Sobre a pretensa rotura estratégica de Eduardo dos Santos
com Portugal, Rafael Marques, jornalista angolano, considera-a "apenas uma
ameaça", um "desviar as atenções sobre os problemas da corrupção do
seu Governo".
O regime angolano "nunca esteve tão dependente de
Portugal como hoje. Os principais gestores das fortunas angolanas, incluindo a
de Isabel dos Santos, são portugueses. Os grandes contratos nacionais com o
exterior passam por escritórios de advogados em Portugal, assim como as
ligações financeiras de Angola com o exterior passam por Portugal."
http://www.publico.pt/portugal/jornal/portugal-acredita-em-cimeira-com-angola-a-medio-prazo-27249091Sabe do que fala, será dos mais documentados angolanos sobre corrupção e ladrões que se apoderaram do Estado.
Muito atento e corajoso analista daquela cleptocracia, é perseguido pelo regime e já tem pago a sua verticalidade cidadã com prisão e maus tratos.
O que não o inibe.
É dos poucos que resiste ao abraço sedutor dos milhões de
políticos e generais e fala e escreve sem rodriguinhos
branqueadores.
A grande contradição da corte do Santos é o incomensurável roubo
dos recursos nacionais e a sua ambição do bom nome, de se fazerem passar por
gente limpa, de fato e gravata, tailleurs
e saltos altos e sonsos sorrisos de estadistas.
Por isso, ergueram uma fingida democracia com brechas para
inglês ver e é por elas que uma geração de jovens belisca o regime.
Muito o beliscam na net, um pouco nos jornais e zero na
televisão, controlada com mão de ferro, mas projetando subserviência com um amadorismo
parolo.
Já as ruas são palco episódico de incipientes protestos,
logo travados sob pretextos gratuitos que ignoram grosseiramente a constituição
e as leis do próprio regime. Encurralado nas suas próprias malhas, já tem
convocado atléticos contra manifestantes armados de barras de ferro e similares.
E já vieram a público denúncias de que estes arruaceiros são polícias à paisana.
Notícias, comentários, manifestações e reportagens sobre
estas apenas beliscam o regime, não lhes provocando mais que arranhadelas. Por
ora, a desproporção de forças é abissal, a tal ponto que há vários
ativistas presos, alguns em parte incerta, amesquinhando juízes íntegros.
Tudo isto, este homem regista, desmonta e divulga por esse
mundo fora.
Publica informação credível, é um bom comunicador
televisivo, ponderado, seguro.
Um dia aquelas brechas darão em rombos e estes desmoronarão
a teia de conivências cleptocráticas, que um dia
vai abaixo.
Até lá,
a onda jovem que vai corroendo o regime e enervando Eduardo dos Santos conta com
este homem na linha da frente.
Depois,
quando Angola se libertar do nepotismo, um nome atrairá atenções: Rafael Marques.
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