quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Dhlakama na peugada de Savimbi

 

Homens armados da Renamo atacaram um posto da polícia em Maríngue, centro de Moçambique, horas depois do aquartelamento do seu líder ter sido ocupado pelo exército.
http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=3489882&seccao=CPLP

Este ataque e a operação militar do exército moçambicano que o antecedeu, ocorreram depois de semanas de desmandos da RENAMO. O mais conhecido foi o ataque a veículos civis de que resultou a morte de cidadãos que nada tinham a ver com as manobras intimidatórias deste partido armado.

A FRELIMO mantém um modelo autocrático de governo, embora mais subtil, mas é o legítimo detentor das preferências maioritárias do país, carimbadas eleitoralmente.
Tem, por isso, legitimidade para afirmar que Moçambique não pode ter dois exércitos, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique e a tropa da RENAMO. E esta não a tem para, 20 depois, enterrar o protocolo que calou a guerra civil.

A guerra fria também acabou, ou, pelo menos, está mais morna, os velhos blocos são agora geomercantis e os grandes investimentos de várias multinacionais no país são incompatíveis com uma nova guerra civil.
Ora esses poderosos investidores tudo farão para matar no ovo este embrião de beligerância, o que, traduzido por miúdos, tanto pode significar a compra do apaziguamento de Dhlakama como dar-lhe o destino que Savimbi teve em Angola.
Não será fácil ao governo impedir ataques armados esporádicos a linhas de comunicações, a pequenas unidades policiais ou localidades isoladas. Todavia, mesmo uma guerra de baixa intensidade perturbaria o desenvolvimento no país, ou  seja, encravaria as promissoras explorações mineiras e de gás.

Por isso, o preço da paz de Dhlakama pode revestir-se de discretas negociações longe de África, próximas de uns milhares à socapa ou de umas migalhas de poder.
Não cedendo, contudo, a manobra militar do governo moçambicano terá ajudas também discretas: drones e satélites, equipamento e formação de forças especiais.
Nem é preciso inventar. As Ordens de Operações do Estado-Maior das Forças Armadas de Angola que conduziram ao fim de Jonas Savimbi, em 22 de Fevereiro de 2002, ainda têm a tinta fresca.

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