sábado, 24 de outubro de 2020

A vacina e o Marcelo, eu e o populismo


O Marcelo foi vacinado. Contra a gripe e contra o recato de um tratamento privado. Como se fosse acontecimento de grande relevo nacional chamou as televisões.

Cadeira estofada, confortável, presidencial.

Peito feito, braço oferecido, imaculada camisa branca.

Também eu fui vacinado! De pé, que é fim de turno, a enfermeira nem me deu tempo para tirar a camisa.

Como é estreita no braço e não subiu o suficiente, quis despi-la, mas ela logo ma ia desabotoar, o que consegui antecipar:

– Dois botões chega! Suba o ombro.

E meio desenfarpelado, ombro ao alto, rapidamente me espetou a agulha e espremeu a seringa.

– Bem-u-ron se tiver febre; gelo se inchar.

Não sou PR, estive numa linha de produção mecânica. Oleada, mas mecânica, sem mesuras nem simpatia plástica. A Rádio Tutifruti longe da vista e televisões viste-las… Nem a CMTV me azucrinou sobre mazelas do SNS.

Fica certificado, sou Cidadão Comum: vacinado com camisa vestida, sem cadeira nem televisões.

Ai se houvesse vacina contra o populismo...

 


terça-feira, 20 de outubro de 2020

Evitar o contágio da grave doença belga


A TSF, no noticiário das 18 horas de 19 de Outubro, anuncia-nos 9 ministros da saúde na Bélgica.

Um país de 11 milhões de habitantes e do tamanho do Alentejo com 9 – nove – 9 ministros da saúde!!!

Má tradução das designações dos cargos regionais e provinciais ou um exemplo para Portugal não cair no caça-níqueis da regionalização!?

A ser verdade, evitemos o contágio, que muitos dos nossos políticos estão mortinhos por subir na vida.

A regionalização defendida como varinha mágica para os nossos problemas de desenvolvimento, burocracia e corrupção não passa de rampa de lançamento de políticos de olho em mais altos voos.

O presidente da câmara, catapultado para um tacho na ambicionada Junta Regional, abre vaga e o presidente da junta põe-se à espreita. Entretanto, recruta assessores, secretárias e adjuntos, pagam-se lealdades e acertam-se favores, um regabofe de mobilidade social, gabinetes com novos sofás e novos carros. E o etc. não pára…

Com a regionalização apenas se ampliaria a cadeia decisória, tal a nossa tradição do “À consideração superior”, isto é, as decisões em maior ou menor grau desaguam no Terreiro do Paço.

A burocracia, esse apego doentio ao controlo milimétrico das voltinhas dos papéis, mesmo que digitais, seria entupida por mais um nível de empastelamento.

 

Regionalização? Não, obrigado!

Olhem para a teia belga…