Gare du Nord
18 de
Setembro de 2012
Os quatro amigos, para desmoer a jantarada com vinho sem sulfitos,
foram à Gare du Nord, à noite, comprar os bilhetes para o dia seguinte.
Na ampla gare deserta seguiam tabuleta a tabuleta RER Billets em busca das máquinas automáticas
quando um tipo alto de aspeto argelino perguntou se queríamos bilhetes, apontou-nos
as máquinas e seguiu caminho.
Quase lá, aparece outro tipo de tipologia argelina, mais
baixo, mais franzino, que pergunta se vamos aos bilhetes para o Charles de
Gaulle. Que sim e num instante já ele está a teclar a nossa máquina.
A dita não aceita o nosso cartão de crédito – alerta
subliminar!!! – e oferece-se para pagar com o seu próprio
cartão. Num piscar de olhos pagamos-lhe em notas, recebemos o troco e vemo-nos
com quatro bilhetes na mão.
Virados e revirados, mirados e remirados, nem a tarifa Carnet
tarif réduit nos alertou para a golpada! Carnet de 4 bilhetes!? Tarifa reduzida para adultos!? A verdade é
que nem demos por esta informação: tê-la-emos lido e relido, mas os sensores não passaram do tremelicar amarelo.
O regresso ao apartamento fez-se entre a
"amabilidade" do "senhor" e o porquê de tamanha
"solicitude".
Gare du Nord
19 de
Setembro de 2012
Com a bagagem a reboque, chegados à Gare du Nord, à cautela,
pedimos parecer a um segurança. Despachou-nos sem se dignar uma simples
olhadela aos bilhetes. Se saiu da máquina são válidos, foi a sentença.
Transpusemos o torniquete de acesso à RER B sem mais empecilho
que os olhares entre nós como que a dizerem falso alarme, argelino bom.
Gare RER Charles de Gaule 2
19 de
Setembro de 2012
E foi bom até sermos travados pelo torniquete de saída da
gare do aeroporto.
As duas senhoras passaram, mas ficaram sob alçada de uma
agente SNCF de chapelito vermelho, nariz arrebitado e com vontade de lhes sacar
30 eurecos de multa.
Os homens, ao vermos rejeitada a sua saída, pegámos nos
bilhetes e dirigimo-nos a um fiscal de porte atlético e cara de poucos amigos.
Entrementes, um apressado gringo cabelo cor de cenoura terá sido apanhado sem
bilhete e logo apresentou a nota de 50 para entrar no aeroporto.
Pela nossa parte, explicámos ao Monsieur SNCF a "intermediação"
argelina e recebemos um firme
– Foram vigarizados. Em francês
soaria melhor, mas varreu-se-me o palavrão, qualquer coisa como escroqués.
Convencido, passou-nos para o outro lado e disse à colega de
chapelito que o fizera por termos sido burlados. Ela hesitou um
instante, parecendo não abdicar dos 30 vezes 2, mas o bom senso imperou,
retomando nós 4 o império da liberdade circulatória.
Contabilisticamente, a burla ficou-nos a custo zero, pois o
vigarista argelino "cobrara-nos" exatamente o valor dos bilhetes,
9,25 por cabeça. A RATP é que ficou a perder. Que se mexa, ela e a polícia, que
têm muito que remexer!
E os burlões – em equipa, associação de malfeitores dirá um
qualquer código napoleónico – fizeram a sua noite! Uns trocos, é certo, uma
infinitésima partícula do "negócio" golpista da escumalha duma Paris que finge dar caça a vígaros
impunes.
Destes estamos falados; voltaremos com o golpe do anel e das
assinaturas das ciganas romenas.
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