quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Outback – Dia 2

3 de Agosto


A primeira noite passada num acampamento permanente foi rampa de lançamento para pó e aranhas, osgas e beliches nas tendas, que nos acompanharam até à saída do Outback.



Casas de banho e lavandaria

A verdade é que neste imenso descampado não se viu algo com semelhança a um hotel, pousada ou simples pensão. Pelo contrário, cruzámo-nos com muitas caravanas, carros com atrelados e carrinhas com equipamento de dormida. E as pequenas e quase cilíndricas botijas de gás sugeriam que por perto haveria um fogão pronto para a refeição seguinte.

Invariavelmente, chegámos aos acampamentos noite feita, o que dificultava a instalação, ou seja, tirar o pó do colchão, abrir o saco-cama e encontrar os carregadores de pilhas e baterias no saco de viagem.

A primeira e mais importante operação foi sempre a de deitar a mão ao frontal, que, logo de início aprendemos a ter sempre a jeito. E a ver os companheiros a deambular de lamparina elétrica na cabeça, no pescoço ou os círculos de luz a vasculharem as tendas à cata de qualquer coisa que persistia em se manter fora do alcance.

Mas tudo tem uma parte menos… e não fossem os frontais e nunca ninguém teria visto pó a mais nem se queixaria das osgas e aranhas como companheiras de pernoita!

Este foi um dia forte em figuras rupestres com 20.000 anos segundo o catálogo.  Boas tintas usaram os artistas em Ubirr, no Kakadu!







Também houve subida ao afloramento rochoso com vista a perder de vista.





terça-feira, 30 de agosto de 2011

Estudo inútil



O politólogo Manuel Meirinho anunciou segunda-feira que o estudo que está a desenvolver sobre a redução do número de deputados na Assembleia da República, a pedido de Pedro Passos Coelho, estará concluído dentro de um mês. http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=27353

Ninguém tenha a menor sombra de dúvida, o grupinho mais chegado a PPC dirá o número de deputados bom para o país, enfatizando a conjuntura difícil, a estrutura do défice e o bla bla do direito comparado. E será esse o número ótimo, o ideal, o número há muito ansiado pelos portugueses à altura do desafio pátrio.

O estudo servirá para fundamentar qualquer decisão, sendo usadas aí umas dez linhas para o preâmbulo da decisão que um dia se converterá em norma constitucional. Vai uma aposta!?

Em boa verdade, fosse adotada a proposta Formigarras de 99 deputados e esse estudo também daria um par de parágrafos para legitimar uma AR à altura das nossas posses.

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Encenação aborígene em Woolna

2 de Agosto, Parte 2

O primeiro dia de Outback foi marcado pelo contacto direto com aborígenes, numa encenação de boas vindas. O anfitrião da foto, junto a um lago, enche as bochechas com água de uma lata imunda e borrifa a cabeça dos visitantes. Também me submeti ao tosco ritual, fazendo figura de ateu ungido por benfazejo aborígene.





Seguiu-se a demonstração de didgeridu, longo tubo que soprado com os lábios ruidosos produz sons monótonos e melancólicos. Muitos de nós fizeram a melómana experiência, saltando à vista que a higiene não é para aqui chamada.

Houve ainda a sessão de caça ao cangurus e ao porco, num caricato espetáculo para turistas, mas que deixa um deprimente amargo de boca. Os animais de contraplacado fariam sorrir se o episódio não fosse tão pobre.


 

Para encerrar a convivência aborígene uma adolescente com o 12º ano e o telemóvel ao lado fez uma apresentação de artesanato, num inglês difícil de entender.



Nunca se pôs a vista em aldeia ou casa aborígene, por alegado risco de se lhe macular a alma. Esta abordagem da cultura aborígene revelou-se uma encenação primária, pouco digna para eles e muito menos para a empresa que a promoveu.

Do visto, fica uma ideia de pobreza destes aborígenes, contrastando com o carro e a motoquatro que tinham ali ao lado.

Os primeiros crocodilos

A tarde foi de navegação fluvial, com crocodilos, cangurus e aves vistosas.








segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Coisa má da boa vida

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Acordar assarapantado com um telefone aos berros.
???
 

Outback – Dia 1

2 de Agosto


Outback é o enorme interior australiano, semi desértico, para lá do sol-posto, salpicado de little towns que nem aldeolas são e distam centenas de quilómetros umas das outras.

Pouco mais são que bomba de combustíveis, bar e micromercado, além das casas de quem lá vive. Com muita chapa de zinco ondulada.

Fora destes pontos de apoio na Stuart highway não se vê vivalma, descontadas as pessoas dos carros com que nos cruzamos e dos locais turísticos visitados. E são raros os sinais de atividade humana, numa paisagem de arvoredo cada vez mais ralo à medida que se desce a caminho do Sul.



As vedações a sugerir pastoreio só se encontram muitas centenas de quilómetros a Sul de Darwin. E gado, esse, só mais umas centenas de quilómetros depois. Instalações e alfaias agrícolas viram-se na Juno Horse Farm, em Tennant Creek, junto à qual pernoitámos.


O dia começou com a visita a colónia de térmitas, onde um passadiço metálico encaminha os turistas para um conjunto de ninhos da altura de um humano adulto. O chamariz principal dos turistas é um ninho com meia dúzia de metros.




Ao longo de várias quilómetros continuámos a vê-las e de tamanhos variáveis, com muitas da dimensão da da imagem.



domingo, 28 de agosto de 2011

Bater o vinho

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Aviso já: passou-se no Porto e o Toni não é Senhor Toni. Estava dado o mote…
É empregado do restaurante Regaleira e bota o vinho nos copos à laia da cidra nas Astúrias. Levantou a garrafa e fê-la jorrar o verdinho lá do alto até aos copos sem perder um gota.
– Como é que se chama fazer isso?
– É bater o vinho. E lembra-me a minha sogra a mijar de cima de um penedo!

Eu avisei, no Porto os clientes não são flor de estufa. Já na véspera tínhamos sido vacinados: todo o jantar uma tertúlia com o patrão.

Enquanto saboreámos as tripas e as francesinhas o Toni ainda despejou mais umas quantas larachas sobre a sogra, bateu outra de verde que nós despachámos a pensar no Porto do carago! 
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sábado, 27 de agosto de 2011

Darwin – 1 de Agosto


Começámos a travessia da Austrália em Darwin, depois da viagem de avião desde Melburne, de que só lembro os sete dólares australianos por uma garrafa de 375 mililitros de vinho tinto da mesma origem.

Estava o grupo a ouvir o guia, frente à pousada de backpackers onde ficámos, quando surgem raparigas em grande estilo. Raparigas e mulheres feitas, bem vestidas, engalanadas com chapéus hortofrutícolas, imitando a moda de Ascot, os besuntos faciais a condizer e, claro, de saltos altos. Olá, aqui há coisa, que é que se passa!?


Tínhamos começado em grande, com a cidade em festa pelo seu dia de corridas de cavalos e a rua cheia de gente, os pub a abarrotar e alguns com bicha à porta. Também os homens, embora menos enfeitados, mostravam roupa domingueira, muitos só de camisa branca, algumas gravatas e até um chapéu de coco encarnado. Com cerveja a rodos, reina a boa disposição e a malta bem bebida mete-se com os passantes, com cumprimentos de palma com palma de mão e gestos semelhantes.

Depois do jantar, fomos beber uma cerveja e tivemos o ponto alto da noite. Um simpático cavalheiro de chapéu bem mais elaborado que os femininos chamava as atenções e não se fez rogado para a foto.


Idem idem para as duas aussies que aqui deixo como merecem, apesar dos chapéus triviais. Todavia, chapéus!


Os triciclos de aluguer, mostly conduzidos por raparigas, andaram num virote. A partir do meio da noite há mais rapazes a conduzi-los. E foi também por essa altura que as raparigas de saltos altos começaram a andar descalças, com os sapatos na mão!


Mas nem tudo são rosas. Os três ou quatro aborígenes bêbados pedintes sentados no chão não dignificam um país como este. Como também não é um bom cartão de visita a proibição de venda de bebidas alcoólicas em certas zonas da cidade e só se venderem mediante documento de identidade.
O meu Cartão de Cidadão, apresentado como european id, foi digitalizado na loja onde comprei a garrafa de vinho do jantar. A verdade é que não parece que se ligue muito à proibição. Pelo menos em Darwin, pois à meia noite patrulhas de quatro polícias andavam na rua em atitude de sedativo anti-alcoólico.

O quarto sem casa de banho, mas com janela para largo interior do backpackers hostel, parecendo mesmo por debaixo da minha cama, só me deixou dormir aos bochechos.
Rapazes e raparigas em farta farra arrulharam como gralhas azucrinando-me o sono até às tantas. Alvorada às 5H00, bitola que se repetiu com frequência.
A outra referência que nos acompanhou toda a viagem foram os preços. Tudo muuuuuuiiiittto caro: banana Product of Australia a 13,45 dólares australianos e caneca de cerveja por 6.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Austrália

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Foram 6.846 Km de autocarro cruzando a Austrália de alto a baixo, pela Stuart Highway, de Darwin a Port Augusta e depois por outras vias até Melburne.



A highway é um bom IP dos nossos e não uma autoestrada como o nome sugere. Cumpre bem a sua função e está bem dimensionada para o tráfico que a cruza, com retas enormes, bom piso e sinalização frequente, com destaque para os sinais amarelos.



Procurarei trazer para aqui imagens, curiosidades ou episódios das três semanas nos antípodas, numa tosca pincelada sobre aquele enorme, vazio e curioso país. Não será folhetim com dia e hora marcada nem relatório de ocorrência. Pinceladas apenas, caro amigo, sendo que certo que o pincel é esquivo e pouco dado a comparações com boletim clínico...

Se, no fim, ficar com alguma vontade saber mais ou de lá dar uma saltada, como eu já tenho de voltar para circundar a grande ilha, isso seria bem mais que uma tela saída das mãos de um estraga-tinta.

Mantenha-se atento, caro leitor e estimada leitora, aos salpicos da paleta.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Galo salvador

A Austrália do Sul tem uma campanha de segurança rodoviária muito séria e inteligente e, por isso mesmo, tocante.

Nenhum condutor esquece os placões com que se cruza:






Também por cá temos de fazer alertas fortes, embora nunca tenhamos enveredado pelo humor corrosivo. 

Se os australianos pouparem vidas, porque não adaptamos nós a ideia!?

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quarta-feira, 24 de agosto de 2011