quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Desmazelo no Parque Florestal de Monsanto


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Estas imagens, de há uma semana, não são únicas.

Repetem-se um pouco por todo o Parque Florestal. O abandono é evidente. Em estruturas, a Luneta dos Quartéis, os Moinhos do Mocho e o ex-Clube de Tiro a Chumbo (agora Tiro a Arco, mas o restaurante às moscas e várias instalações abandonadas), o restaurante panorâmico junto à FAP.

Assim como noutros domínios.

Imensas placas de identificação de pistas foram vandalizadas, faltando-lhes a chapa metálica com o respetivo nome. Carecem de urgente reposição do suporte informativo, não uma nem duas.

 Pista Rua Fria no cruzamento com a Estrada de Monsanto

Deveriam estar assim (e há muitas intactas), 

 

mas há demasiadas como esta



Tal como os bebedouros, uns sem pressão suficiente e outro com a concha cheia de água, o tubo de escoamento entupido. Só lá bebe quem não pensar nas consequências de tal imprevidência.



Os cínicos dirão que, ao menos, serve para as vespas saciarem a sede ou refrescar o ferrão. Mas não, falta manutenção!

Não há um canalizador que, uma vez por mês, os observe a todos e repare os avariados ou simplesmente os desentupa!?


Outro exemplo de negligência (38,735453 -9,185782]

2016

2012

É gritante como se deixa uma placa enferrujar a este ponto; a informação original foi  comida pela ferrugem. 

E não ontem nem anteontem. O abandono tem largos anos, ninguém duvide! Veja que a primeira foto do ex-sinal é deste ano e a seguinte de 2012. No mínimo meia dúzia de anos ao deus dará. 

Será por estar num local de difícil acesso!? Nem pensar, encontra-se à beira de uma bem conservada pista! Pista, note bem, caro leitor, estimada leitora, é um estradão de terra batida por onde facilmente circulam veículos de 4 rodas, incluindo carrinhas do Município de Lisboa ao serviço do Parque Florestal de Monsanto.

À falta de melhor é preferível arrancá-la… ao menos não exibe o amadorismo de quem deveria gerir o parque.


E como pode o município ter ali parques de merendas com mesas e bancos à sombra e água corrente e não os dotar de sanitários!? A resposta está nos inúmeros locais tapeteados de papel higiénico a 30 metros das mesas e bancos merendeiros…


Uma exceção à incúria relatada e a outras a que um dia voltaremos: as pistas, em geral, bem conservadas. Notam-se, aliás, trabalhos recentes de manutenção; a gravilha recente mostra-o, nalguns locais nem ainda acamou bem.


Já agora, quem queira gerir o parque tem de o conhecer e não é de carro. Uma boa parte pode ser percorrida em veículos, é verdade, porém a observação cuidada implica ver de perto, passar uma e outra vez nos locais, nos trilhos de acessos bem discretos e em recantos de escondidos encantos. Necessário, portanto, um gestor-zelador-caminheiro…


Tenha a Câmara Municipal de Lisboa interesse e acompanharemos quem tome em mãos as reparações do material do Pulmão de Lisboa que pedem cuidados imediatos.
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segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Salazarismo de 1932-74 apouca Cidadãos de 2016




Estamos no auge dos incêndios florestais, com rara intensidade, muitas casas, matas e lameiros assaltados pelas labaredas.

E os seus donos, familiares, vizinhos e amigos, de coração nas mãos, o sangue em brasa e grande coragem combatem com as armas de que dispõem.

E as televisões mostram-nos incansáveis, desesperados e frustrados. Com toda a justiça.

Mas ao mesmo tempo que registam o seu esforço atribuem-lhes o estatuto de pobres diabos. Subliminarmente!

Por desconhecimento. Por seguidismo abúlico, "todos dizem assim"…

A verdade é que ser jornalista é ser curioso, saber um pouco de história de Portugal e pensar nas palavras que usa.

Pois os repórteres das frentes de combate aos incêndios não se cansam de mencionar populares exaustos, entrevistar populares que defendem as suas terras e de elogiar populares tão determinados.

Soubessem aquela pitada de história, tivessem estudado um pouco mais de propaganda e jamais citariam populares a enfrentar catástrofes pessoais.

Populares é um estigma, a forma depreciativa, minimizadora da dignidade cidadã, usada pela propaganda salazarista para mencionar pessoas comuns, Cidadãos anónimos ou pobres.

Cidadãos a quem o salazarismo colava o rótulo sub-reptício de "inferiores" aos instalados, aos "bem pensantes" e às "pessoas de bem".

Fossem Cidadãos lá bem do interior, do Alentejo, do Minho ou das Flores, arruaceiros alvo de notícias policiais ou Cidadãos de algum modo inconvenientes ao regime e eram etiquetados de populares nos jornais e na televisão. 

E esta técnica de propaganda pegou. Ora, passados tantos anos sobre o 25 de Abril, ainda há populares na boca de jornalistas!

Tantos livros depois, tantos artigos e debates radiofónicos e televisivos sobre a ideologia salazarista e ainda há quem vá beber ao livro de estilo da ditadura!!!

Como se não bastasse escrever Moradores e Vizinhos, Cidadãs e Cidadãos, ou simplesmente pessoas!


António Ferro, o ideólogo da propaganda salazarista, rejubilaria, lá do fundo da tumba, ao ver a sua peçonhenta bússola a orientar jornalistas. Em 2016!


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