Jorraram rios de tinta a propósito do registo vídeo dos apedrejadores da PSP no passado dia 14.
E continua a palavrosa torrente de acusações, opiniões e
indignações e até uma demissão televisiva, qual cereja, veio encimar a viciada
polémica.
Ora não é preciso ser perito em ordem pública nem douto
jurisconsulto para saber que o medo guarda a vinha, ou, por outras palavras, a
impunidade açula os apedrejadores.
Saibam os vândalos que pagarão os seus crimes
e serão mais contidos, limitando-se a verbalizar os protestos.
E não vale fazer paralelos com a polícia de choque do capitão
Maltez ou atribuir às intervenções policiais caráter salazarista. Isto apesar
dos condenáveis excessos da PSP nesse mesmo dia, com paisanos encapuçados a
agredir Cidadãos comuns.
Somos um país livre com absoluta liberdade de manifestação.
Com limites, evidentemente. E dentre eles o de não apedrejar a polícia nem
destruir património coletivo.
Lamentável é que a Comissão Nacional de Proteção de Dados ignore
sobranceiramente o que a sociologia dos grandes grupos há muito catalogou. O
grupo faz do fraco valentão e dos tímidos atrevidos, o que torna os
ajuntamentos em potenciais focos de violência.
Não basta à CNPD ter os mais insignes juristas, querer
proteger os Cidadãos das investidas contra constitucionais e ponderar os seus
pareceres à luz da desejável harmonia social. Não chega.
Tem de abrir os olhos e olhar à volta, ler jornais e ver telejornais,
saber o que dizem os promotores de manifestações e estar atenta às entrelinhas
do facebook.
Os recentes movimentos sociais sobre o orçamento e sobre a
tróica, sobre a indignidade de membros do governo e sobre o próprio PR têm sido
pródigos em indícios probabilísticos do comportamento de certos grupos de manifestantes.
Portugal tem um histórico de manifestações enfeitadas com
petardos e de manifestantes a querer travar apedrejadores e esta antagónica
intervenção pública não pode ser ignorada pela CNPD.
O espetáculo mediático de arremessos e ricochetes entre PSP,
RTP, CNPD e MAI não passa de jogos florais com armas artesanais. Até o "árbitro"
– o pretenso regulador da comunicação social – quer meter o seu golito.
Todavia, o desperdício de tinta e de energias, esse enfadonho balão
cheio de queixas e temores, pode facilmente esvaziar-se.
Se a vinha tem de ser defendida, e tem, defenda-se então sem
rodriguinhos nem imagens recolhidas à socapa. Ganham os cidadãos pacíficos,
manifestantes ou não, e poupa-se a sociedade a tricas próprias de telenovelas.
Basta ao MAI escarrapachar num discreto artigo de um singelo
decreto que as polícias podem registar imagens de atividades públicas passíveis
de ilícitos criminais ou contravencionais.
A CNPD mete a viola no saco e a PSP mete quem tem de meter nas
malhas dos tribunais.
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