Monte Velho, tinto, da Esporão, era um bom vinho, consideradas as suas características organoléticas e não esquecido o preço.
Também o Antão Vaz, da Cooperativa da Vidigueira, afinava pela mesma bitola, o padrão boca alinhado com os dois euros e tal.
O mesmo se diz do Quinta de S. Bernardo, de litro e meio de 13º, proclamado tinto reserva 2008, mas que deixou largo pé.
E também o vinha da palha, [exatamente assim, sem maiúsculas iniciais], tinto 2008, com o pindérico By Quinta de Chocapalha, Vinho Regional Lisboa.
Porém, todos estes, ao sacar-se-lhes a rolha, imediatamente dececionam: rolha de corticite, aglomerado de cortiça, designadas pelo Formigarras como reguingalhos de aparas de cortiça.
E ainda os há com uma caricatura suplementar, a de pintalgar completamente estas mazelas para enganar o bebedor. E com duplo engano. Primeiro, a cor, depois o paladar, pois algum resto de cola e tinta ficarão no gargalo e dali ao copo e às papilas gustativas curto é o passo. Lamentavelmente, esta maleita também enfeza algumas rolhas de verdadeira cortiça.
Que sentido faz o grande investimento das últimas décadas em novas cepas e plantações e novas adegas de novas tecnologias, se o vinho é tapado com algo diferente de cortiça!?
No mundo global dos nossos dias, também um vinho é avaliado globalmente. Da garrafa à imagem do rótulo, do descritivo do contra rótulo à cápsula cavaleira. E do próprio vinho à rolha, sem nunca esquecer esta. Nunca a rolha é esquecida.
Em boa verdade, ainda é alvo de uma operação de que nenhum escanção prescinde: é cheirada! E cheirar cortiça ou cheirar reguingalhos de aparas de cortiça nada tem de comparável. Faça a experiência, caro leitor, estimada leitora!
Concluindo, este é o epitáfio de um vinho sem boa rolha de cortiça:
Condenado pelo mesquinho produtor,
assim ficou, de mão estendida à caridade de
apreciadores de reguingalhos enfrascados.
assim ficou, de mão estendida à caridade de
apreciadores de reguingalhos enfrascados.
Como contraponto àquele amadorismo, aqui fica a marca de perspicácia de produtores atentos, representada por um pequeno mas respeitável lote de bons vinhos, obviamente com boas rolhas de cortiça:
Kopke
Douro, Tinto, 2011
Testamento
Tinto, Alentejo Doc. 2012.
Herdade de S. Miguel
Alentejo, Tinto, 2012. Colheita selecionada para o Continente.
Ponte de Negrelos
Verde tinto, DOC. FamalicãoMonte do Amante
Doc Alentejo, Private Collection 2011.
Voltaremos com mais amostras.
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