terça-feira, 10 de dezembro de 2013

ENVC – Meia verdade encobre incompetência

 
 
O presidente da Empordef afirmou que a rejeição, pelos Açores, da encomenda de dois ferryboats aos Estaleiros de Viana representou a "certidão de óbito" da empresa.
http://expresso.sapo.pt/rejeicao-dos-acores-matou-estaleiros-de-viana=f845263#ixzz2n3hNCstH

O presidente da Empordef disse uma meia verdade.

A verdade, a verdade por inteiro, a que matou os estaleiros, foi a incompetência técnica.

De facto, o Governo Regional do Açores rescindiu o contrato de compra de dois ferris aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo porque o primeiro, Atlântida, não atingia a velocidade contratada.

É claro que houve aqui uma outra gritante incompetência da administração dos estaleiros e do próprio governo nacional. A juntar à incompetência da construção naval.

Se tivesse sido apenas a velocidade a fundamentar a rescisão, se ela não fosse muito inferior à contratada, as coisas podiam ter-se composto através de indemnização compensatória. E o assunto jamais teria tido atenção jornalística.

Os Açores não deixariam de ter bons navios inter ilhas e não seria a meia dúzia de nós a menos a toldar as deslocações de ilhéus, continentais ou turistas estrangeiros. Ou impedir entregas de mercadorias a tempo e horas.

Obviamente que, a partir do primeiro eco televisivo da anomalia, o garrote começou a esganar a empresa.

Tivesse a administração sido pró-ativa, largado os confortáveis cadeirões lisboetas * e zarpado de armas e bagagens para os Açores e nem uma gota de tinta teria sido impressa sobre a velocidade do Atlântida.
 
Mas não terá sido a velocidade a única maleita, a crer nesta notícia do EXPRESSO http://expresso.sapo.pt/dizem-que-e-uma-especie-de-navio=f503076. 
 
Não se pode, por isso, de boa fé, acusar o Governo Regional dos Açores seja do que for. Cumpriu a sua parte e defendeu a boa aplicação dos recursos que gere.

 
Outra questão, talvez a causa destas ineficiências técnica e de gestão, seja a da tutela dos estaleiros, o Ministério da Defesa.

Uma empresa de construção, construção seja do que for, de navios ou parafusos, de sonares ou armamento deve ser tutelada por um ministério especializado em produção. Aí se trabalham estudos de mercado, custos e preços, tecnologias, tendências tecnológicas e indicadores de gestão. E muito mais.

Na Defesa o alvo é outro, não a construção de navios. E esta observação assenta direitinha no Arsenal do Alfeite.

Por tudo isto, a concessão à Martifer do espaço e equipamento ainda à responsabilidade dos ENVC deverá rapidamente ser transferida para o Ministério da Economia. Para que não tenha tão custoso destino. E a própria Empordef precisa de urgente guia de marcha para o mesmo ministério.


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* Ouvi recentemente que havia administradores dos estaleiros com escritório em Lisboa e não em Viana do castelo.

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