sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Bichos

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quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Calem-se!!!

Coitadinhos Os resultados não têm sido famosos, a "caminha" e os azares têm sido desculpas a torto e a direito. E o "atleta-mor", também falou demais, esquecido da máxima da marinha de "limitar as avarias" sempre que o navio mete água. Calem-se, caras e caros Atletas!!! O espectáculo não é ao microfone. Acertem contas quando voltarem... E parabéns ao Nelson Évora e à Vanessa Fernandes.

O Medo, a Igreja e o Estado

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Consultor Multi-usos

Contito A vida profissional de consultor é vida dura, que a concorrência é feroz! Esmaga margens a um limite nunca antes suspeitado, tem custos asfixiantes e então os prazos são impensáveis! Por vezes, para não perder o cliente, são noites e noites sem despegar. Há quem fique à beira da exaustão. É compensador, isso é, mas o profissionalismo de nível internacional tem de ser pago, é óbvio… Carro da empresa, bom carro sempre, para não dar a imagem de uma consultoria indigente e, claro, salários condignos, numa única parcela: 10.000, 20.000 ou 50.000. Não há qualquer semelhança com as facturas da EDP, que cobra mais de metade a título de desculpas rançosas disfarçadas de taxas disto e daquilo. O ambiente da consultoria empresarial é muito exigente e é por isso que também é tudo em grande. Recomenda-se, todavia, antes de apreciações precipitadas, que se tenha em conta o grau de exigência destes peritos. Só os mais dotados sobrevivem. É um esforço continuado, uma dedicação a toda a prova ao cliente, aos partners, à administração e aos outros stakeholders. E não há garantias da hora de chegada a casa. Ou se tem um parceiro ou parceira que trate dos putos e que faça a gestão dos amigos ou a coisa complica-se. Veja-se o exemplo de uma consultora jurídica. São pareceres e mais pareceres, cruzando vários códigos e ordenamentos jurídicos, chega todos os dias a casa exausta e frenética, ainda a destilar CPA, IVA e Direito Internacional Fluvial. Se os filhos lhe pedem ajuda a geografia, ela mostra onde é o país, suas montanhas e rios. E para enjoo dos petizes ainda os inunda com a jurisprudência que nessa tarde plasmou num parecer sobre investimentos do grupo na aquacultura fluvial nesse mesmo país. Os consultores informáticos não estão submetidos a menor esforço. Também eles chegam a casa, quando chegam!, com os neurónios a ruminar bugs que poisaram na aplicação que já devia ter entrado em produção na Polónia na semana passada. E se a mulher lhe fala em esparguete ele lembra-se de strings. Se a filha se atrasa mais uma vez, ele fica furibundo com tanto time-out e a simples queda de um prato na carpete turca o leva a fazer inenarráveis especulações sobre crashagens, o que põe toda a família em overflow. Mesmo em especialidades sem tais rigores tecnológicos, o desgaste é igualmente uma constante. Por exemplo, um consultor teatral anda sempre pelos cabelos com os tiques dos actores, os truques dos autores e envinagrado com os financiadores. Sonha com a sonoplasta que não pára de lhe espetar o decote na fidelidade conjugal e tem pesadelos em que Molière lhe dá sete berros sempre que as coristas falham o compasso. Num quadro tão exigente, o amigo do Consultor Multi-usos surpreende-se. Como é que ele tem avenças de consultoria com tantas empresas... e sempre na maior das descontracções. Qualquer consultor chega a casa meio-morto, sem paciência para nada, exaltado ou abatido e ele sempre fresco que nem uma alface. Um dia não resiste e pergunta-lhe o que é que faz para as empresas de que é consultor avençado. Pergunta-lhe se faz estudos de mercado. Projectos de engenharia? Pontes, casas ou decoração de interiores? Pareceres que fundamentem recursos para os tribunais de segunda instância? Optimização de processos de negócio? Gráficos da evolução da facturação e explicação do atraso nas cobranças? Tendo obtido como resposta apenas um sorriso matreiro, insistiu: - Afinal de contas, explica-me lá, como é que tu és o único consultor avençado que eu conheço que leva uma vida regalada?! Almoças só nos restaurantes de dez estrelas, chegas a casa a horas decentes e não tens úlceras no estômago?! - Vê-se mesmo que não estás no ramo! O meu ‘métier’ é mais no domínio da estratégia. Uso uma ferramenta de gestão muito potente, uso-a a torto e a direito: o telefone. Umas chamadas para este e para aquele e para quem decide ou para quem conhece quem conhece, percebes?! É a minha técnica de gestão número 1, número 2 e técnica de gestão número 3. O telemóvel resolve tudo. Mais umas reuniões lá fora, fora das vistas da concorrência e de gente metediça, como os jornalistas e assim, e está o dia ganho… - Ah, bom, então, mais dia, menos dia, chegas lá mesmo ao topo, não?! - A gente safa-se! Ainda me ‘há-des’ ver bem na vida, pá! Uns ‘bitaites’ para aqui, lábia para acolá… Com discrição, bons contactos e amigos nos lugares certos tudo se compõe, percebes, pá!!!

Torre de Belém Embalonada

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Amostras da Arrábida

Suave Contraste 1 Suave Contraste 2
A beleza dos espinhos.
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Curvas que a Natureza dá

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

A Morte Espreita em Belém

Salvemos as Alfarrobeiras
O jardim que faz a guarda de honra à Torre de Belém não é cuidado a sério desde que os Velhos do Restelo mudaram de ares. Tem um ar decadente, abandonado, mas não resignado... A começar pelo acesso metálico à Torre, que mais parece uma estrutura de estaleiro de obra de Santa Engrácia, a pedir substituição, portanto. A história pede um acesso digno, quiçá em pedra, porque não uma ponte levadiça em boa madeira e honroso ferro?! A relva está cheia de peladas, doente de muitos anos, regada mas não tratada. Curiosamente está satisfatória nas zonas dos jogos de bola! Talvez Portugal só tenha especialistas em relva de futebol, por imposição de Bolonha... E faltam flores. E faltam sebes. E faltam árvores. Não que se proponha uma floresta, embora um bosque de espécies variadas fizesse boa companhia às que lá medram. Medram a custo, pois muitas, talvez a maioria dessas árvores, não são limpas há anos. Têm tantas pernadas e ramos secos no interior das copas, que alimentariam muita lareira! Será assim tão caro olhar para o conjunto do espaço e conceber uma solução funcional e ambientalmente agradável, saudável? E assegurar uma manutenção responsável, ou isso ainda vai ter de esperar pela desmilitarização da zona? Mas o pior, o mais doentio desmazelo no tratamento das árvores mete-se pelos olhos dentro quando se observam as alfarrobeiras. As alfarrobeiras frente ao Forte do Bom Sucesso estão doentes e abandonadas. Há muitos, muitos anos que não vêem um serrote ou uma tesoura de poda. Nem sequer foram bafejadas por fitosanitário que lhes curasse a doença da casca que as devastam. A morte espreita em Belém: as alfarrobeiras de Belém. Tão doentes, a precisar de cuidados intensivos urgentes, pois já poucas darão alfarrobas. Uma tem-nas, mas podres, com bicho, ninguém lhes põe o dente!
Os Velhos do Restelo teriam vergonha destas vãs e inglórias mortes!!!

Pedaços de Lisboa em Agosto

Atitudes turísticas 1
Atitude Turistica 2

Hibiscos de Lisboa

A mais pequena ilha de Portugal


Barragem de Pedrógão do Alentejo.
14.Junho.2008

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Pretos por todo o lado

Contito

Levantei-me cedo, bastante cedo para os meus hábitos de avó dorminhoca. É assim que os meus netos me chamam, e com alguma razão, pois não gosto nada de madrugar. É uma herança do meu falecido Pedro Francisco que também só se levantava quando não podia deixar de ser. Foi assim desde que casámos. Sempre chegou a horas ao trabalho, mas, nos fins-de-semana, ficávamos de papo cheio. Levantávamo-nos quase sempre depois do meio-dia e, em boa verdade, não era só sono, que aquela santa alma que deus tenha não era de estar acordado na cama. Mal despertava acordavam-se-lhe os apetites…

Começava com o solfejo e com a música e eu entrava na dança... Tudo dançava, muito mexido o mê Pedro Francisco, o meu falecido dançava tudo, um verdadeiro artista. Foi assim durante muitos anos. Não me queixo, eu fazia a minha parte, mas não gosto de falar de mim…

Foram tantos anos a levantarmo-nos tarde que me habituei, mesmo depois de ele se ter ido. Quando se foi já não era novo, é verdade, mas podia ter-me feito companhia mais uns anos, tenho muitas saudades. Éramos um para o outro e mesmo quando as manhãs dos fins-de-semana passaram a ser mais dormidas e menos dançadas, sabia-me bem aquele calorzinho.

Volta para aqui, volta para ali, mas lá nos rebolávamos sempre de encontro à fornalha! Tinha uma pele acetinada, morna no Inverno e no Verão, paciência, escaldava mas eu gostava.

Nunca tomei remédios nem fui muito de igreja, de padres ou sacristia, mas fui sempre rija, milagre não foi, que ele até às vezes me dizia que eu era herege porque comíamos carne na Páscoa. Se calhar aqueles exercícios faziam bem à saúde. Agora sem ele, sem o calor dele, que tinha o mesmo efeito que as vacinas, evitando maleitas, é que vejo que estou velhota. Já tenho de tomar umas pastilhitas piquininas, mas quando me esqueço delas sinto-me fraca, não as posso largar.

Quando vou ver a minha filha é que não me posso mesmo esquecer de as tomar. Não aguentava. É muito tempo de transportes, aos solavancos toda a viagem. Vou daqui na carreira das 6 para evitar aquelas confusões de tanta gente sempre a correr, a entrar e a sair do metro e depois no barco e mais o autocarro. Ontem fiz o mesmo e cheguei às 7 ao Campo Grande e aquilo era só pretos.

Não é bem assim, também vi outros mais claros. Mas eram menos. Pretos é que era uma fartura. De onde é que veio tanto preto?! Pretos por todo o lado na estação do Campo Grande, sim, a do Metro. Muitos vinham do jardim, pretos de todas as idades, embora houvesse mais novos do que velhos. Serão perigosos? Não trago muito dinheiro mas ouve-se tanta coisa…

Havia uns pretos parados e outros correr, alguns encostados a portas, a árvores e até a semáforos. Que é que esta gente estará aqui a fazer? Os que estavam parados deviam estar à espera de alguém. Três pretos que pareciam perdidos vieram perguntar-me onde eram os autocarros. Simpáticos, disseram bom dia quando se me dirigiram e obrigado quando abalaram. Falaram bem, percebe-se tudo, mas têm a língua um pouco entaramelada, vê-se que são de fora. Muito sorridentes, estes pretos. Não tive medo, nem lhes vi cara de malandragem…

Quando cheguei a casa da minha filha é que ela me explicou: Oh mãe, é ali que os apanham. São pessoas que vão para as obras e para as limpezas, para lojas e restaurantes. Vão de carro ou carrinha e também de autocarro, metro e comboio, com pressa em chegar ao destino.


Pretos?! São é mouros de trabalho, gente laboriosa que, ainda é madrugada e já vai a caminho do ganha-pão.




Escrito em Lisboa a 9 de Março de 2008