segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Caranguejola ou tranquitana!?


A geringonça morreu. De alvirrubras fasquias, goradas ambições e sonsos amores traídos.

Que tal e qual fénix!? Não surpreenderia o Portugal inconstitucionalmente cristão às mãos do renascido Pedro Santos. 

Para iludir UE/FMI/cavaquistão e atrair indecisos melhor chamar-lhe caranguejola? Ou tranquitana?

terça-feira, 31 de outubro de 2023

A carraça e o profissionalismo no SNS

 

A carraça andou vários dias a passear pelo meu corpo.

Chegada da Serra de Grândola, não terá encontrado ninho acolhedor e qual inspetor, inspecionou. Mas não encontrou encanto em nenhum recanto, prega ou retiro húmido.

Mas passeou, passeou, até que fundeou. Ou seja, cravou fundo os dispositivos de fixação e sucção. Andou nisto uma semana.

Entretanto, há dois, três dias, apareceu comichão no tronco, lateral, um pouco acima da anca.

Coçadela suave sem suspeita. A magana, como se verá no próximo capítulo, estava a 
sugar muito delicadamente.  Sem hostilizar o hospedeiro, está bem de ver.


Até que ontem, arrogância de bicha gorda, ferroou mais fundo e o sinal de alarme alarmou. Observação urgente, o que é, o que não é, e era um feijão pequeno. "Péra" aí, fejanito não tem adesivo, velcro também não, nem garras...

Primeira puxadela, nada. Segunda e nada, tudo na mesma, o coisito pendurado continuava.

Oh pá, qu'é que passa!?  Reforçado a aperto digital, bem apertado, e lá veio a bicha. Gorda! Pudera, vários dias a empanturrar-se de A+...

Convenientemente embrulhada, assim foi esmagada e a cratera desinfetada.

Porém, porém, bons conselhos ouvidos, guia de marcha para o Centro de Saúde.

Isto é só para ver se não ficaram pedacinhos de pernas e dentes.

Enfermeira:
Ná, a médica tem de o ver. Não ficou nada, mas precisa de profilaxia.

Pronto, elas é que sabem. E em menos de meia hora, sem marcação prévia, observações de enfermagem e clínica do inchaço e receita a pingar nas mensagens: Doxiciclina.



Contraparafraseando a campanha atual pelo SNS, sim este é um excelente exemplo do nosso Serviço Nacional de Saúde.


quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Rolha de cortiça de vitivinicultor exemplar



Portugal produz muito vinho e muita cortiça, mas também "produz" adegueiros unhas-de-fome.

Muito do vinho engarrafado que enche as prateleiras dos supermercados tem rolhas de aglomerado de cortiça, vulgo corticite. Certamente que o preço destas é menor do que o das verdadeiras rolhas, as autênticas e genuínas representantes do país, as de cortiça.

A corticite tapa, mas fraqueja. Uma garrafa com este tipo de emplastro ao fim  de uns meses nas nossas casas* começa a esboroar o granulado. E se este é inócuo, sei lá o efeito do aglomerante ao misturar-se com o tintol.

Isto do ponto de vista sanitário, organolético e até visual ao vermos partículas de cortiça moída a boiar no copo.

Porém, na dimensão exportadora, a rolha de cortiça enobrece os vinhos. Mesmo os vinhos que o Isaltino não bebe [ele tem "recursos" a que o Cidadão comum é alheio...] Um vinho para o bolso do português médio, um vinho aveludado com fim de boca prolongado, que não vá além dos 5 euros, quando exportado dá um salto no preço que o John, a Marie e o Klaus, a Tilda, a Kyra e o Matteo pagam com gosto. Mas não lhes cai no goto a rolheca a desfazer-se. E logo desatam a comparar o  vinho e a rolha com as de chapa chilenas e australianas.

Um vinho retrata o país e se Portugal não que ser retratado como produtor de vinhaça barata não deve ombrear com a Austrália ou o Chile, que não têm sobreiros!

O mesmo vinho com rolha de lata, de plástico ou corticite fica, aos olhos do comprador, a léguas do que vem honrado com rolha de cortiça. Porosa para que o néctar respire e elegante para que os olhos brilhem. E o vinho com rolha de cortiça brilha. Fazendo brilhar Portugal.

Todo este arrazoado para dar os Parabéns, muitos Parabéns, à Adega das Mouras de Arraiolos
**, que valoriza um vinho de 3,19€ com rolha de cortiça. Um vinho bom.

Que esta opção de enrolhamento fermente em boas mentes. Que os unhas-de-fome façam bem as contas e não vejam apenas os escassos cêntimos de acréscimo nos custos de produção por garrafa expedida. Que olhem para a rolha de cortiça como benefício estratégico, multiplicador de vendas.



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NB O Formigarras não tem ações nem comissões da Herdade das Mouras da Arraiolos, apenas apreço pelos seus vinhos e rolhas de cortiça.

*
 Caro leitor, estimada leitora,  guarde as garrafas de vinho deitadas, caso contrário pode ter surpresas desagradáveis.

** www.mouras.pt

terça-feira, 8 de agosto de 2023

Descobri as Cigarras


Depois de toda a vida ouvir cigarras e a procurá-las no topo das oliveiras sem sucesso, encontrei-as há dias.

Nunca tinha visto uma cigarra!

Imaginava-as lá no alto, até em buracos. Não sabia que voavam nem que o seu som é produzido na parte inferior do abdómen.

Também desconhecia que há mais de 1.500 diferentes tipos de cigarra. E só agora descobri que têm um comprimento a rondar os 40 mm. Medi, mas sempre pensei que fossem bem mais pequenas.

Vivi próximo dum olival, onde o seu  contínuo e entrecortado zunido de serrar lâminas de alumínio era o concerto florestal mais conhecido.

E por esses trilhos fora, tais monocórdicas orquestras nunca me tinham proporcionando um encontro, fugaz que fosse, com tão esquivo animal.

E eis senão quando...




Vejo numa peça artística vários exoesqueletos amarelos num local onde o seu fretenir (outra descoberta!) é intenso.



E fez-se-me luz: será de cigarra!? Era.

Bastou estar atento à cegarrega e procurar nos troncos com mais carcaças amarelas.


A sua cor é um prodígio de camuflagem, pelo que a localização é facilitada estando atento à proximidade do som. Não é raro estarem a dois metros do chão, com pequenas deslocações.

Agora que as conheço, espero também descobrir os benefícios da sua existência para o ambiente, para o equilíbrio da Mãe Natureza. Se, entretanto, a nova onda de comer insetos não as devorar.

Descobrir é uma vocação nacional.


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Ser informado e fluente não é suficiente.



Estou exausto, cansadíssimo, arrasado, os tímpanos num oito, os neurónios à beira da fumarada... [Fiquei quando a TSF transmitiu em direto.]

Estou estafado da torrente, do rio selvagem de barragem desabada, do imparável jacto de tanta palavra do ministro da economia.

Qual melhor da turma, António Costa Silva, debita números, enumera sucessos da economia e garante milhões para isto é mais para aquilo. Sem travão nem parança, simplesmente cansa!

Os números estarão certos, o raciocínio também, mas o jorro enjoa, desatenta. Que falta lhe faz...

Tanta falta lhe faz um amigo. Amigo que seja amigo.

Pois esse bom amigo lhe dirá que comunicar é fazer-se ouvir, ser compreendido.

Um amigo lhe sussurrará que verborreia está mais próximo de diarreia do que de aplauso.

 

Ser simpático, cortês, informado e fluente não é suficiente.

Oh Costa, Costa PM, mande lá um assessor de comunicação à Rua da Horta Seca dizer ao outro Costa, o Silva, que ou fala pausadamente, em fatias inteligíveis, ou seca a vontade de o ouvir. Ninguém atura tal seca.