sábado, 29 de junho de 2013

Partidos e sindicatos para lá do biombo


Esta ambição, grafitada na igreja católica dos Anjos, em Lisboa, foi registada há umas horas.
 

Além de exibir um crime de vandalismo, mostra igualmente como uma parte da sociedade encara os partidos e os sindicatos.

A grande maioria dos portugueses está grata ao 25 de Abril, defende a democracia e os seus pilares, partidos e sindicatos.

Isto como pano de fundo, que para lá do biombo outro galo canta.

Os partidos, todos eles, do BE ao PS e do CDS ao PC, sem esquecer o PSD têm uma cartilha oculta de que resulta um cada vez maior afastamento dos cidadãos comuns.

Os ex-deputados papa-reformas [mascaradas com nome sonante];
– As leis fabricadas por gabinetes de advogados para servir interesses encapotados;
– A inconsequência parlamentar face aos PEC do Sócrates e à Tróica do Passos;
– A verborreia contínua que grassa em S. Bento;
– As infiltrações nos sindicatos.

são apenas alguns dos exemplos do que os Cidadãos deploram na política. Hoje, aqui e agora, não se fala no papa-reformas-mor nem no seu economês SLN.

E a anedota mais recente mostra bem como os partidos se desvincularam do dever de representar autenticamente os portugueses. Porque não esclareceu a Assembleia da República se o limite de mandatos autárquicos impede ou não recandidaturas a outros municípios!?

Numa penada, uma lei com um articulado escorreito, sem rodriguinhos nem pantominas jurisdicionais, teria travado um folhetim que se arrasta há largos meses e que tanto desprestigia autarcas como deputados. Mas não, meteu a viola no saco, assobiou para o ar, comportou-se como inimputável.

Por outras palavras, criou um enleio que só à boca das urnas será resolvido. Se...

Alimentou as tricas partidárias e os rios de tinta dos jornais e dos processos e o desprezo dos portugueses pelos políticos.

Por isso, aquela mensagem é um eco tão expressivo da mais atual sociologia mural portuguesa. Apesar da suposta 'assinatura'.

Pintado numa igreja, seria um auspicioso milagre se acordasse a classe política para as suas responsabilidades. E há quem ore a pedir um deus todo poderoso...

!!!!!

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Votar contra



Somos contra tanta coisa que bem gostaria de votar convictamente a favor de.

A favor de gente inequivocamente impoluta, norteada pela Ética e consistente entre o que diz e o que faz.

Porém, as pessoas de bem, essa gente vertical que não mente nem manipula, que não trafica nem rouba, não está para se meter no lamaçal em que se tornou a política em Portugal.

Estaremos então condenados a ser governados por aldrabões e oportunistas, chicos-espertos gananciosos!?

Não, mas aquelas pessoas dignas e credíveis terão de dar um passo em frente e enfrentar a tropa fandanga instalada. Até lá, continuaremos a afundar-nos, a votar contra e lamentar-nos.

Porque não avanço eu, porque não avanças tu?


!?!?!?

quinta-feira, 27 de junho de 2013

A pelinha dos tomates

À versátil língua portuguesa
 

 
De macieza forrada,
é uma pele bem fininha,
ao fruto muito apegada,
qual ardente joaninha.

 
Se não desnuda, teimosa,
amargará, bem picada,
ficando até mais cremosa
quando pelo fogo beijada.

 
Os tomates bem pelados
conservam intacto o valor,
enricam os ensopados,
dando à fêvera outro sabor.

 
Mas os tomates com ela
metem-se pelos buracos,
provocando cuspidela
a betos e a velhacos.


Com pelinhas ou sem elas,
ah tomatada valente…
Venha tinto por gamelas
e bivalve ambivalente.

 
Refogada com bons alhos
atafulha garganeiros,
farta jovens e grisalhos,
empanzina caminheiros.

 
O tomate depelado,
e panelão em lumaréu,
convertem gato em guisado
e fazem das osgas pitéu!

 

 

Manuel A. Madeira
17 de Julho de 2010

quarta-feira, 26 de junho de 2013

De olhos nos olhos até ele fugir

Contito

Reedição
Publicação original em 8.Agosto.2008

Ele viu-a primeiro, isso é seguro, pois ela estava num grupo que, àquela distância, não tinha nada de discreto. Seria impossível não dar por ela.

Bem constituída, testa alta, muito alta mesmo, talvez até demasiado alta para as preferências que ele já confessara à sua Maria nos momentos mais só deles. Larga de peito, com um tórax bem constituído a sugerir uma força pujante que em certos momentos seria capaz de deitar um homem por terra, exausto, incapaz de se ter em pé.

O pescoço robusto acabava numa cabeça longilínea, braquicéfala, cogitou ele relembrando a sua velha antropologia, a que uns lábios muito carnudos davam uma imagem de forte determinação. A cor da pele destoava da dos outros membros do grupo, mas nos dias de hoje isso não é surpreendente e ele sabe muito bem que só cérebros mais encarquilhados fazem disso cavalo de batalha, que não é o seu caso, cosmopolita de vários continentes.

Sendo homem sério, fez por ignorá-la e continuou no seu caminho. Porém, pouco depois ela também deu por ele, observou-o de alto a baixo e a certa altura foi um olhos nos olhos de meticulosa e mútua medição. Ela avançou uns passos aproximando-se dele.

Passos tímidos, mas avançou. E ele, atento, não deixou de registar esse avanço e logo ficou de sobreaviso. Treinado nas lides académicas como observador-participante, não podia deixar de registar aquele tentar, tomar o pulso e avançar. Avanços de olhos nos olhos, é bem sabido, têm que se lhes diga…

Ele olhou à sua volta, não gosta nada de surpresas, mas a verdade é que se sentiu exposto. Avesso a passos em falso, procurou alguma protecção. Não quer ser objecto de suspeições, apesar dos olhos nos olhos. Os seus limites estão definidos, a Maria dele pode estar descansada! Todavia, sentindo-se a descoberto, preferia alguma escapatória discreta em vez de lhe virar costas, o que não é muito o seu jeito. Hesitou, pois.

De um dos lados, ficaria na linha de mira, pois era para ali que ela se estava a encaminhar com aquela determinação que ele já antevira dos seus traços fisionómicos. E do outro lado não havia nada que o encobrisse ou quase nada. Ele é um homem de família, disso não haja a mínima dúvida.

Obviamente que observa quem o rodeia, mas, não sendo santo também não procura nem aceita situações ambíguas. Daí a começar a recuar foi um instante. Não, nesta não me apanhas, era o que faltava! Queria uma barreira, fosse o que fosse, algo que se interpusesse entre ambos, pois desde que ali chegara que ela não deixara de o fitar continuamente. Interessada, pois claro, primeiro ao longe e depois, sem despegar os olhos dele, avançou decidida.

Ele estava à beira do Guadiana, rodeado por uma paisagem bucólica, a meia dúzia de metros da água e a magana da vaca não parava, correndo na sua direcção. Não eram mais de cinco ou seis vacas e bezerros, mas não era companhia recomendável, especialmente a correrem a bom correr e quase a alcançá-lo. Ele só pensava que azar o meu, vou levar umas cornadas, sei lá se é gado bravo!

Primeiro fugiu para a cerca de arame, mas quando se apercebeu que era para aí que os animais se dirigiam fugiu também dali. Fugiu para o rio e passou-lhe pela cabeça que teria de se atirar à água se queria ficar a salvo. Mas teve sorte.

No último segundo, antes de ter de entrar rio adentro, a vaca guinou e trotou noutra direcção. Afastou-se dele, intruso nos pastos dela, correndo a caminho do resto da manada, do outro lado da colina. Depois do susto respirou fundo, o coração acalmou e lá continuou ele a caminhada Guadiana abaixo.

Barragem de Pedrógão do Alentejo, 16 de Fevereiro de 2008

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A ilusão do Grilo Pimpão


Contito Infantil para Adultos
Republicação Formigarras




No tempo em que os animais falavam…

Era uma vez um padre de Fátima que disse a um jornal que havia uma epidemia de mentira em Portugal (http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1328387&idCanal=62).


Como não tinham lido o tal jornal, e sabendo que quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto, os animais da Arrábida ficaram incrédulos. Depois ficaram atarantados e finalmente cheiinhos de medo. E se a epidemia os atingia?! Se ela chegasse à Arrábida, como iam acreditar nos morcegos, colegas tão recatados, e nos bichos-de-conta, sempre tão certinhos?! Instalou-se um clima turvo, com as cigarras a meter a viola no saco e as águias a olharem com sobranceria para os pardais e outra arraia-miúda da bicharada da Serra da Arrábida.

Com um ambiente de cortar à faca, os conflitos dispararam. Houve até uma cotovia que desmentiu uma perdiz que tinha dito que ouvira uma sanguessuga dizer que um caracol tinha badalado que uma toutinegra garantia que o superior do padre desencadeara uma campanha para o retirar de Fátima. Retirar, na gíria soviética e eclesiástica, é reforma compulsiva insusceptível de recurso. Ou seja, quem se lixa, lixado fica e bico calado, que, se pias, mais te lixas. Outra versão dizia que aquilo fora uma manobra táctica do padre para uma saída à Alexandre Herculano. Livrava-se do desgastante mediatismo de Fátima e ia para o sossego do Convento da Arrábida, de onde faria sermões aos animais. Sobre a verdade.

Mas seria mesmo verdade? Uma epidemia de mentira?! A incerteza contaminou toda a Arrábida. Até que uma lebre viajada, em conversa com pombos-correios de longo curso, que tinham falado com cegonhas de Leiria, chegou à conclusão que havia coisa. Não sabia o quê, mas parecia o folhetim do banco que tinha andado nas bocas do mundo e fora cair na boca do lobo, um partido que o abocanhou. Se havia coisa, tinha de se tirar a limpo!

Foram mandadas mensagens de correio electrónico por toda a Arrábida e do PIFAS, Portal Internético da Fauna da Arrábida Solidária, saía flash atrás de flash com Newsletters com as últimas das últimas e também simples News a convocar todas as espécies. A convocá-las e a pô-las de pé atrás, coisa a que nem todos acederam de bom-grado, especialmente os caracóis, as cobras e as lesmas, que sentiram a discriminação a pairar. Pavões e gaviões, insectos rastejantes e voadores, rolas e pirilampos, carraceiros e grifos, todos foram avisados. Até o ronha do cuco foi notificado in extremis, quando se preparava para chular mais um ninho de codornizes para os lados de Oeiras.

Até as SMS ferviam! A tal ponto que num operador nacional de voz e dados, o director de infra-estruturas andou uma semana com tomas de seis horas em seis horas de um pacote terapêutico de diazepam e clorodiazepóxido entremeado com arinto loteado com touriga nacional a 60/40. A esposa, à noite, completava o tratamento com infusões de camomila enriquecida com magnésio de malte. Todo esse desarranjo taquicárdico porque não via como pôr água na fervura dos servidores, encaminhadores e dos próprios protocolos e cabos de fibra óptica, material que atingiu febrões de 44º C de tanta mensagem. Se não os arrefecia, ainda havia um blackout e alguém ia pagá-las e ele ainda deve metade do BM ao banco…

E porquê todo este frenesim comunicacional? Uma simples mensagem classificada e cifrada em código SEGNAC que o protocolo assimétrico de 128 bits descodificava: Urgente Stop Muito Secreto Stop Reunião Comité de Planeamento Animal Arrabidal de Emergência Stop Ponto Único Agenda Stop Planear investigação à epidemia de mentira de Fátima Stop Assinado Stop Grilo Pimpão Stop Stop.

Rigorosas investigações do Departamento de Medição de Radiações da ANACOM, Autoridade Nacional de Comunicações, concluíram que, desde 1755, nunca as frequências radioeléctricas tinham sido tão frequentes. Ficou a saber-se que houve bytes que se atropelaram e que chegaram a alcavalitar-se uns nos outros e certas mensagens eram incompreensíveis porque nos engarrafamentos houve pacotes de dados que foram esmagados e nem em hexadecimal se percebiam.

Mas a sorte esteve do lado dos honoráveis representantes dos animais da Arrábida, pois a convocatória chegou a tempo. O Comité de Planeamento Animal Arrabidal de Emergência reuniu à sombra da piscina das instalações agrícolas do novo palácio rural de Casais da Serra. No projecto aprovado pelo Município a piscina tem o nome de tanque de rega. O Comité não percebe porquê, mas não é da sua competência sabê-lo. O que é da sua competência é a investigação à epidemia de mentira de Fátima e está a planeá-la. A reunião decorre há várias horas.

A reunião é importante e o planeamento da investigação à epidemia de mentira é muito, muito urgente. Os honoráveis representantes dos animais da Arrábida estão reunidos há horas. Muitas horas. Horas esquecidas a ouvir o Grilo Pimpão. A maioria dos animais já está com olhos de carneiro mal morto à mesa de reuniões e o Grilo Pimpão continua a perorar. Primeiro dissertou sobre a questão prévia dos factos presuntivos e do direito supletivo aplicável, fez um parêntesis sobre doutrina contingencial e finalmente abordou a integração com a jurisprudência comparada europeia.

O Mocho Sábio vai trocando discretas SMS com a namorada a combinar umas cenas para o fim-de-semana. A Lagartixa Gervásia, enregelada porque não apanha pinga de sol há horas, pousou os queixos na mesa e parece em hibernação intermitente, abrindo ora um olho ora outro. O Sapo Relator, a pretexto de verificar o som do gravador bifuncional de onde mais tarde verterá aquela lengalenga para a acta, vai ouvindo hip-hop e ruminando na rã das pernas elásticas que anda a fazer-se-lhe desentendida.

O Presidente da Mesa, o Grilo Pimpão, esse, para abreviar, ainda arengou sobre ambivalência prospectiva e disse umas lérias sobre três cenários putativos de uma estratégia tangencial.

Pôs o assunto à discussão dos membros do Comité e, quando o pato-mudo levantou uma asa para comunicar uma coisa, o Grilo Pimpão franziu o sobrolho. Com rosto crispado e voz de Napoleão em Santa Helena, disse-lhe que fosse breve “… não temos todo o tempo do mundo!”.

Após horas e horas de sucessivos arrazoados, de reflexões às suas próprias prédicas e de uma tirada retórica acerca das decisões que se impunham, o Grilo Pimpão encerrou a sua bela reunião. Estava ufano. Tinha mostrado à bicharada o que devia ser mostrado e nem reparou que só havia dois animais acordados: ele e o Sapo Relator, este só com um olho aberto… e já meio fechado!

Esta reunião de Comité de Planeamento Animal Arrabidal de Emergência teve um sucesso inquestionável. Na acta foi registada a participação entusiástica dos honoráveis representantes dos animais da Arrábida e obnubilada a sua abstinência geral que, aliás, fora superiormente orientada pelos contundentes arrufos do Grilo Pimpão. Foi transcrita para a acta uma declaração oral de um passarão que pensa que assim terá um futuro melhor. Dela consta que Sua Excelência evidenciou uma fina sensibilidade para as relações humanas, demonstrou uma notável perícia comunicacional e que tem uma excepcional capacidade de síntese.

Quando o Grilo Pimpão e o Sapo Relator iam saindo, este perguntou-lhe: “Então e o planeamento da investigação à epidemia de mentira de Fátima, achas que a bicharada aderiu?!” Obteve uma eloquente resposta esquizofrénica:



Manuel A. Madeira

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Vinho para um, apenas para um


Uma semana depois de ter presenciado o "pequeno-almoço" de cerveja de 14 marinheiros russos – http://formigarras.blogspot.pt/2013/06/14-cervejas-matinais.html – não podia viver situação mais antagónica.
 
Convidado para almoçar numa unidade da GNR, com toalha de algodão de um branco imaculado e choquinhos no ponto, fui o único a beber vinho.
A sala tinha várias mesas com muitos militares a almoçar, mas não vi um único a beber vinho ou qualquer outra bebida alcoólica.

Ainda perguntei se isso se devia a norma obrigatória, mas não, são opções individuais.
E ao contrário da insegurança provocada por militares russos alcoolizados, fico bem mais tranquilo por saber que a ordem pública em Portugal conta com militares sóbrios.

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terça-feira, 11 de junho de 2013

Momentos marcantes do dia de Portugal em Elvas


Clique nas imagens para as ampliar

Apenas três, que os discursos não merecem desperdício de energia. Foram palavras, palavras mil vezes mastigadas, mil vezes debitadas, palavras ocas, poeira para os olhos e ganha pão de muitos artistas, comentadores e jornalistas.

Momento 1

 
Esta é uma imagem imponente do dia de Portugal em Elvas. Lembrou aos portugueses e ao Estado Espanhol que só virá bom vento daquelas bandas quando restituir Olivença à nossa soberania.
 
Até podemos jogar um jogo diplomático tripartido Olivença - Gibraltar - Ceuta e Melilla, desde que sejam repostas as nossas fronteiras históricas.
 
 
Momento 2

 
O Estado Português, na figura do PR, agradece os bons serviços de João Proença, prestados a sucessivos governos. Bem podia ser a comenda 'Príncipe' Sindical, pelos seus 17 anos à frente da UGT sempre sempre do lado do poder. União Geral de Trabalhadores!?
 
 
Momento 3

 
Se o primeiro dos momentos é a imagem da resistência, da dignidade do Portugal que não verga à ignomínia espanhola, este é o da ilusão. A ilusão de Seguro ser algum dia estadista e a desilusão dos portugueses com a sua vacuidade.
 
Mas a quem ilude este esgar teatral!?
 
 
 As fotos são do EXPRESSO, merecedor da devida vénia por mostrar aos portugueses dimensões que muitos políticos gostariam de encobrir.
 
 

Simpatia em forma de galo



A Google teve ontem esta imagem, homenageando o Dia de Portugal.

Chamou-lhe Dia da Independência, porém, em boa verdade, temos um dia da restauração da independência, mas não temos um dia inequívoco a marcar a nossa afirmação como povo e como país.

Pesem embora essas diferenças, o Galo de Barcelos certamente ficou encantado com a projeção que lhe deu a Google. Ainda por cima a montagem ficou graciosa.

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segunda-feira, 10 de junho de 2013

Professor sem aspas não faz greve em dia de exames

Transcrição integral com um único comentário.
Comentário a final.




Ferreira Fernandes
DN, 10 de Junho de 2013
 

Um piloto não se suicida na aterragem
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=3264528&seccao=Ferreira%20Fernandes&tag=Opinião%20-%20Em%20Foco
 
Nada como os poetas. Aproveito o dia dos portugueses para lembrar uma definição justa do coletivo: "Aqui ao leme sou mais do que eu..." E reparem que o homem disse-o depois de tremer três vezes, o que deixa supor que as condições eram difíceis. Então, prossigamos com pessoas, mesmo em situações adversas, que abdicam dos seus direitos porque os outros, o coletivo, têm prioridade. Um piloto não se suicida na aterragem. Um professor não faz greve em dia de exames. Um motorista não prossegue a viagem sem saber se o acidente alheio precisa de ajuda. Um professor não faz greve em dia de exames. Um transeunte, apesar de apressado, não deixa um garoto de três anos sozinho num passeio. Um professor não faz greve em dia de exames. Woodie Allen não finge ler o jornal quando uma velhinha é assaltada na carruagem do metropolitano. Um professor não faz greve em dia de exames. Um vizinho, apesar de a final de futebol estar renhida na TV, não deixa de acudir aos gritos da mulher batida na porta ao lado. Um professor não faz greve em dia de exames. Um cirurgião não pousa o bisturi para ir fumar um cigarro lá fora.... E assim por diante. E a razão, para todos os casos, é sempre a mesma: porque sim. Pode retorquir-se que em Bananas, Woody Allen lia mesmo o jornal quando uma velhinha era agredida. Mas, aí, ele fazia de conta e não era uma pessoa séria. Nos outros casos, para as pessoas sérias, a resposta é única: porque sim.


Comentário Formigarras
E porque não faz fretes ao PC nem ao seu agente Nogueira, autointitulado "professor", mas que não dá uma aula há dezenas de anos.

!!!!
 

sábado, 8 de junho de 2013

3 certezas 2 atores e 1 dúvida


 
 
Pano de fundo
"Entrevista" a Eduardo dos Santos, quinta-feira na SIC.

3 certezas
Primeira certeza
Eduardo dos Santos, por mais media que compre ou controle – ele e os seus avençados – jamais conseguirá branquear o seu corrupto perfil ou fabricar uma imagem de estadista, de que tanto gostaria.
Estadista é impoluto.

Segunda certeza
A SIC não é uma estação televisiva norteada pela ética jornalística. Fosse-o e teria mandado um jornalista vertical entrevistar o cleptocrata-mor de Angola, não um serviçal.
O compromisso de respeitar os princípios deontológicos da Comunicação Social e a ética profissional do jornalismo do seu estatuto editorial, foi grosseiramente espezinhado.
 
Prestou, isso sim, um servicinho de compadres.

Terceira certeza
Angola, a Angola não comprometida com o peculato instalado, nada ganhou com esta encenação.
Lamentavelmente, pois os jovens denegridos pelo camuflado ditador muito terão ainda de batalhar até à libertação do país das garras da corrupção endémica.

2 atores
Eduardo dos Santos, "camarada" presidente há mais de 33 anos, é tão mau ator como tem sido mau para Angola.
Fez boquinhas e trejeitos, o nervoso miudinho desmentindo o que despudoradamente dizia, qual medíocre ator.
Henrique Cymerman, fingindo-se de entrevistador, fez de conta que não entrevistava um figurão corrupto.
Fez muito má figura, ator de meia tigela.
 
1 dúvida
A data em que começarão chorudos negócios de Balsemão em Angola, abençoado pelo seu afilhado televisivo.

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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Cidadãos decentes

 

Av. da Liberdade ou Av. Miguel Relvas?
http://expresso.sapo.pt/av-da-liberdade-ou-av-miguel-relvas=f812195

Revira-se-me a alma do avesso ao ver um dos aldrabões em nome de avenida!

Nem rua merece; até uma travessa ou um beco esconso com o nome de Relvas seria um abuso, mas tiro o chapéu à criatividade destes Cidadãos com memória.

Assinalaram muito bem os dois anos de trafulhices, contínuas mentiras e a pequenez de gente que envergonha Portugal.

E mostraram aos concidadãos, aos jornais tolerantes com as habilidades rasteiras do Passos e aos jornalistas empenhados no seu branqueamento que há portugueses rijos.

Bem hajam.

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terça-feira, 4 de junho de 2013

Turcos batalham por Turquia civilizada

 

Há dias que a Turquia é assolada por protestos. Primeiro contra a construção de um centro comercial em Istambul, mas rapidamente se propagaram a outras cidades.

A contestação da obra foi apenas o detonador, que o barril de pólvora está a ser enchido, passa a passo, pelo governo contra civilizacional de Erdogan.
Medida a medida, com patinhas de lã, vai criando travões à liberdade de escolha dos turcos. Com leis e com exposição de modelos. Um deles, bem emblemático, foi o de as mulheres de políticos de topo aparecerem em público com lenço na cabeça. Como as nossas avós e bisavós. Com uma diferença, cá ninguém as obrigava. E muito menos havia uma lei a impor vestuário.

Pois enquanto os turcos protestam para evitar o retrocesso civilizacional, a União Europeia nada faz ou que faz é como se nada fizesse.
Bruxelas sem Norte nem garra, está encolhida e indefinida, abúlica. Mas a verdade é que tem fortes e legítimos meios políticos para travar os ímpetos islamitas.
Em primeiro lugar, rejeitar liminarmente quaisquer negociações com Ancara sobre a adesão turca à UE. Basta apontar aos mandantes da islamização acelerada e ao seu governo que a liberdade religiosa europeia é uma fronteira inultrapassável. Sem hesitações nem rodriguinhos diplomáticos.

Por outro lado, é urgente fazer face à ocupação turca de território da União Europeia, em Chipre, com algo que doa àquele governo. A imposição de taxas alfandegárias aos produtos turcos seria mais que um sinal, constituiria um travão à arrogância turca.

Mas nada disto é feito. Porquê!?
Talvez por imposição Merkl, que muito vende àquele país e dele é dependente em mão de obra.

Entretanto, os turcos que apreciam a liberdade de pensar e de beber, de falar e de vestir lutam sós contra a estratégia mundial do intolerante expansionismo muçulmano.

 !!!
 

domingo, 2 de junho de 2013

Nem um grão de arroz para o Banco Alimentar

 
 

Porquê!?

Porque a Isabel Jonet, a que nos fala na televisão com voz de plástico, não respondeu à minha pergunta:

– Qual é o seu salário no Banco Alimentar?

Por mais válida que seja uma obra, e a do BA é, nenhum dos seus promotores, chefes e subchefes pode fugir à transparência das contas.

E quem pede bens a todos os portugueses, sendo pessoa de bem deve essa informação a Portugal.

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sábado, 1 de junho de 2013

14 cervejas matinais

 

 

O grupo chegou ao quiosque e pediu 14 cervejas 14. Dispensaram os copos: – no glass.

Num inglês macarrónico pediram as cervejas e umas poucas sandes, depois sentaram-se numa mesa redonda e beberam-nas sem alarido.
Eram 10 da manhã e eram 14 marinheiros russos. Já me tinha cruzado com eles e notei-lhe as faces vermelhuscas e os olhos a condizer.
Já sabia quanta vodka bebem os russos às refeições, mas nem imaginava que começassem o dia na pinga!

Fiquei a pensar se só beberão assim em terra ou se o fazem também quando estão de serviço.
E que como sairá o serviço nas tarefas exigentes, em que a concentração tem de estar no máximo?
E os muitos Antonov com tripulações russas acidentados em Angola vieram-me à cabeça.
E o afundamento do Kursk. E a segurança das armas nucleares russas.

Ele há misturas muito perigosas! A mistura de álcool com militares e armas cheira a sangue e lágrimas por todas as gotas…

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