Homens armados da Renamo atacaram um posto da polícia em Maríngue, centro de Moçambique, horas depois do aquartelamento do seu líder ter sido ocupado pelo exército.
http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=3489882&seccao=CPLP
Este ataque e a operação militar do exército moçambicano que
o antecedeu, ocorreram depois de semanas de desmandos da RENAMO. O mais
conhecido foi o ataque a veículos civis de que resultou a morte de cidadãos que
nada tinham a ver com as manobras intimidatórias deste partido armado.
A FRELIMO mantém um modelo autocrático de governo, embora
mais subtil, mas é o legítimo detentor das preferências maioritárias do país, carimbadas eleitoralmente.
Tem, por isso, legitimidade para afirmar que Moçambique não
pode ter dois exércitos, as Forças
Armadas de Defesa de Moçambique e a tropa da RENAMO. E esta não a tem para, 20 depois, enterrar o protocolo que calou a guerra civil.
A guerra fria também acabou, ou, pelo menos, está mais morna, os velhos blocos são agora geomercantis e os
grandes investimentos de várias multinacionais no país são incompatíveis com
uma nova guerra civil.
Ora esses poderosos investidores tudo farão para matar no
ovo este embrião de beligerância, o que, traduzido por miúdos, tanto pode
significar a compra do apaziguamento de Dhlakama como dar-lhe o destino que
Savimbi teve em Angola.
Não será fácil ao governo impedir ataques armados esporádicos
a linhas de comunicações, a pequenas unidades policiais ou localidades isoladas.
Todavia, mesmo uma guerra de baixa intensidade perturbaria o desenvolvimento no
país, ou seja, encravaria as promissoras explorações
mineiras e de gás.
Por isso, o preço da paz de Dhlakama pode revestir-se de discretas
negociações longe de África, próximas de uns milhares à socapa ou de umas migalhas
de poder.
Não cedendo, contudo, a manobra militar do governo moçambicano terá
ajudas também discretas: drones e
satélites, equipamento e formação de forças especiais.
Nem é preciso inventar. As Ordens de Operações do Estado-Maior
das Forças Armadas de Angola que conduziram ao fim de Jonas Savimbi, em 22 de
Fevereiro de 2002, ainda têm a tinta fresca.
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