Berardo chantageou o governo de então, promovendo a ideia de que levar a sua coleção para o estrangeiro seria uma grande perda para o país. E fez uma negociata leonina com Sócrates, que o aboletou no CCB.
Mas o que foi propagandeado como generosidade de um amante da arte, não passa de espertice de agiota. Implica, além da cedência das instalações, entradas regulares de dinheiro do Estado (que incluí o dos portugueses com fome).
O novo-rico fomentou agora um reboliço ao dizer que não tem fundos para ordenados dos funcionários e que a Fundação CCB tem um saco azul lá fora. O departamento da cultura desmente-o, apontando os investimentos em diversificadas aplicações financeiras.
Paralelamente, o Expresso publica os valores milionários atribuídos pela Christie's a peças ridículas.
Se há quem fique embevecido diante de uns traços de Miró sobre tela branca;
se há quem considere arte um infantil amontoado de pinceladas de Mitchell e
se um telefone antigo com uma lagosta em cima fascina alguém
isso não justifica que 600 000, 1 800 000 e 1 000 000 euros, respetivamente, sirvam de moeda negocial entre o Estado Português e Berardo.
Para completar a confusão, vai realizar-se uma nova avaliação, supostamente por entidade independente. Mais encargos, mais despesa inútil, quando a solução é muito simples. Encaixote Berardo as suas peças, leve-as lá para onde lhe derem mais lucro, mas deixe o dinheiro dos portugueses em paz.
E não vale a pena fingir-se de mecenas quem nem de muito longe chega aos calcanhares do grande Calouste Gulbenkian.
O CCB merece mais do que desperdício de tinta.
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