Luto carregado
Ontem à noite, no rescaldo do ato eleitoral, cinco tiros expuseram a gangrena político-militar vigente na Guiné-Bissau.
Vários assassinos com fardas militares, em data e hora escolhidas a dedo, aniquilaram o futuro desta terra ao matar um dos seus. Os cinco estrondos abafaram as palavras de políticos e militares que peroram inconsequentemente sobre estabilidade sempre que têm um microfone a jeito. Palavras ocas, nada mais que palavras.
Não se conhecendo ainda qual o PR eleito, já se sabe o quão frágil será o seu mandato. A não ser que tenha uma coragem hercúlea e seja capaz de mobilizar vontades fortes e estabelecer alianças decisivas.
Entretanto, há dias, um C 130 nosso tinha levado material sem o qual as eleições não se teriam realizado.
Mas já é tempo de estancar o desperdício de recursos portugueses dados de mão beijada àquele território, pois acabam por ter um efeito perverso.
Os políticos guineenses acomodaram-se há muito às maiores tropelias dos seus militares e à pedincha a Portugal e a outros amigos. Quando, para salvar as aparências, fazem eleições, lá estão os nossos meios a caminho de Bissau: técnicos, computadores e sabe-se lá que mais e a que custo.
Os chefes de insubmissão militar aos órgãos de soberania, que comandam sucessivos assassínios de políticos, generais e oficias de patentes diversas, têm de ser isolados e neutralizados. Terão de sentir que só há ajudas à Guiné-Bissau depois de extirpado o cancro que provocam.
Até lá Portugal pouco pode fazer pelos amigos guineenses, a não ser com sinais fortes que penalizem tais assassinos: suspensão de voos TAP, interrupção de quaisquer empréstimos e doações financeiras e retirada do embaixador, deixando no terreno o SIED e pouco mais.
Haja uma concertação com outros países e os mandantes impunes de tantos crimes talvez percebam que é tempo parar o estrangulamento da Guiné Bissau.
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