Daniel Sampaio, Público, 19 de Março de 2009
Contra a escola-armazém: Se os pais têm maus horários, não deveriam reivindicar melhores condições de trabalho, que passassem, por exemplo, pelo encurtamento da hora do almoço, de modo a poderem chegar mais cedo, a tempo de estar com os filhos? Não deveria ser esse um projecto de luta das associações de pais?
Em que planeta vive Daniel Sampaio? Isto nem é idealismo, nem utopia, é simples fantasia. Se eu fosse cínico, diria que escreve estas coisas para vender artigos no "Público" e fazer cama para os seus livros. Mas não acredito que o escreva por interesse, é mero delírio. Todavia, a sua fantasia não leva a nada, como fantasia que é: é irrealista, portanto inexequível.
Os pessoal da Autoeuropa pede outros horários e logo a Administração em peso vem da Alemanha de braços abertos, deviam ter-se lembrado disso mais cedo! Os turnos, as oscilações da procura, isso é irrelevante... As empregadas das milhentas fábricas de têxteis e de sapatos, os milhares de empregados e empregadas dos supermercados e centros comerciais, os incontáveis trabalhadores e trabalhadoras da apanha do morango, das couves e de laranja, os bate-chapa que há em cada canto de Portugal, etc, etc, pegam numa petição e pronto, as condições de trabalho aparecem milagrosamente... Obrigadinho Daniel!
A sociedade é o que é e à Escola e aos Professores fica muito bem ajudar os Pais. E o alargamento dos horários é bom para eles e para a sociedade.
Mais Sampaio: Aos professores, depois de um ano de grande desgaste emocional, conviria que não aceitassem mais esta "proletarização" do seu desempenho...
Oh Sampaio, Professor é proletário, ponto. Invocar o reforço da sua intervenção como "proletarização" é tão como pouco razoável como impróprio de um psi: incentiva-lhes o imobilismo profissional. Mais, é acicate à guerrilha, a raiar o do sindicalismo do PC em que os Professores se deixaram enredar.
O que transcrevo de Daniel Sampaio não ajuda nada nem ninguém. Não aponta oportunidades de inovação, não abre portas a uma Escola melhor, nem sequer a longo prazo. Pelo contrário, as suas fantasias criam miragem, alimentam expectativas que se vão gorar, gerando portanto frustração nos Pais e nos Professores.
Se o que tens para dizer não é mais importante do que o silêncio, então cala-te.
Disse um grego sábio, sabedoria que por cá faz muita falta.
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