domingo, 4 de abril de 2010

Hemorragia garantida na Guiné-Bissau

Sobre o apuramento de responsabilidades quanto ao putsch de quinta-feira, o ministro da Defesa, Aristides da Silva, afinou pela bitola habitual: “O momento não é de culpar ninguém ou dizer que este ou aquele será responsabilizado. O momento é de estancar a hemorragia. Estamos na fase de restabelecimento da normalidade”. [http://www.publico.pt/Mundo/cplp-entende-que-a-situacao-na-guinebissau-nao-esta-de-forma-alguma-normalizada_1430675]

Normalidade!? Não, nem por sombras:

– É normal o PM ser preso por amotinados sem consequências para os sequestradores!?

– É normal a tropa prender pessoas, à revelia dos Tribunais, sem consequências para os responsáveis pelo crime de cárcere privado!?

– É normal o Chefe do Estado-Maior ser destituído e preso por insurrectos alheios às normas constitucionais!?

Interrogo-me se o PR e o PM não estarão a pactuar com os insubordinados. Por um lado, compreende-se que queiram abafar as ondas de choque do golpe militar que troarão pelo mundo civilizado. Por outro, será que estão a proteger as próprias vidas? Caso dessem um murro na mesa, suspendendo as suas funções e pondo a descoberto a responsabilidade dos golpistas, seriam assassinados?

Seja como for, instalou-se na Guiné a impunidade de rebeldes militares perante a Lei. O seu único receio é o de os golpistas que se lhes seguirão terem o dedo nervoso no gatilho.

Parafraseando o citado ministro da Defesa, a hemorragia continuará. Só não se sabe quando estoirará o próximo aneurisma!

Pobre povo!

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