domingo, 24 de novembro de 2013

Incendiário milagre linguístico

 


Ou como educadíssimas mães de família dizem uma das maiores obscenidades da língua portuguesa. Mascarada, contudo!

Educadas segundo padrões de total rejeição do impropério, seria impensável ouvirem-se-lhes os mais comuns, nem mesmo perante adversidades como picar um dedo, quase serem atropeladas ou a sua equipa falhar um penalti.

Obviamente que este ensaio se reporta ao pós adolescência, que até lá não há meninas-bem imunes à curiosidade nem ao desafio do pisa risco. Mesmo que entre risinhos cúmplices!

Voltemos então ao demográfico universo mulheres 18-60, licenciadas ou mestres em Faculdades de Letras, sem ocupação profissional ou quadros superiores de empresas familiares, católicas conjunturais e mesada ou rendimento anual 25.000 - 50.000.

Não se encontra neste segmento quem, no dia-a-dia ou em encontros familiares, na discoteca ou nas festas casamenteiras, empregue um simples porra, um inexpressivo caraças ou o justiceiro filho da puta. Uma exceção apenas, o galicismo merde, dito em tom lânguido.

Ora estas mesmas alminhas que tanto se consomem na contenção beata, sempre contidas, sempre perentórias, derretem a máscara com o milagroso Fogo!

A verdade é que a última década do século 20 foi palco desta prodigiosa inovação linguística, a atribuição a este ancestral substantivo do caráter de adjetivo interjecional!

Que, aliás, logo foi profissionalizado por uma empresa pública, os CTT, que sem pudor nem recato, mas com indecorosa ganância comercial o replicou com gingas sonoridades: Phone-ix.

E assim se banalizou um dos mais grosseiros, rebuscados e superlativos impropérios da nossa língua.

Foda-se...

!!!

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