Que mulheres "estavam em casa"!?
No antigamente de Isabel do Carmo havia uma minoria de mulheres "domésticas", no campo e na cidade. Eram as mulheres, aliás, as esposas dos médios e grandes agricultores, dos médios e grandes funcionários das finanças e das contabilidades da CUF e dos juízes, médicos e arquitectos. As dos ricos também. Uma minoria, feitas as contas.
A grande maioria trabalhava na monda, na ceifa e na apanha da azeitona de sol a sol. O grão-de-bico apanhava-o de madrugada. Também plantava e colhia batatas nos lameiros, levava o gado ao pasto, ordenhava-o e fazia queijos.
Nas cidades, trabalhava nas fábricas de Braço de Prata, nas cozinhas dos restaurantes e nas das tascas e casas de pasto por tuta-e-meia. Faziam "horas" nas que "estavam em casa" e também se entretinham nas fábricas de lanifícios, nas fábricas de calçado, nas rouparias e na limpeza dos hotéis e também as havia que limpavam os locais de trabalho dos maridos das que "estavam em casa".
Sem esquecer as costureiras, modistas e forneiras, contínuas, logistas e taberneiras, enfermeiras, padeiras e engomadeiras, outra raça de mulheres que "estava em casa".
Suspeito que a afirmação foi da elitista endocrinologista Isabel do Carmo. A ex-chefe do PRP* com o mesmo nome certamente não o diria, pois andou a pôr bombas para destruir a exploração da mulher que não "estava em casa"! Pelo menos era o que dizia...
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* PRP - Partido Revolucionário do Proletariado
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