terça-feira, 27 de setembro de 2011

Uma história com beliche


Rawnsley Park

Depois da subida ao morro de onde se avistam os Flinders Ranges, do jantar num refeitório com higiene e mesas redondas, a dormida foi desconfortável.



Expulso de uma camarata pretensamente reservada a mulheres, fui para outra igualmente com mulheres.

E foi nesta correnteza de cinco casas de chapa que fui remetido para o segundo andar de um beliche.


Com pouco espaço para os sacos e mochilas, a subida para a cama não era fácil, até por os degraus magoarem os pés necessariamente descalços!

Sem experiência belicheira deste nível, o maior desconforto foi o não ter uma proteção, uma aba lateral que me impedisse de rebolar até a um trambolhão.

A opção óbvia foi dormir encostado à parede, acordando várias vezes para garantir esta segurança.

A meio da noite, a necessidade de verter águas impôs-se e ponderei a descida pela escadaria oficial, mas exigia tanta manobra que preferi descer a pique. Sentei-me, pus os pés para baixo e com as mãos na estrutura deixei-me escorregar. Não liguei o frontal para não acordar os outros belichistas e calculando mal a distância ao chão o embate dos pés foi barulhento.

Ouvi uma vizinha, acordada com o ruido, dizer, assarapantada:
 
Quem é que caiu!?

Mas não tinha caído, apenas acabava de juntar mais uma peça a esta narrativa.



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