terça-feira, 15 de junho de 2010

De homem do leme a alma penada

Cavaco fabricou fama de determinado enquanto Primeiro-Ministro e fez-se líder sobranceiro. Manteve a bajuladora corte de rédea curta enquanto os assessores de comunicação teciam uma máscara de austeridade e tabus, cristandade e rigor (palavra que ele repetiu, repetiu, repetiu).

Os anos passaram e a camuflagem esboroou-se.

As acções da Sociedade Lusa de Negócios, a que estava ligado o seu grande amigo Dias Loureiro, fizeram mossa no rigor. A propalada austeridade foi carcomida pelo apetite por aviões novos para as suas deslocações. E a liderança diluiu-se na cooperação estratégica com Sócrates. Tão cooperativo tem sido que faz de conta que não nota o profundo descrédito em que caiu o ainda PM, chamuscado em fumos, fumarolas e labaredas.

Entretanto, pulverizou a imagem cristã com a promulgação da lei do casamento homossexual, que a assanhada igreja católica considera "pirueta da triste figura" dada a infantilidade dos argumentos com que a justificou.

Pomposa figura de corpo presente em Belém, sem projecto para Portugal, nem leme nem corte, resigna-se a dissertar que já avisou, incapaz de tomar decisões que o coloquem na galeria de Homens de Estado.

Limita-se a oratória caça votos, na ânsia de renovar a estadia palaciana, seu último e mal disfarçado tabu.
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Sem Presidente à altura dos “nossos maiores”, sobra a anacrónica fórmula com que sua excelência o senhor professor doutor adora ser lisonjeado.

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