sexta-feira, 1 de março de 2013

Saudosismo salazarista – ignorância da história




Pergunto-me se os do Salazar volta imaginam que seriam presos todos os que exibissem cartazes contra o salazarismo requentado.
 
Essa volta não nos salvaria do atoleiro atual, seria, isso sim, a instauração de uma férrea ditadura que faria da liberdade uma miragem.
 
Algumas das transformações que ocorreriam, repetindo a prática até ao 25 de Abril:
 
 – Manifestações e ajuntamentos seriam proibidos; em nome da segurança, mas na verdade protegendo os mais ricos e poderosos, desonestos e oportunistas!

 – Polícias seriam incentivados a agredir mesmo os mais pacíficos cidadãos, ignorando direitos, leis e a dignidade humana.

 – Televisões, rádios e os jornais seriam alvo de censura ou condicionamento editorial.

 – A internet (blogues, portais e redes sociais como o facebook) seriam bloqueados, impedindo a circulação de informação e opiniões contra o autoritarismo, a verdade ou a simples defesa de interesses legítimos.

 E muito, muito mais, tanto que não vale a pena desfiar a meada.

Tudo tomado, o Zé Povinho seria quotidianamente imerso em lavagens ao cérebro para lhes dar a ilusão de falta de alternativa. E todas as proibições e prisões, roubos e trafulhices, vexames e miséria teriam carimbos destes:
 
Superior interesse do Estado
 
 
Defesa da Pátria                             Interesse Nacional
 
Em nome de deus
 
E Salazar não está perdoado; ainda hoje estamos a pagar muitas das suas imposições.
 
Evidentemente que o grande impulso social para formas musculadas de governo é o desespero. O cidadão empobrecido nem sempre tem presença de espírito para separar águas, identificando os causadores do atoleiro.

E o dedo aponta sempre para quem está à mão. Vejam-se os últimos tempos, em que ninguém atira um argumento ao Sócrates.
 
Resta a esperança de que cartazes como este não passem de provocação, infantil embora, mas que  traduzam forte contestação à indignidade de muitos políticos.

E não estamos em 1926. Muita água já passou sob as pontes desde então e estamos na União Europeia, que tem princípios. Que podem ser distorcidos, torcidos e retorcidos (interpretados, dirão os juristas mais academistas) mas dentro de limites. Muito longe de ditadura, portanto.



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