segunda-feira, 31 de maio de 2010

Trata bem o teu


Coustouges, Pirinéus orientais
26.Maio.2010


Terrorrismo urbano catalão

Ana
Cá está a prova de que não é só em Porugal que a impunidade estimula o crime.


Terrorrismo engravatado

Raid de forças israelitas contra um navio turco da frota pró-palestiniana que transporta ajuda para Gaza provocou mais de 15 mortos. http://aeiou.expresso.pt/ataque-israelita-a-navio-turco-faz-15-mortos=f585861


O que é terrorismo!?

Não é terrorista quem usa armas Made in USA, ataca navios mercantes como os piratas somalis e assassina pessoas desarmadas, desde que ao serviço do sionismo!?

Obama, protector de terrosristas de Estado, esse fará mais um discurso-camuflagem sobre os direitos humanos... abençoando racistas.

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domingo, 30 de maio de 2010

Epitáfio de Manuel Maria



Manuel Maria du Bocage



Lá quando em mim perder a humanidade
Mais um daqueles que não fazem falta,
Verbi gratia – o teólogo, o peralta,
Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade:


Não quero funeral comunidade,
Que engrole sub venites em voz alta;
Pingados gatarrões, gente da malta,
Eu também vos dispenso a caridade:


Mas quando ferrugenta enxada idosa
Sepulcro me cavar em ermo outeiro,
Lavre-me este epitáfio mão piedosa:


“Aqui dorme Bocage, o putanheiro:
passou vida folgada, e milagrosa;
comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro.”

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sábado, 29 de maio de 2010

"La" grande salada


Temperos não faltam, nem sequer os nutrientes saudáveis: paisagens e baguetes, grelhados e fromage, colza e vin rouge, caminhada com certa patada, fotos à rigoler e verdura tout le temps.

Comer botifarras como pretexto para saborear a boa companhia;

Ver rochedos como muralhas e igreja com altos-relevos de caras humanas;

Ouvir Dietrich, que não é Marlene, mas tem uma Tramontana que toca o coração;

Ter Alain siempre disponible, como o grand Gandi catalão;

Ouvir franceses e catalães num esforço real para nos perceberem e ensinarem;

Engolir saussissons mastigados como poema picante;

Ter Danielle como mestra que não desayuna, mas varre as ordures, fala baixinho e é agora "tuga" honorária na casa dos 8 da vida airada.

Ver Dominique com dedo para as coisas tocantes do Canigou e arredores;

Beneficiar da préalable organização minuciosa do Zé, sempre atento aos pormenores e empenhado em que tudo corra sobre carris;

Contar com duas mulheres de armas no úmero 15, que mantêm a casa em ordem;

Ouvir Cristian, incansável e amável, como tradutor todo-o-terreno;

Apreciar o Brandão que não ressona, mas está a criar o dicionário de crioulo luso-franco-castelhano-catalão;

Ouvir o alegre António da cosa de hombres que um dia usará vigatanas;

Saber que a Ana que já foi "Aná" nos tira de aflições linguísticas;

Subir ao Mont Capell parra desenferrujar uns e torturar outros;

Ouvir a Elsa dizer que não é menina nem Elsinha, ela que me põe nas fotos e está sempre a lavar liça;

Tirar o chapéu à "Teresá" que um dia será Teresa, que nos encheu de orgulho pela granada de bacalhau;
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foi uma grande salada de gargalhadas e amizade com gente boa que deu aos portugueses nova energia: Força al canut!



Tapis, 28 de Maio de 2010
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Tinta placebo

Passou a tarde a olhar o horizonte vazio, melancólica, triste.

Olhou as mãos vazias, dedo a dedo e unha a unha. Triste.

Também triste por não ter tinta vermelha, pintou as unhas a tinta-da-china, de luto. Luto carregado.

Que tinta! Lavou-lha a alma e levou-lhe a melancolia. Que tinta, que placebo!



St Laurent de Cerdans, 27 de Maio de 2010
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Portugueses conquistam Mont Capell

1195 metros

 

Canigu ao fundo.


Contito: Prenda especial

Antónia acordou assarapantada com a brusquidão com que a porta se abriu. E com o filho a atirar-se para cima dela. Meloso, eufórico e extasiado. Anda assim há uns dias.

Ela mal passara pelas brasas neste sofá de fim de tarde onde queria encerrar o dia pesado. Passara toda a semana no estaleiro e o atraso na obra tinha feito mossa. Chegara a casa exausta, rabugenta, já tarde e o jantar por fazer. Recambiou o marido para a cozinha, que era a sua vez de chorar com a cebola, de picar os alhos, os dedos e os tomates, e de garantir o tamboril malandrinho.

Quando ele saiu da sala, respirou fundo, afundou-se no sofá e ligou a televisão no canal soporífero. Certo e sabido que, em segundos, o Morfeu toma conta dela. É o costume dos dias pesados: canal dos mares, almofada redonda nas costas e almofada grande na nuca e no instante seguinte só ouve o tilintar da cozinha como se viesse das profundezas oceânicas. Um quarto de hora assim e renasce… pronta para o seu Zé, no fogão ou no que calhar.

Mas hoje foi diferente. O filho anda com a cabeça no ar, encantado com a Francisca, aquisição recente, e entrou em casa como um furacão: atirou-se a ela, sôfrego de atenção, de atenção de mãe. E ela abraçou-o. Embora automaticamente, pois ainda estava anestesiada pela soneca interrompida e já um pouco saturada da lengalenga: A Francisca é especial, é única!

O filho repete este refrão, intercalado com a descrição das qualidades, o enaltecer da inteligência, o evidenciar do bom senso. Tudo isto numa rapariga do Norte.

–  Mãe, é do Norte e é do Benfica, já viste a minha sorte!? É uma rapariga especial, é mesmo uma rapariga única!

–  Sim, filho.

–  Oh mãe, não me estás a ouvir… Mãe, ouve lá…

–  Sim, diz lá, estou a ouvir-te muito bem…

–  Mãe, ela… a Francisca, a minha querida Francisca, é tão bonita!

–  Pois é.

–  E muito decidida, fez o InterRail o ano passado, sozinha, sem medo nenhum.

–  Pois…

–  Tem umas notas óptimas, é uma querida com os pais, adora os avós e faz voluntariado em Cascais. Só ela… É especial.

Já ouviu esta arenga um par de vezes, o que a começa a irritar. A Francisca não será má rapariga, isso não, mas Antónia sente que tem de pôr alguma água naquela paixão, não vá o filho ficar como já o vira noutros capítulos. Quanto mais alto é o castelo… lembra-se sempre do dito do Tio Hilário. É verdade que a miúda tem boa presença, não diz Vistes nem Há-des e tem conversas atiladas, mas é uma rapariga normal para a idade e para os tempos que correm. Só os olhos do filho a vêem “especial”.

Decidiu naquele momento que levaria a peito a sua missão de mãe galinha de adolescente embeiçado. Mesmo que lhe doa um pouco, tem de ser, tem o dever de o alertar para evitar rombos emocionais. Adopta uma postura pedagógica, pelo que recapitula o que ouvira nos últimos dias.

–  Bom, meu filho, não é má rapariga, lá isso não, mas especial!? É inteligente, pois é, mas também a Mariana e a Joana o eram e foram à vida.

–  Mas ela é diferente, mãe, muito diferente!

–  Bom, bonita… não, não é feia. Mas nem mais nem menos do que todas as miúdas que trazes cá a casa.

–  A Francisca é diferente, é única.

–  Querido filho, já sabes, não te quero magoar, mas vamos lá ver se nos entendemos… É boa estudante, desembaraçada e do Benfica, já agora! Tem bom português e é voluntária num hospital. E depois!? O que é que faz dela tão especial, além do nariz empinado?

–  Mãe… não sejas tão derrotista, não gostas mesmo nada dela! Não te calas com o nariz… Ela até é simpática contigo!

–  Pronto, filho, se tu gostas dela, se estás apaixonado… mas depois não me venhas choramingar como das outras vezes.

–  Mas não achas que ela gosta de mim?

–  Acho. E achava o mesmo da Catarina, da Mariana e da Joana, mas tu ficas logo assim, obcecado, nem vês, achas que a primeira que te aparece é sempre excepcional, uma coisa do outro mundo.

–  Pronto, posso ter-me enganado com as outras, mas a Francisca é diferente, é mesmo especial. Não achas!?

Antónia respondeu com um encolher de ombros e uma careta desconsolada e foi ter com o marido, em retoques finais no tamboril. Encostou-se a ele, pôs-lhe uma mão no ombro e desabafou:

–  Oh Zé, temos aí mais uma especial! Já viste a nossa sorte!? Só especiais…

–  Especial, esta? Então esta!!! Faz uma cara de enterro à sopa de cação… E diz que a açorda alentejana lhe dá volta ao estômago! Especial, só se for por não gostar de coentros!!! A única portuguesa que não gosta de coentros! Saiu-nos cá uma prenda… Mas que rica prenda… uma prenda especial…!






Manuel A. Madeira
Lisboa, 24 de Junho de 2009

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Contito: A menina e a linha

Contito do tempo do meu Avô



50% de ficção



O pai, no campo, cuidava do trigo e da cevada, dos grãos e do olival, quer fosse nos Guizos, no Airoso ou nas Fontes. Noutro campo, a casa, a mãe fazia o mesmo à prole de dois rapazes e cinco meninas com idades em escadinha. Esta irrequieta trupe, prendada pelo bicho-carpinteiro, tinha tanta energia como imaginação e se um dia punha o quintal do avesso no outro eram as galinhas a voar de pernas para o ar no quintalinho!

Enquanto o pai usava adubos, desbastes e mondas, a mãe tratava das barrigas, dos joelhos escalavrados, das birras e tropelias dos filhos. Outro tratamento, com boas migas, belos caldos e castigos quando eram precisos. Açorda com uvas era almoço sossegado, pois enquanto tiravam os bagulhos não se metiam em travessuras. A parreira do caramanchão dava as melhores uvas do mundo, por isso era impensável desperdiçá-las. Um dia um atrevido que as atirou à mana Jeja foi condenado: preso e amarrado… à cadeira! Foi preso à cadeira por uma linha. Um linha de alinhavar! Com uma voz branda, a mãe que nunca gritava, mandou: Zézinho vai buscar o carrinho de linhas!

No tempo do meu Avô, como ainda nos dias de hoje, essa linha é coisa frágil, não resiste a fraca força, qualquer toque a parte. A um filho condenado, a mãe atava-lhe a linha a um pulso ou tornozelo e a outra ponta a uma cadeira. E nada a partia... Porque, ontem mais que hoje, fugir da prisão não era para brincadeiras! Fugir da prisão da linha era caso muito sério, tinha agravamento da pena e a pena era a menina.

Os castigos estavam no código e, não sendo um tratado, não havia artigos com artimanhas. Era justo, todos os sete o sabiam. Porém, as infracções pagavam-se sem apelo nem agravo: pisaste o risco, já sabes, sopapo na hora, linha depois de jantar ou menina mais tarde, se havia visitas! Com conta, peso e medida, sempre por amor e para desburricar teimas e mandrias, enxertava-os também com nalgadas em caso de urgência ou com sobrancelha alçada nos delitos mais leves.

Vai buscar a Menina! doía só de ouvir. Era a pena máxima, ou quase… Em boa madeira de azinho, com uns dois centímetros de espessura, a menina era a palmatória justiceira. Com um redondo de seis centímetros de diâmetro num dos lados do cabo, tinha aí, bem no meio, cinco furos, de onde lhe vinha o nome dos cinco olhos. Menina dos cinco olhos era o seu nome completo.

Apesar da lembrança da linha que os prendera e apesar das vezes que a menina dos cinco olhos lhes pôs as mãos em brasa e os olhos em lágrimas… Apesar dos sopapos e dos puxões de orelhas, todos morreram de velhos, todos foram amados pela mãe e ela pelos sete adorada.

Fui testemunha. Muitas vezes os ouvi dizer: Só se perdem as que caiem no chão! Mas não tenho a certeza que fossem saudades da menina dos cinco olhos e da linha da mãe, a minha Avó Ruas!






Manuel A. Madeira
Lisboa, 11 de Setembro de 2008

quinta-feira, 27 de maio de 2010

La Tramontana

La Tramontana (Vento Norte), no Canigu



St Laurent de Cerdans, 27 Maio 2010

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Bojudo fradalhão

Serviço público cultural

Bocage



Bojudo fradalhão de larga venta,
Abismo imundo de tabaco esturro,
Doutor na asneira, na ciência burro,
Com barba hirsuta, que no peito assenta:


No púlpito um domingo se apresenta;
Prega nas grades espantoso murro;
E acalmado do povo o grã sussurro
O dique das asneiras arrebenta.

Quatro putas mofavam de seus brados,
Não querendo que gritasse contra as modas
Um pecador dos mais desaforados:


“Não (diz uma) tu, padre, não me engodas;
sempre me hás de lembrar por meus pecados
a noite, em que me deste nove fodas!”

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Canigu



Montanha dos Pirinéus orientais, aqui vista de Saint Laurent de Cerdans.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

terça-feira, 25 de maio de 2010

Tróia decadente

25 de Abril de 2010






Hoje é dia histórico para Portugal


Lei de 25 de Maio de 1773, do Marquês de Pombal


Foi nesta data que Sebastião José de Carvalho e Melo, Secretário de Estado do Reino, atribuiu a cidadania plena aos portugueses de religião judaica, eliminando a distinção entre cristãos-velhos e cristãos-novos.

A inquisição católica, que tantos portugueses massacrou cruel e injustamente, é uma mancha negra na história de Portugal. Foi o Marquês de Pombal, grande estadista, que estancou a mutilação do nosso próprio povo, incluindo os nossos concidadãos judeus.

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segunda-feira, 24 de maio de 2010

domingo, 23 de maio de 2010

Lixo vertical

Na capital de Portugal







sábado, 22 de maio de 2010

sexta-feira, 21 de maio de 2010