Anda no ar uma onda revisionista, um rasgar da Constituição
da República, trocando-a por algo sebastiânico de que ninguém adianta teor ou
conteúdo.
Mas que outra Constituição da República obrigaria um qualquer
Cavaco de entregar ao Tesouro os lucros leoninos das ações da SLN dados de mão
beijada pelo sedutor Oliveira Costa?
E que formato de artigo, número ou alínea impedem a
edificação de magistraturas inflexivelmente independentes, acima de
qualquer compadrio?
Que novo princípio constitucional coartaria o esfarrapamento de processos judiciais como o do Sócrates, branqueando-os liminarmente?
Não, não é a Constituição a responsável pelo descalabro a
que a classe política conduziu Portugal. Têm sido a impunidade, as redes
de interesses e a tolerância dos portugueses para com os tráficos e os
traficantes que nos condenaram ao lamaçal atual.
Esta Constituição da República pode ser revista, expurgada
de alguma lengalenga e reforçados princípios éticos e a igualdade cidadã, pois
pode, mas não será isso que elevará Portugal a um paraíso de dignidade. E até a
Assembleia da República pode ser redimensionada para 99 lugares cujos titulares
passem a chamar-se formalmente representantes
do povo português.
Contudo, mesmo uma constituição "ideal" teria
tantos buracos como magotes de professores-de-doutos-pareceres e juristas
avençados à cata de interpretações que abençoassem ricos e novos-ricos, chicos-espertos
e trafulhas de fato cinzento, camisa branca e gravata encarnada!
Por isso, enquanto o português médio não sacudir a pantufite,
não fizer melhor do que os políticos que critica...
Enquanto não se envolver na sua autarquia, não vier para a
rua e não agitar trapos brancos aos encardidos políticos...
Enquanto não bater o pé, competindo por lugares no parlamento e em postos-chave os Cavacos e os Passos, os Relvas e
os Portas cantarão de galo.
E o bando dos 230 sorrirá seraficamente, passeando por esse
mundo fora, arguindo poeira para os olhos e agenciando negócios milionários.
!!!!!
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