quinta-feira, 19 de junho de 2014

Uma mulher de mão-cheia XX


XX
Mão-cheia


 

Trata melgas à lambada,
os confrades enfeitiça,
do Alentejo arribada,
virou gaiense postiça.


Onde chega deixa marca:
o seu jeito galhofeiro
põe essência de cilarca
em bitaites de tripeiro.


Por afagos deslumbrada,
quis brindar amigalhaços:
coentros sem vinagrada,
amêijoas em vez de abraços.


Aziaga cozinheira,
vazou todo por inteiro
na puta da frigideira
o caralho do saleiro.


Pôr amigos em salmoura,
com desculpa de mão-cheia;
é mezinha duradoura:
deitar culpa a mão alheia.


 
 

Manuel A. Madeira
16 de Abril de 2014

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