quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O papa, Fidel e as múmias

 

O Papa católico resignou e ouviu rasgados elogios ao seu gesto. Lúcido e corajoso, visionário e criador de precedente histórico.

Entretanto, há cerca de um mês, Fidel Castro foi exibido fotograficamente para anunciar ao mundo que ainda não morreu. Apesar de a imagem publicada mostrar uma figura muito debilitada, extremamente degradada… Um expressivo retrato da ditadura que atormenta os cubanos.
 
 

E na Coreia do Norte, os ditadores da dinastia “comunista” mandante são incensados como o são as estátuas nas igrejas católicas. O avô e o pai do atual ditador em funções em Pionguiangue, foram venerados como deuses pela propaganda oficial. E ao finarem-se o espetáculo assumiu proporções de museu de cera.

Todavia, Ratzinger, com dois dedos de testa, fez mais pela sua mitologia, demitindo-se, do que em todos os seus textos, voos intercontinentais e discursos na praça pública.

Ideólogo sabido, percebeu que as dores ao subir escadas e a tortura das viagens de avião, eram uma má campanha nesta era de constante tempo de antena.

Nos dias de hoje, em que o parecer se sobrepõe ao ser, nem o mais pérfido marketing disfarçaria por muito mais a incapacidade física do Nº 1 do aparelho católico.

Ora a imagem de vitalidade que o mundo da comunicação de massas impôs a políticos e novos-ricos, a presidentes de SADs e às mamas das atrizes era incompatível com a fragilidade de Ratzinger.


A sua resignação é, pois, um fruto maduro de reflexão inteligente. Mas é, acima de tudo, a consciência de que, daqui para a frente, muitos agiriam em seu nome, mas sem o seu consentimento.

Por outras palavras, no vespeiro que é o Vaticano, a sua assinatura iria legitimar ações, medidas e decisões a que seria alheio. Incapaz de controlar os interesses representados na Curia Romana – o governo da rede mundial católica – seria atraiçoado. Em nome de deus!

 
Tivessem os manos Castro e os Kim norte coreanos e Eduardo dos Santos e Hugo Chavez e Mugabe, a mesma lucidez e não se perpetuariam como múmias vivas que um dia a História enterrará sem honra nem fanfarra.

 !!!
 

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