O Papa católico resignou e ouviu rasgados elogios ao seu
gesto. Lúcido e corajoso, visionário e criador de precedente histórico.
Entretanto, há
cerca de um mês, Fidel Castro foi exibido fotograficamente para anunciar ao
mundo que ainda não morreu. Apesar de a imagem publicada mostrar uma figura muito
debilitada, extremamente degradada… Um expressivo retrato da ditadura que
atormenta os cubanos.
E na Coreia do Norte, os ditadores da dinastia “comunista” mandante
são incensados como o são as estátuas nas igrejas católicas. O avô e o pai do
atual ditador em funções em Pionguiangue,
foram venerados como deuses pela propaganda oficial. E ao finarem-se o espetáculo
assumiu proporções de museu de cera.
Todavia,
Ratzinger, com dois dedos de
testa, fez mais pela sua mitologia, demitindo-se, do que em todos os seus
textos, voos intercontinentais e discursos na praça pública.
Ideólogo sabido, percebeu que as dores ao subir escadas e a
tortura das viagens de avião, eram uma má campanha nesta era de constante tempo
de antena.
Nos dias de hoje, em que o parecer se sobrepõe ao ser, nem o
mais pérfido marketing disfarçaria
por muito mais a incapacidade física do Nº 1 do aparelho católico.
Ora a imagem de vitalidade que o mundo da comunicação de
massas impôs a políticos e novos-ricos, a presidentes de SADs e às mamas das atrizes
era incompatível com a fragilidade de Ratzinger.
A sua resignação é, pois, um fruto maduro de reflexão
inteligente. Mas é, acima de tudo, a consciência de que, daqui para a frente, muitos
agiriam em seu nome, mas sem o seu consentimento.
Por outras palavras, no vespeiro que é o Vaticano, a sua
assinatura iria legitimar ações, medidas e decisões a que seria alheio. Incapaz
de controlar os interesses representados na Curia Romana – o governo da rede
mundial católica – seria atraiçoado. Em nome de deus!
Tivessem os manos Castro e os Kim norte coreanos e Eduardo
dos Santos e Hugo Chavez e Mugabe, a mesma lucidez e não se perpetuariam como múmias vivas que um dia a História enterrará
sem honra nem fanfarra.
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