Teve ontem a segunda derrota em meses, desta vez pelas armas do eleito Alassane Ouattara, tropas da ONU, mísseis franceses e a bênção dos EUA.
Dizia há dias, aqui mesmo, que o sangue marfinense não era tão respeitado como o líbio, aos olhos daqueles países e instituição e estava enganado. Trabalhavam na sombra. Aparte isso, a guerra civil marfinense merece que lhe dediquemos alguns parágrafos.
O respeito pela vida de pessoas indefesas não é uma prioridade em qualquer guerra. E África tem a amarga experiência de muita crueldade infligida a algumas das suas figuras de proa.
Então numa guerra civil, as convenções, os limites e o sofrimento são ignobilmente desprezados, pelo que o facto de Gbagbo ter sido preso pode ser um bom sinal. Mesmo que o seu anunciado julgamento não seja limpo, a Costa do Marfim já marcou pontos. De facto, choveriam justificações se tivesse sido morto durante o assalto às suas posições militares.
O grande paradoxo é que teve a oportunidade de sair de cena pelo seu próprio pé. A África do Sul tinha um navio de guerra ali mesmo à mão, que o levaria para um país amigo de amigos caídos em desgraça. E foi insistentemente pressionado a passar o testemunho ao presidente eleito, mas preferiu o poder, agarrou-se ao estatuto, ao dinheiro, à fotografia na história.
Jogou forte, subiu a parada e perdeu.
Perdeu tudo e até pode perder a vida. Como a perderam milhares de marfinenses devido à sua ganância.
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