Esta era, ainda há poucos anos, uma forma japonesa de greve.
E um óbvio paradoxo para a visão sindical portuguesa, em que
greve tem propósito de paralisia verdadeira, visando pressionar patrões e
governo pela tensão psicológica, pelo prejuízo e pela perturbação provocada.
Mas o mundo não pára, o PC que manda em muitos sindicatos
não dorme, e esta nova atitude grevista é uma pedrada no charco.
Em primeiro lugar é uma novidade absoluta. Em Portugal não
há memória, se a memória não nos falha, de uma greve sem interrupção do
trabalho.
Depois, porque é um setor bastas vezes usado sindicalmente para
transtornar muitíssimas outras atividades. Ora, trabalhando os grevistas do
metro não prejudicam pessoas, empresas nem a economia no seu todo.
Seja simples balão de ensaio, nova atitude politíco-sindical ou manobra
publicitária, a verdade é que suscita grande curiosidade e uma atenção redobrada
aos ecos partidários e sindicais, sociológicos e politológicos.
Tanto assim é que a justificação por esta opção, a segurança
de passageiros e tripulantes, ontem veiculada, é muito frágil. Pessoal
com tantos anos de experiência certamente tem capacidade para neutralizar
riscos na utilização dos comboios de serviços mínimos.
Seja como for, este foi um passo positivo na intervenção
política e sindical. Melhora a imagem que os portugueses têm dos sindicaos e das greves, refletindo uma flexibilidade que as teses de agitação de massas
do PC nunca assumiram.
Uma pitada de realismo face às reações cidadãs?
Um sinal de aproximação ao PS Costa?
O preço de uma fatia de poder?
Veremos...
A
massa de que são feitas as próximas listas eleitorais já está a amassar.
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