quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Fazer dos deputados pessoas

 

Apesar do artigo 13º da Constituição da República Portuguesa proclamar a igualdade entre os Cidadão, mais à frente, o artigo 157º desdi-lo. E faz dos deputados baronetes medievais. Recupera o padrão da aristocracia, mas com vestes parlamentares oligárquicas.

De facto, atribui aos deputados privilégios – não são direitos, apenas abusos corporativos – tais como
1. Os Deputados não respondem civil, criminal ou disciplinarmente pelos votos e opiniões que emitirem no exercício das suas funções.

2. Os Deputados não podem ser ouvidos como declarantes nem como arguidos sem autorização da Assembleia…

3. Nenhum Deputado pode ser detido ou preso sem autorização da Assembleia, salvo por crime doloso…

4. Movido procedimento criminal contra algum Deputado, e acusado este definitivamente, a Assembleia decidirá se o Deputado deve ou não ser suspenso para efeito de seguimento do processo…

 
a) Adiamento do serviço militar, do serviço cívico ou da mobilização civil [Artº 158º]

O que lhes permite caluniar, defraudar e cometer crimes sem risco imediato de serem apanhados nas malhas da lei!!! Além de não defenderem a Pátria quando a Pátria está em perigo.

A caricatura de Estado de Direito é tal que já tivemos casos em que a AR pergunta ao deputado alvo do dedo judiciário se quer ou não ir a tribunal. Ou seja, pergunta-se ao rato se quer continuar a ratar…

Tudo isto tem de ser revogado. Os representantes do povo não podem ter imunidades – comadres corporativas das impunidades – recusados ao próprio povo.

A revisão da constituição impõe-se, por isso, não para dar cobertura a interesses de que o Passos e o Relvas, o Portas e o Cavaco subtilmente representam, mas para nivelar os deputados com os Cidadãos

E uma classe política que, à míngua de dignidade, invoca o direito comparado para se impor aos concidadãos, bem pode inspirar-se na lei italiana de 2005 que expulsa do parlamento os políticos condenados a prisão.

Quando aqueles privilégios foram expurgados da Constituição, os portugueses verão a Assembleia da República com outros olhos, ao contrário da descrença total de hoje!

Pode demorar, mas a igualdade terá de ser, um dia, a trave-mestra do Estado que orgulha os portugueses e não a fingida mascarada que os envergonha e amesquinha.

Nesse dia, a Assunção Esteves, a poucachinha carreirista que quer castigar quem usa a casa dos representantes para lhes resistir, estará a escrever as suas memórias. Enquanto nós, exultaremos com a sua saída de cena, banindo-a das nossas memórias.
 
!!!!!
 

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