Vai por aí um burburinho com a vinda, hoje, da chanceler alemã a
Lisboa…
É a crise e a dívida, são os juros e o memorando, é o FMI e
a Tróica, tudo atirado a Angela Merkl.
Manifestações e protestos, media e facebook têm sido
pródigos em cartazes e cartoons. Umas vezes com ironia e outras tantas com duas
pedras na mão.
Tudo isso é legítimo e natural num país livre, mas mostra o quão conjuntural é a memória coletiva portuguesa.
A verdade é que nem uma palavra se ouviu ou leu sobre José Sócrates, o
aventureiro irresponsável que nos empurrou precipício abaixo! Nem um cartaz, nem uma caricatura, nem sequer lhe foram dirigidas palavras de ordem.
O facto doloroso é que foi o seu governo que elevou a dívida soberana até os indicadores
ecoarem o mais vermelho dos avisos e os gráficos clamarem desesperadamente por
um travão. Sem ninguém o travar – por onde andava Cavaco? – a obstinada
cegueira de Sócrates foi a causa remota dos voos governamentais de hoje de
Berlim – Lisboa – Berlim
Paradoxalmente, agora, ninguém lembra a irresponsabilidade do então
PM! Foi ele e não Angela Merkl que nos atolou em dívidas incomportáveis e é dele
que tantos agora se esquecem de pôr nos cartazes.
Tivesse Sócrates sido um político ponderado, um Homem de
Estado, e hoje teríamos subsídios de férias e de natal. Teríamos apertos, sim,
mas alguma esperança restaria. A ele se deve o descalabro a que
chegámos, sendo pois o tecelão do tapete preto por onde passou Passos a caminho do colo alemão.
Retome Portugal a soberania ética e também ele, um dia, daqui a um ano ou daqui a uma
década, será julgado pelas tropelias financeiras com que atormentou Portugal.
Quanto a Angela Merkl, que o almoço português lhe tenha feito muito bom proveito.
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