quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Decadência fadista



A campanha final para que o fado português fosse declarado património imaterial da humanidade pela UNESCO empolgou os negociantes do ramo. E agora nem nos deixam respirar; há faduchos em todas as ondas.
Até o senhor António Costa meteu férias de presidente da Câmara de Lisboa para ir à Indonésia arengar sobre este tristonho, miserabilista e bolorento cante.
Letras lamechas, choradinho de amores e desencantos, miséria, cornos e melancolia; em suma, o culto da decadência. Até a Joana come a papa tem uma mensagem mais otimista que a maioria dos fados.
A canção nacional, se a houver, será a balada, tão bem divulgada por José Afonso. E a alentejana Oh rama, oh que linda rama bem podia ser a nossa mais que tudo, pois não há grupo de amigos nem patriótica tertúlia bem bebida que não a entoe.
Claro que há desinteressados amantes do fado, boas vozes e letras escorreitas, mas têm pouco impacto. A exceção também vai para o estilo coimbrão e para o fado vadio, o autêntico, sem mácula comercial.

As loas ao amor e à raiva, os trinados burlescos e os gemidos etilizados são esgares marialvas. Mesmo que disfarçados com xailes pretos, versos desenxabidos e caras esborratas com três camadas de besunto.

Mas cultivar a infelicidade porquê, se os que a vivem querem desesperadamente libertar-se dessa peçonha!?
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