quarta-feira, 30 de abril de 2014

Nacionalizar o excelente modelo do Corvo

 
Nacionalizar
Tornar nacional, alargar a todo o território nacional
 
 
 
O Corvo, a ilha do Corvo, não tem freguesias. 
 
Lei n.º 2/2009 de 12 de Janeiro
Estatuto Político-Administrativo
da Região Autónoma dos Açores

 
Não tem nem precisa.
Como não as precisa nenhum dos outros municípios.
 
Para quê entidades administrativas que induzem deseconomias?
O mito da proximidade não passa disso, de mito. Mito urbano, mas especialmente mito rural, onde os autarcas das juntas constituem a base das pirâmides partidárias de que os portugueses estão muito cansados.
 
Ora os municípios gerem um dispositivo múltiplo, desde o equipamento e pessoal da limpeza aos das obras municipais, da gestão de pavilhões e cemitérios e até ao enterramento de animais. E executam uma ampla variedade de tarefas administrativas, que abrangem desde a informação e os procedimentos sobre o serviço militar, aos diversos licenciamentos, etc., etc., etc. Estão, portanto, aptos a alargar os serviços que prestam.
 
E os pequenos concelhos, tal como os grandes, associam-se frequentemente para rendibilizar investimentos. A água é, talvez, o exemplo mais flagrante, mas muitos outros demonstram como a partilha de recursos gera economias de escala. Poupanças, portanto.
 
E porque não alargar esta imprescindível abordagem económica à gestão das nossas unidades territoriais locais?

Uma primeira e evidente poupança é a da classe política, reduzida em milhares, sem que isso se reflita na relação com o Cidadão.

De facto, o acesso à informação, a requisição de serviços ou o cumprimento de obrigações podem, sem quaisquer obstáculos, ser assegurados em Delegações Municipais nas localidades. Herdando instalações, equipamentos e profissionais agora das Juntas de Freguesia.

Nas localidades, que não nas sedes do concelho, pois aqui tudo seria tratado diretamente nos Serviços da Câmara Municipal.

Ah, mas isso era um volta muito grande, há tantas leis, tantos decretos, tantos regulamentos, dirão os visados.

Pois é, mas que se dê essa volta.
Pois que sejam revistos e revogados os diplomas necessários, pois que se façam novas delegações de competências, pois que sejam assinadas tantas Posturas quantas as necessárias.

E quem tiver dúvidas como adaptar os municípios à extinção das freguesias em todo o território nacional basta dar uma saltada ao Corvo. Lá encontrarão quem responda.

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segunda-feira, 28 de abril de 2014

Vinhos que mostram a má cepa dos produtores

 

Monte Velho, tinto, da Esporão, era um bom vinho, consideradas as suas características organoléticas e não esquecido o preço.

Também o Antão Vaz, da Cooperativa da Vidigueira, afinava pela mesma bitola, o padrão boca alinhado com os dois euros e tal.

O mesmo se diz do Quinta de S. Bernardo, de litro e meio de 13º, proclamado tinto reserva 2008, mas que deixou largo pé.

E também o vinha da palha, [exatamente assim, sem maiúsculas iniciais], tinto 2008, com o pindérico By Quinta de Chocapalha, Vinho Regional Lisboa.

Porém, todos estes, ao sacar-se-lhes a rolha, imediatamente dececionam: rolha de corticite, aglomerado de cortiça, designadas pelo Formigarras como reguingalhos de aparas de cortiça.

E ainda os há com uma caricatura suplementar, a de pintalgar completamente estas mazelas para enganar o bebedor. E com duplo engano. Primeiro, a cor, depois o paladar, pois algum resto de cola e tinta ficarão no gargalo e dali ao copo e às papilas gustativas curto é o passo. Lamentavelmente, esta maleita também enfeza algumas rolhas de verdadeira cortiça.

Que sentido faz o grande investimento das últimas décadas em novas cepas e plantações e novas adegas de novas tecnologias, se o vinho é tapado com algo diferente de cortiça!?

No mundo global dos nossos dias, também um vinho é avaliado globalmente. Da garrafa à imagem do rótulo, do descritivo do contra rótulo à cápsula cavaleira. E do próprio vinho à rolha, sem nunca esquecer esta. Nunca a rolha é esquecida.

Em boa verdade, ainda é alvo de uma operação de que nenhum escanção prescinde: é cheirada! E cheirar cortiça ou cheirar reguingalhos de aparas de cortiça nada tem de comparável. Faça a experiência, caro leitor, estimada leitora!

Concluindo, este é o epitáfio de um vinho sem boa rolha de cortiça:

Condenado pelo mesquinho produtor,
assim ficou, de mão estendida à caridade de
apreciadores de reguingalhos enfrascados.


Como contraponto àquele amadorismo, aqui fica a marca de perspicácia de produtores atentos, representada por um pequeno mas respeitável lote de bons vinhos, obviamente com boas rolhas de cortiça:

Kopke
Douro, Tinto, 2011

Testamento
Tinto, Alentejo Doc. 2012.

Herdade de S. Miguel
Alentejo, Tinto, 2012. Colheita selecionada para o Continente.

Ponte de Negrelos
Verde tinto, DOC. Famalicão

Monte do Amante
Doc Alentejo, Private Collection 2011.


Voltaremos com mais amostras.


sábado, 26 de abril de 2014

Palavras de esperança no 40º 25 de Abril

 


Das poucas palavras de esperança neste 25 de Abril


Pronunciadas por Vasco Lourenço no Carmo, ontem de manhã, no Largo do Carmo, e aqui repescadas da Mensagem da Associação 25 de Abril na celebração do 40º aniversário
http://www.25abril.org/a25abril/index.php?content=243

  

Passados 40 anos depois da madrugada que deu origem a “o dia inicial inteiro e limpo/onde emergimos da noite e do silêncio/e livres habitamos a substância do tempo” qual o tempo que hoje nos é dado? Cada dia que passa, assistimos à destruição do positivo que foi construído, em resultado da acção libertadora de há 40 anos!

O país está vendido, em grande parte e a pataco, ao estrangeiro! A emigração de muitos portugueses consuma-se, levando consigo muito do saber e da capacidade indispensáveis à desejada recuperação de Portugal!

Os roubos permanentes a que os portugueses são sujeitos, da parte dos que deviam protegê-los e prover pelo seu bem-estar estão a destruir a esperança no futuro! A ausência de uma justiça igual para todos provoca o descrédito do que deveria ser um Estado de Direito!

Os detentores do poder assumem-se, cada vez mais, como herdeiros dos vencidos em 25 de Abril de 1974! As desigualdades, consumadas no aumento do enriquecimento dos que já têm tudo e no cada vez maior empobrecimento dos mais desfavorecidos, transforma a nossa sociedade num barril de pólvora que apenas será sustentável numa nova ditadura opressiva, com o desaparecimento das mais elementares liberdades.

O medo, pelo futuro, cada vez mais, propaga-se em variados sectores da sociedade! Como há já alguns anos, manifestamos a nossa indignação face aos acontecimentos que se estão vivendo em Portugal e configuram, sem a menor dúvida, um enorme e muito grave descrédito dos representantes políticos, um logro à confiança dos cidadãos e um desprestígio para o nosso País.

A Democracia baseia-se num pacto social, onde os cidadãos elegem os que consideram os mais indicados para gerir os assuntos públicos e para os representar durante um período de tempo previamente acordado.

A Democracia não é, nem pode ser jamais, a concessão a uns quantos de uma patente de pilhagem para se enriquecerem durante quatro anos ou mais!

A Democracia tem o seu fundamento na confiança que os representados têm nos seus representantes e na lealdade destes perante quem os elegeu. Quando essa confiança é traída e essa lealdade desaparece, o prestígio e a legitimidade moral da classe política desmoronam-se e o cimento da Democracia apodrece.

Tudo isto tem-se agravado, cada ano que passa. Porque continuamos a considerar que a antecâmara do totalitarismo surge quando num Estado de Direito a classe política perde o seu prestígio, porque se transforma numa espécie de casta que deixa de servir os interesses de todos para servir apenas os seus próprios interesses.

E, porque queremos lutar pela manutenção da Democracia, que apenas será viável pela reafirmação dos valores de Abril, proclamamos a imperiosa necessidade de: Assunção de um compromisso nacional na defesa e manutenção do Estado Social que legitimamente satisfaça as necessidades básicas, erradique a pobreza “vergonha de nós todos”, e abra um caminho de esperança e de luz para o sector mais desprotegido da sociedade portuguesa que lhe possibilite o acesso à formação, educação e emprego.

Assunção de um compromisso nacional para a promoção de um duradouro programa de educação e investigação científica, para qualificação dos jovens nas áreas fundamentais da globalização.

Assunção de um compromisso nacional para a promoção de um programa duradouro do sistema judicial, de forma a tornar a justiça mais célere e mais próxima dos cidadãos, sem descriminação entre pobres e ricos.

Assunção de um compromisso nacional duradouro de um programa de emprego agregador e integrador dos vários saberes e competências acumuladas, que incentive o regresso de milhares de “cérebros” forçados à emigração, que incorpore jovens licenciados, agregue adequados programas de formação para jovens que abandonaram os estudos, e para trabalhadores activos que necessitem actualizar e melhorar saberes e competências.

Assunção de um compromisso nacional e duradouro de um programa de desenvolvimento económico sustentável à adopção dos objectivos enunciados para a manutenção do Estado Social e dos programas de educação, justiça e emprego.

O governo e a cobertura que lhe é dada pelo Presidente da República protagonizam os fautores do “estado a que isto chegou” razão pela qual não serão eles a quem possa continuar a confiar-se os destinos de Portugal.

Torna-se, por isso, urgente uma ampla mobilização nacional para sermos capazes de aproveitando as armas da Democracia mostrar aos responsáveis pelo “estado a que isto chegou” um cartão vermelho, que os expulse de campo!

Temos de ser capazes de expulsar os “vendilhões do templo”! Os desmandos e a tragédia da actual governação não podem continuar!

Igualmente, temos de ser capazes de retornar às Presidências de boa memória de Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio! O 25 de Abril foi libertação e festa, passou por participação e desenvolvimento, mas passou também por retrocesso e desilusão, fruto da corrupção e esbanjamento. Hoje sofre revanchismo, roubo e destruição.

Que se consubstancia em despudorados ataques à saúde pública, à educação, à segurança social, ao direito ao trabalho, ao direito a uma velhice sossegada, e aponta para o fim das liberdades, da soberania e da democracia.

Temos de ser capazes de ultrapassar os sectarismos, temos de ter a capacidade de, contrariamente ao que normalmente acontece, e reconhecer o inimigo comum, mesmo antes de sermos totalmente derrotados. Vencendo o conformismo, temos de ser capazes de resistir de novo, reconquistar as utopias, arriscar a rebeldia e renovar a esperança! Recolocados os valores da madrugada libertadora, nessa altura, vencido o medo, poderemos então retomar a esperança de continuar a construir Abril!

 
Viva Portugal!
Viva o 25 de Abril!

 
 
25 de Abril de Abril de 2014

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Vampiros



No céu cinzento
Sob o astro mudo
Batendo as asas
Pela noite calada
Vem em bandos
Com pés veludo
Chupar o sangue
Fresco da manada
 

Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

 
A toda a parte
Chegam os vampiros
Poisam nos prédios
Poisam nas calçadas
Trazem no ventre
Despojos antigos
Mas nada os prende
Às vidas acabadas
 

São os mordomos
Do universo todo
Senhores à força
Mandadores sem lei
Enchem as tulhas
Bebem vinho novo
Dançam a ronda
No pinhal do rei
 
 
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada
 

No chão do medo
Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos
Na noite abafada
Jazem nos fossos
Vítimas dum credo
E não se esgota
O sangue da manada
 

Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada
 

Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

 

 
José Afonso
 
 
++++
 

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Chão bom


 

Aos amigos em viagem,
seja mocinha ou grisalho,
dou guarida, hospedagem,
fofa cama, bom soalho.
  

Ortopédico rijo chão,
com manta de lã às riscas,
conserta qualquer comichão,
cura as mágoas mais ariscas.
 

O sofá, para quem queira,
seja andarilho alistado,
venha de Braga ou da Beira,
ficará bem acoitado.

  
Abrange mercês matinais:
banho quente na ementa,
mel, boas frutas nacionais,
a tiborna suculenta.
  

Arrolando esta proposta,
ao Alentejo talhado
ou do Pico à contracosta,
terás o CAOS partilhado.

 

 

Manuel A. Madeira
24 de Abril de 2014

quarta-feira, 23 de abril de 2014

A santa hipocrisia da fingida santidade




O ex-secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone, inaugura em maio a sua nova residência no Vaticano. Trata-se de uma cobertura de luxo com 700 metros quadrados, o que está a irritar o Papa. http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=3825060&seccao=Europa

 
O senhor Francisco não tem nada que irritar-se, até porque a ira é pecado. Vem nos manuais católicos.

E em vez de se irritar, que decida. Basta tomar uma decisão.

Decida dar um fim socialmente útil ao luxuoso espaço, mande o Tarcisio para um convento de frades mendicantes e excomungue quem arrebitar o nariz. Também consta do catálogo do direito canónico.

A verdade é que transparece da notícia que o Vaticano é governado através da comunicação social. Em vez de tomar medias, o senhor papa mandou alguém enviar a informação às redações para encostar o cardeal de luxo à parede.

Mas porquê, se o papa católico tem todos os poderes do céu e da terra!? Por que não os usou antes deste escarcéu?

A explicação é simples.

Por mais poderes que invoque, defronta uma tenebrosa rede de interesses nada cristãos, enraizados há séculos naqueles palácios. Sim, o topo da pirâmide hierárquica católica vive em palácios. Como nababos. Parêntesis [parafraseando a retórica católica]: o que diria Jesus deste luxuoso despudor!?

Afinal, a notícia não deixa de ter alguma utilidade para o mundo: ser o próprio papa a desmascarar a inconsistência do aparelho ideológico chamado Santa Sé. Santa!? Que santidade...
 
!!!!!
 

terça-feira, 22 de abril de 2014

Racismo nem pensar!




Não fossem as contradições e teria alguma graça, quiçá desmistificadora:

Quando nasci, era preto.
Quando cresci, era preto.
Quando pego sol, fico preto.
Quando sinto frio, continuo preto.
Quando estou assustado, também fico preto.
Quando estou doente, preto.
E, quando eu morrer continuarei preto !

E tu, cara branco.
Quando nasce, é rosa.
Quando cresce, é branco.
Quando pega sol, fica vermelho.
Quando sente frio, fica roxo.
Quando se assusta, fica amarelo.
Quando está doente, fica verde.
Quando morrer, ficará cinzento.

E vem me chamar de homem de cor ?

(Escrito por uma criança Angolana)
 
Primeira contradição, para não dizer primeira mentira, ou seja, uma ratice tipo Relvas: criança não escreve assim!

Segunda, não se combate o racismo com prosas contra civilizacionais. A verdade é que somos

 
 
Já agora, autor tem nome. Faltou no canal que me bateu à porta.
 
 

sábado, 19 de abril de 2014

Figurinha a fingir figura

 

Alguns 'laranjas' confessam-se "fartos" de Assunção Esteves
http://www.noticiasaominuto.com/politica/205730/alguns-laranjas-confessam-se-fartos-de-assuncao-esteves?utm_source=vision&utm_medium=email&utm_campaign=daily

E os outros portugueses!? Estamos todos fartos, fartíssimos, do fartote de caricaturas da D. Assunção.

Uma consulta a imagens Google e é-nos apresentada uma vasta galeria dos seus esgares.

A agressão oral aos capitães de Abril, foi a última, mas não a mais grave. Quem não se lembra de, perante manifestações de Cidadãos na AR, a senhora ter alegado tratar-se de ato criminoso.

E o Expresso já lhe leu a sentença ao publicar esta frase coveira:

Assunção Esteves nunca foi tida como muito sã da cabeça
http://expresso.sapo.pt/assuncao-esteves-nunca-foi-tida-como-muito-sa-da-cabeca=f865421

Mas Portugal precisa de figuras de Estado, gente com envergadura para o representar, não figurinhas destas, sem estatura de estadista nem aptidão psicológica. O apego ao poleiro não basta. E afinal nem poder tem, de tanto ter caído no ridículo. Ombreia com outras figurinhas da corte do Passos, com destaque para o Relvas.

Pois os social-democratas bem podiam desfartar-se dela: bastava mandarem-na para casa à moda soviética (salvar as aparências):

Por motivos pessoais, sua excelência, bla bla, pediu dispensa das funções a que tanto brilho imprimiu.

[ O brilho dos flashs sobre os seus descontrolados comportamentos, as suas posturas anedóticas e os seus dizeres de pompa oca. ]
 


Humor negro

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quinta-feira, 10 de abril de 2014

Que prescrevam as prescrições, banidas e enterradas




"Prescrições minam a confiança nas instituições"


O Banco de Portugal "partilha" da "preocupação pública" relativamente às recentes prescrições de processos relativos ao sistema financeiro, afirmou o governador Carlos Costa durante a sua audição no Parlamento. http://expresso.sapo.pt/prescricoes-minam-a-confianca-nas-instituicoes=f864902


Tivessem as "instituições" alguma vergonha, alguma dignidade e um pouco de respeito pelos Cidadãos e já teriam eliminado as prescrições.

Já as teriam varrido dos códigos, desalojado das leis e dos regulamentos. Enfim, tivesse o Portugal atual estadistas de corpo inteiro e deputados que honrassem o mandado que lhes foi conferido pelos concidadãos e as prescrições acabavam. Como acabariam tantas negociatas que as prescrições ilegitimamente branqueiam.

Que bons serviços prestariam à Ética e à justiça sem aspas!
Que mais eficaz medida de redignificação das ditas "instituições" poderiam tomar!?

Mas as prescrições não prescreverão porque hoje os eleitos são agentes de interesses encapotados e não institucionalistas dos seus eleitores.

E os juristas, profs e dotôres, consultores e outros mangas-de-alpaca doutrinários, berrariam aos quatro ventos os atropelos à tradição, ao direito romano, essa oportunista bengala.

Os mesmos que se calam como pedras tumulares perante as prescrições que favorecem ricos e poderosos trafulhas. Essa indignidade é que bem podia prescrever!

terça-feira, 8 de abril de 2014

O bom cinema francês voltou e voltou em alta – Você não pode perder 'Palácio das Necessidades'


 

Um frenético fala-barato como Ministro dos Negócios Estrangeiros.
 
Uma corte de assessores e consultores de qualquer coisa, mas especialistas em manipulação entre eles e com o exterior.


Um aprendiz da diplomacia de agradar e mascarar.

Mas também um ponderado chefe de gabinete, âncora psicológica e traço de união entre as diatribes ministeriais e a burocracia instalada. E também o melhor dos atores do filme: Niels Arestrup.

 
Ah e a atual namorada do PR francês no papel de adida para África; que ao desvertir-se provocatoriamente explica o porquê das escapadelas de Hollande...

 
Conclusão
Um filme bem humorado, com uma linha condutora consistente com a pompa balofa de diplomacias de meio mundo. A boa fotografia e alguns efeitos especiais ajudam na caricatura.
 
++++
 
 

sexta-feira, 4 de abril de 2014

O sonho russo do peixe português




"O sonho de qualquer russo é empanturrar-se com peixes e mariscos frescos lá em Portugal."


Leio isto no texto de Marco C. Pereira, A ilha-mãe do Arquipélago Gulag, publicada na tabu do passado 14 de Março, e foi dito pelo seu anfitrião russo.

Tal como os russos, também eu sonho com peixe grelhado, mas a verdade é que realizo o sonho frequentemente. O do peixe, que do marisco ando arredado há muito. Política.

Política de encolhas, política de colesterolemia e política de não seguir a política de novos-ricos da política.

A verdade é que a maioria dos portugueses não se baba pelo peixe fresco porque o come com regularidade. Quanto ao marisco... isso é outra conversa. Voltemos ao peixe.

E outra verdade é que somos uns impenitentes lamechas. Lamentamo-nos da chuva e do sol, do sim e do talvez, eh pá, nunca mais chove, a humidade dá-me cabo dos joelhos. E dos robalos de aviário. Da sardinha magra e do espinhoso safio.

Mas lá os vamos comendo, ao contrário dos russos que só em sonhos. Exceto os abençoados filhos da queda do muro, que enchem os aviões a caminho dos nossos grelhadores à meia praia.

Bom, em nome da não ingerência nos assuntos internos alheios e da amizade entre os povos, fechemos este canal político.

Sejamos, pois, bons amigos, amigos sem espinhas. E amigos do peixe fresco, quem sabe se confrades de uma futura Confraria do Peixe Escalado Rússia - Portugal...


Façamos então um brinde àquele bom sonho russo e ao sucesso da confraria.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Bicla


Meu amigo, amiga minha,
transmontano ou alfacinha,
Olha a chuva d'abalada,
e tu com ela argolada.

 
Deixa a sorna, o comodismo,
essa dor, esse laxismo.
Limpa selim, pedaleira,
e a bicha traiçoeira.


Aperta raios e ponteiras;
sem desculpas, ratoeiras,
oleia pedais e corrente,
malha esse corpo indolente!

 
Vai, pedala confiante
pelo Minho verdejante
ou terreola algarvia,
desfrutando a ciclovia.

 
Em passeio, regalado,
o guiador bem filado,
btt ou pasteleira,
desmói bocha petisqueira.

 
Até podes dar uns tombos,
amarfanhar esses lombos
nas curvas mais apertadas,
as canelas escalavradas.

 
O teu esforço é compensado:
muito ar puro, um ar rosado,
poupas sofá, soltas bufas...
Larga lá essas pantufas!

 


 

© Manuel A. Madeira
     2 de Abril de 2014

 

terça-feira, 1 de abril de 2014

Terrorismo toponímico

Lisboa, 28.Março.2014
 
Que crime, tão mal empregada tinta, que na cara de quem a desperdiçou lhe lembraria que destruiu património coletivo.
 
Goste-se ou não da herança de Cunhal, teve um papel na nossa história. E como vencido nem os seus mais chegados lhe conseguirão limpar esse papel. Nem o vândalo que enojou o seu nome.
 
E alguém sabe quem foi o professor Lopes de Oliveira!? Nem na Parede, quiçá.
 
O que terá ensinado, que coisas escreveu também não. Não será pela sua obra que o criminoso paredense emporcalhou a placa e a vila; apenas evidenciou a geral impunidade destas marcas contra civilizacionais.
 
Tivesse Portugal Estadistas, fosse Portugal um Estado de Direito...
 
Mas não, nem sequer tem nos órgãos de soberania qualificada maioria de gente norteada pela Ética, pelo bem comum.
 
E como e exemplo vem de cima, cabe-nos evidenciar os desmandos de uns e outros!
 
Parede, 31.Março.2014
 
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