domingo, 26 de abril de 2015

Mediterrâneo, túmulo por indiferença




Mediterrâneo, campa comum

À procura de porto seguro, muitos aqui têm naufragado.

Algo tem de ser feito, não apenas com socorro a náufragos e ajuda humanitária.

Nem sequer com a destruição ou afundamento dos barcos de transporte clandestinos.

A verdade é que não podemos receber todos os que querem instalar-se na Europa.

Já temos elevado desemprego e com milhares ou milhões de imigrantes o mercado "livre" do trabalho os salários rapidamente atingiriam os patamares de miséria por que a tróica e os tróicos Passos e António Borges tanto se esforçaram.

Parcerias empresariais transmediterrâneas, investimento direto no Magrebe e na África subsaariana? Sim, ajudam a estancar o caudal de desespero de muitos africanos. Mas não basta.

Muitos dos que nos procuram vêm de muito, muito longe, até de longe de África. Já chegaram à Europa chineses em contentores, indianos morreram em trens de aterragem de aviões e o Mediterrâneo também é túmulo de muitos bangladechianos.

Que fazer?

Lembremo-nos da onda de emigração portuguesa para França, nos anos 60, e depois, para a Alemanha, e atualmente para todo o mundo na procura de explicações das debandadas e dos acolhimento e integração.

As saídas são facilmente explicáveis. As de cá, as africanas e todas as de todos os povos pobres: luta pela sobrevivência ou na busca de melhores condições de vida.

Já a absorção de emigrantes é um universo extremamente complexo.

Se nos ativermos à integração francesa, terá muito a ver com a necessidade, naquela época de crescimento económico, com as carências de mão-de-obra, especialmente de pessoal não qualificado, Ajustaram-se dois ambientes com interesses complementares. O mesmo terá ocorrido na Alemanha.



Desde então, as coisas mudaram. Muito.

Nos dias de hoje são evidentes dois universos emigrantes. 

Portugal exporta agora quadros, gente saída das universidades e especialistas que aqui não encontram trabalho ou condições laborais e remuneratórias satisfatórias.

Isto por cá, que, apesar da muita miséria, estão acima do patamar de sobrevivência.

Muito diferente do que hoje impele pessoas da Ásia, da América Latina e de África para a União Europeia. Estas pessoas, frequentemente iletradas ou com escolaridade elementar, fogem da guerra e da morte à fome, procuram o pão e um pouco de esperança em melhores dias.

Mas a UE não tem capacidade ilimitada de acolher imigrantes. Já para não falar de mais antigos imigrantes que abusam da liberdade europeia para tentarem impor padrões mitológicos islâmicos e o seu rasto de crueldade contra civilizacional. Em particular contra as mulheres.

Afinal, fazer o quê?

Nem a União Europeia tem uma varinha de condão nem meios para receber todos os que nos procuram.

Uma parte do  esforço terá de ser desenvolvido pelos governos dos países de origem dos desesperados que atravessam o mare nostrum. Mas com os seus elevados níveis de corrupção, dali pouco se pode esperar.

Veja-se o maior exportador de petróleo de África, a Nigéria, de onde também chegam cidadãos que morrem à vista de Lampedusa.

Este país nem um exército conseguiu erigir para combater a crueldade de fundamentalistas muçulmanos. Ditos muçulmanos... Dominado por corruptos, é incapaz de canalizar os vastos recursos do ouro negro em benefício do seu povo.

Então, cruzamos os braços?

Estão cruzados há muito!

Na Nigéria e em tantos outros países roubam-se despudoradamente as ajudas externas. Com uma indiferença criminosa pelo sofrimento dos seus povos. 

E com o olhar igualmente indiferente da comunidade internacional (EUA, ONU e meia dúzia de Estados) que não constitui uma força anticorrupção nem atribui ao TPI a missão de julgar corruptos em funções institucionais. Ai Eduardo dos Santos...

Face a este desolador quadro, e enquanto o mundo civilizado não investir decididamente na Ética nas relações internacionais, pouca esperança há em soluções contra a perda de vidas no Mediterrâneo.

Não resolvendo questões vitais, a justa partilha da riqueza, o desenvolvimento, a escolarização, a derrota das oligarquias cleptocráticas, a Europa faz reuniões e faz de conta que age.

Restam declarações de lagriminha de crocodilo nas televisões e ONGs a bradar, marinhas a patrulhar e aviões a devolver multidões à origem.

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