sábado, 11 de junho de 2016

Doze lembranças aos Velhos do Restelo Ortográfico





Eles atiram-se ao Acordo Ortográfico de 1990, muitos com tremendas confusões, outros com enorme desconhecimento e alguns por comodismo.

As línguas vivas vivem de renovação, o que tem acontecido com o português ao longo dos nossos séculos.

E confundir cágado com a grosseria desta palavra sem acento e iludir facto a propósito de uma certa fatiota é simples ignorância.

Mas invocar o Clã da Pharmácia para contestar os que aderiram ao dito acordo é simplista, tal como clamar pela grafia antiga.

Antiga de quando, do D. Dinis, da escrita camoniana ou da revisão ortográfica da Primeira República!?

Por ora, vamos ater-nos a palavras não tocadas pelo Acordo Ortográfico; simplesmente homógrafas mas com tónicas bem diferenciadas.

Isto como evidência de uma velha tradição que legitima igual forma da proposição para e da terceira pessoa do singular do verbo parar, para [fonia pára]. Apesar da óbvia desigualdade de pronúncias.


Eis essa dúzia que tantas vezes usamos e em que os respetivos contextos nos dizem como ler corretamente. Como também fazem os Velhos do Restelo Ortográfico.


1. Molho // Molho
Molho Portugália versus Molho de salsa.

2. Topo // Topo
Topo da pilha de livros versus Topo bem onde queres chegar.

3. Pega // Pega
Pega desasada versus Pega de cozinha.

4. Rota // Rota
Camisa rota versus Rota da seda.

5. Seca // Seca
Fruta seca versus Seca do Bacalhau.

6. Borra // Borra
Borra de café versus Borra-botas.

7. Corte // Corte
Fazer a corte à rapariga bonita versus Corte cirúrgico.

8. Greta // Greta
Tem uma greta no calcanhar versus Põe creme senão greta.

9. Besta // Besta
Deu de beber à besta versus Tiro ao alvo com besta medieval.

10. Rogo // Rogo
Assinatura a rogo versus Eu te rogo, faz-me esse favor…

11. Bola e // Bola
A  bola de carne de Guimarães é excelente versus Bola de ténis.

12. Boto // Boto
Pé Boto versus Boto açúcar no café.