mim Portugal está primeiro.
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