domingo, 15 de novembro de 2009

Vaidades tropicais

Pedacinhos do 1808, de Laurentino Gomes, sobre o Brasil de D. João VI.

Os mais ricos e poderosos tinham as maiores comitivas e faziam questão de exibi-las como símbolo da sua importância social.

Até as meretrizes de primeira classe exibiam orgulhosas as suas escoltas pelas ruas. Quem não dispunha de criados particulares, alugava-os para as funções dos dias santos ou missas. É um ponto de honra apresentarem-se com um numeroso séquito. Caminham solenes, a passos medidos, pelas ruas.

Logo cedo o dono da casa prepara-se para ir à igreja e marcha, quase sem excepção, na seguinte ordem: primeiro o senhor, com o seu chapéu alto, calças brancas, jaqueta de linho azul, sapatos de fivelas e uma bengala dourada. Em seguida, vem a dona da casa, em musselina branca, com jóias, um grande leque branco na mão, meias e sapatos brancos; flores ornamentam os seus cabelos escuros.

Em seguida vêm os filhos e filhas, depois as mulatas favoritas da senhora, duas ou três, com meias e sapatos brancos; o próximo é o mordomo negro, com chapéu alto, calças e fivelas; por fim negros dos dois sexos, com sapatos, mas sem meias, e vários sem um nem outro.

Dois ou três garotos negros, mal cobertos por alguma roupa, fecham a fila.

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