O Diretor Nacional da PSP caiu, impelido pela indisciplina
policial demonstrada ontem frente à Assembleia da República. Caiu ou foi empurrado
com punhos de renda.
Faltam as demissões dos responsáveis do comando operacional
nacional, dos comandantes da Unidade Especial de Polícia e do Corpo de
Intervenção, assim como dos que estiverem à frente dos destacamentos posicionados
no perímetro da Assembleia da República.
É intolerável que unidades da PSP destacadas para proteger o
parlamento tenham cedido à arruaça dos seus colegas manifestantes sem mexer uma
palha.
Os polícias que se manifestaram conhecem, melhor do que
ninguém, os limites que a lei lhes impõe. Apesar disso, a coberto da cúmplice
inoperância dos seus colegas de serviço, derrubaram as grades de segurança e
subiram a escadaria, vedada a manifestantes por aquela mesma lei.
Ambos os lados enxovalharam a PSP, expuseram-na à galhofa nacional,
o que justifica uma profunda reflexão.
De imediato, a demissão da cadeia de comando policial
envolvida no incumprimento dos procedimentos de ordem pública previstos para
tais situações.
E a curto prazo, a ponderação do estatuto da PSP e dos seus agentes,
isto é, a integração de todo o seu contingente na GNR. Obviamente com regulamento
militar, de modo a evitar esta permeabilidade a manobras de intimidação à
democracia portuguesa.
O que aconteceu, de facto, tem fortes traços das ações de
massas do PC, em que a corda é esticada de olho na linha
vermelha. Ontem, porém, foi esticada para além do limite.
Apesar de ter sido uma fingida invasão da AR, nunca uma democracia
consolidada permite que forças de segurança sejam condicionadas pelo
corporativismo. Independentemente da justeza das reivindicações, sejam elas de
quem forem, polícias incluídos.
E seja qual for o partido no poder, por mais contestáveis
que sejam as suas medias, nunca uma organização policial pode deixar de
proteger as instituições, o património nacional e a segurança dos cidadãos. Ontem,
a PSP não cumpriu a sua missão.
Agora, esgotado o lamentável espetáculo, falta a reposição da
disciplina, sancionando quem não cumpriu os seus deveres. E sem contemplações,
para obter um durável efeito vacina. É bem melhor despedir já meia dúzia de
oficiais de polícia do que, num horizonte não muito distante, ter de mobilizar
a GNR ou o Exército para travar desacatos que desacreditem a polícia, fragilizem a democracia e apoucam Portugal.
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Entretanto, a propósito deste grave incidente, a presidente
da AR exibiu a sua pequenez política. Ao congratular-se por tudo ter acabado em
bem, escamoteando a desordem policial, demonstrou não ter perfil de estadista.
Ora o país precisa, como segunda autoridade do Estado, mais do que sorrisos
amarelos.
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