segunda-feira, 26 de maio de 2014

Duas vitórias que derrotam Portugal


Carimbo eleitoral para o Parlamento Europeu *
 
 
Vitória da abstenção
 
Tivesse Portugal políticos com envergadura de Estadistas e sentiriam um friozinho na espinha ao verem tão elevada abstenção. Mas não, não os tem. Os quase 70% de indiferença eleitoral não os incomoda, alerta ou constrange!
 
Esta enorme vitória abstencionista tem apenas um significado. Um único: a gigantesca descrença dos portugueses na classe política, do Cavaco à Assunção Esteves, do Passos & Relvas ao Portas e a tantos outros mentirosos da estirpe destes "governantes".
 
Vivemos um tempo que tanto enche os estádios de futebol como esvazia as assembleias de voto. A prova são os contundentes 33,90% de eleitores** que se deram ao trabalho de votar ontem. Este terço não passa, portanto, de um cheque careca.
 
Só os interesseiros candidatos a deputados europeus não assumem este descalabro democrático, a ilegitimidade dos seus mandatos.
 
Pela simples razão de estarem mais interessados nas chorudas mordomias parlamentares europeias do que na defesa dos legítimos interesses dos seus concidadãos.
 
E o cidadão comum só vê na campanha o interesse dos candidatos em que lhes carimbemos o passaporte para Estrasburgo.


Vitória dos 21


E os 21 eleitos esfregam as mãos. 21. Abraçam-se uns aos outros e aos compadres, uns telefonam aos pais e outros às agências de viagens. Pensam na vida regalada, nos voos semanais, no pé-de-meia com que vão acabar esta jornada que começou com o chutar para canto em toda a campanha.

O que disseram e o que deveriam ter dito, a retórica pela retórica, o permanente fora de jogo europeu para encher antena e os habituais autodesmentidos do Passos converteram a campanha numa generalizada ficção.

E uma parte paradoxal desta eleição é que 21 políticos nos deixarão em paz, deles não ouviremos uma palavra nos próximos 5 anos.

Estejamos atento às exceções, aos que se batem por Portugal, aos que não se enfeudam aos grandes países nem aos negócios dos grandes grupos.


Derrota de Portugal

E são estas duas vitórias que empurram Portugal, um pouco mais, para o poço sem fundo que é a ausência de dignidade na política e a confrangedora desesperança nacional nos seus representantes.




* Dizeres a lembrar o MRPP do Durão nos passados anos 70.
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A 0,47% do apuramento total [http://www.europeias2014.mai.gov.pt/].

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Declaração de interesses: Votei.

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