sábado, 5 de outubro de 2013

Fodinhas

 
in memoriam Ponte de Lima
 
 

 
Um certo gajo de Gaia
emborca malgas no Minho;
com outro da mesma laia
lambem nas bordas verdinho.
 

Outro, porém, afanado,
declina com cortesia,
diz estar empanzinado:
ai, ai, ai, a minha azia!
 

Espadeiro, Mourisco ou Vinhão,
castas tintas sem engaços,
confessam qualquer trapalhão,
cativam amigalhaços.


São mezinhas poderosas,
valem bem um par de rimas
em companhas preciosas:
bons confrades, ricas primas!

  
Numa tasquinha do Norte,
onde se comem coninhas
e meias quecas de morte,
aí se bebem fodinhas.

 
Uma, duas, três fodinhas
da Dona Márcia sabida,
devagar ou rapidinhas,
seja a malga bem lambida!
 

São uma coisa com enguiços,
deixam ressaca opulenta:
os beiços encarnadiços
e a língua peganhenta...

 


Manuel A. Madeira
Lisboa, 3 de Outubro de 2013


2 comentários:

Branquinho disse...

isto merece destaque, talvez a abrir um memorando. Bom trabalho

Formigarras disse...

Obrigado