O Alentejo é pródigo em catar particularidades individuais e sintetizá-las
em alcunhas.
Pécurto
e Zé do pico, Barriguinha
e Cabeçana ou Chorão
e Poucochinho
são hoje apelidos certificados pelas conservatórias.
Ombreiam com Pimpão
e Lambuzana, e não
ficam atrás de Janota e Sabido, Arcadinho
e Tirapicos.
Esta é uma
pequena amostra de alcunhas que, por obra e graça de sacristães e escrivães rigorosos
ou vingativos, rudes ou apressados, foram institucionalizadas em nomes
familiares com direito a bom nome e certidão.
Algumas destas
palavras são de uso comum na linguagem do dia-a-dia e não teriam honras de
cartório se beliscassem a moral e os bons costumes. Ou seja, são simplesmente descritivas,
jamais rondando a grosseria ou o impropério.
É
por isso que nem todas as alcunhas subiram na vida, nunca sequer se aproximando
dos balcões do registo civil.
E
compreende-se, pois a sociedade aceita que a má-língua dê lugar a reluzentes linhagens
e até tolera que a picardia crie sobrenomes exóticos.
Mas há um
limite, os portugueses não pisam o risco, não dão vestes de honorabilidade a obscenidades,
isso seria um ai meu deus.
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