terça-feira, 14 de abril de 2009

Ontem apanhei um susto

Foi na apresentação de um livro, uma compilação de textos panfletários em louvor da monarquia. Que começou com uma encenação grotesca: no pequeno auditório da FNAC do Chiado havia duas cadeiras à frente das restantes. Inicialmente pensei que fosse má arrumação acidental, mas não! Era a peanha para o príncipe encantado, o pio Pio. Lembrei-me das brincadeiras de infância e das brigas pela primazia: Agora o médico sou eu! Entretanto a SIC foi entrevistando algumas das figuras presentes e ainda ouvi, por uma pontinha do tímpano, uma referência à comparação entre países. Não me dei conta se falaram da riqueza demencial da D. Elizabeth britânica e da caterva de inúteis que a cerca ou do iate do senhor Juan, aqui o nosso vizinho. Nem sequer me apercebi se falaram da divindade de algum cu "real" ou da legitimidade dos presidentes que vão a votos. Enquanto os autores e apresentadores não chegaram fui saltando de folha em folha: frágeis, mesmo descontando o tema. Mas isso não me mete medo, tenho muitos livros de que não passei das primeiras páginas e já criei resistência a títulos enganosos. O que me assustou foi o Paulo Teixeira Pinto. Tétrico. A lembrar os carões dos personagens do filme O nome da rosa. Não ri nem sorri, nem sequer um esgar! E o pescoço roda como parafuso em porca ferrugenta, tipo periscópio de visão nocturna em piloto automático. Disse meia dúzia de palavras num tom emproado do alto de um fato e gravata pretos a condizer com a sua postura. Um Salazar requentado. Ainda assim assustador. Com gente desta a República pode dormir descansada. ----

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