segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Isabel do Carmo só vê mulher que 'estava em casa'



Antigamente... a mulher estava em casa. Isto é dito por Isabel do Carmo num contexto do mundo do trabalho, na 'Pública' de hoje.

Que mulheres "estavam em casa"!?

No antigamente de Isabel do Carmo havia uma minoria de mulheres "domésticas", no campo e na cidade. Eram as mulheres, aliás, as esposas dos médios e grandes agricultores, dos médios e grandes funcionários das finanças e das contabilidades da CUF e dos juízes, médicos e arquitectos. As dos ricos também. Uma minoria, feitas as contas.

A grande maioria trabalhava na monda, na ceifa e na apanha da azeitona de sol a sol. O grão-de-bico apanhava-o de madrugada. Também plantava e colhia batatas nos lameiros, levava o gado ao pasto, ordenhava-o e fazia queijos.

Nas cidades, trabalhava nas fábricas de Braço de Prata, nas cozinhas dos restaurantes e nas das tascas e casas de pasto por tuta-e-meia. Faziam "horas" nas que "estavam em casa" e também se entretinham nas fábricas de lanifícios, nas fábricas de calçado, nas rouparias e na limpeza dos hotéis e também as havia que limpavam os locais de trabalho dos maridos das que "estavam em casa".

Sem esquecer as costureiras, modistas e forneiras, contínuas, logistas e taberneiras, enfermeiras, padeiras e engomadeiras, outra raça de mulheres que "estava em casa".

Suspeito que a afirmação foi da elitista endocrinologista Isabel do Carmo. A ex-chefe do PRP* com o mesmo nome certamente não o diria, pois andou a pôr bombas para destruir a exploração da mulher que não "estava em casa"! Pelo menos era o que dizia...
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* PRP - Partido Revolucionário do Proletariado

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